8 - Fear (editado)

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O vazio. Um espaço onde nada existe. Não possui luz, afeto ou alegria, assim como também não possui dor, sofrimento ou solidão. Um lugar onde o nada é tudo o que você tem, não há sensações ou qualquer coisa que não seja o limbo de existência. Felix vazia esforço para manter sua mente alí, no lugar na qual podia se manter dormente de emoções. O loiro nunca havia tido experiências de luto. Claro, ele perdeu alguns familiares distantes, no entanto sequer poderia ser comparado com a perda dos pilares de sua vida: os pais.

Sua dor era tanta, que precisou "desligar" sua emoções sem previsão de traze-las de volta, seu cérebro estava se encarregando de diminuir a agonia da perda. Felix estava no automático. Seu olhar apático se perdia na sujeira da camisa do homem forte diante de si, mas ele não estava realmente reparando em nada, apenas continuava parado esperando inutilmente ter sua vida de volta.

Talvez se não tivesse ficado tão animado em finalmente encontrar seu "amigo" durante a viagem e convencido seus pais de que era uma boa ideia quebrar o lockdown pelo garoto até então preso no hotel, ainda os teria consigo. Talvez as coisas estivessem melhor na Austrália, quem sabe era apenas um mal daquele país específico. Quem sabe ainda teria sua vida normal.

— Aqui, coma mais um pouco. — A voz de Changbin trouxe o loiro para a realidade.

Os dois estavam sentados na mesa da cozinha, finalmente saciando a fome que sentiam, um de frente para o outro e ainda sem jeito após a crise de choro do mais novo. Felix poderia se sentir mais envergonhado em demonstrar tamanha fragilidade em frente ao outro, isso caso estivesse em sã consciência. Tudo que restava era continuar alí e seguir até onde conseguisse.

O maior viu o prato agora novamente cheio de feijão e carne enlatada ser colocado delicadamente em sua frente, ou ao menos era como o outro tentava fazer mesmo que claramente não fosse de seu feitio tratar alguém com delicadeza. Entretanto, a forma machucada do mais alto despertava proteção em Changbin, que tentava deixar o Lee mais confortável e menos deprimido.

— Obrigado, Changbin. Vou tentar comer mais um pouquinho. — Agradeceu ainda apático. Seus olhos não mais mostravam a típica luz vivida de alegria de antes, nem mesmo parecia olhar algo de verdade através do olhos tão caídos quanto seus ombros magros.

Caíram em silêncio outra vez, algo que parecia muito comum entre os dois, pois acabava sempre voltando a eles em algum momento. Ainda era incômodo se olharem nos olhos, era estranho serem a companhia um do outro, e ainda mais anormal era a sensação de segurança na qual ambos possuíam na figura alheia.

— Você está melhor, Felix? — Ele perguntou sem olhar para ele, não querendo parecer preocupado com o outro, ainda que em seu íntimo já se importasse demais com o loirinho. — Precisa de algo? Eu posso dar um jeito...

A resposta não veio. Changbin encarou o garoto em sua frente, esperando ter os olhos dele ligados aos seus. Seu desejo secreto não foi concretizado pois o maior nem parecia lhe ouvir.

O Seo então estalou os dedos na frente do rosto alheio vendo o loiro despertar ao se assustar levemente:

— Garoto?

— Huh? O quê...? — Estava confuso, realmente sequer ouviu o que foi dito, transtornado pelas suas memórias. Finalmente mirou o olhar no rosto forte do menor, pela primeira vez reparando na marca de um corte na bochecha dele. —Desculpe, eu acabei não ouvindo.

Vermelho varreu as bochechas pálidas do loiro, um pouco envergonhado em ser alvo dos olhos intensos de Changbin. O maior limpou a garganta e baixou o olhar para a comida esperando não ganhar uma resposta grosseira.

World kinda dead - ChangLix  !Hiatos!  Em Edição!Onde histórias criam vida. Descubra agora