18. 𝚆𝚑𝚊𝚝'𝚜 𝚑𝚊𝚙𝚙𝚎𝚗𝚒𝚗𝚐?

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CAPÍTULO 18

.Mew

Eu havia passado praticamente o dia todo em meu quarto, o quanto eu pudesse evitar de ter que olhar para cara daquele homem o qual chamo de "pai", eu estava evitando.

Me pergunto por que eu o deixei simplesmente voltar? Ainda que eu tenha raiva dele, não consigo simplesmente virar as costas pra ele. Que inferno.

É errado dizer que eu preferia que ele tivesse morrido no lugar da minha mãe? Honestamente, me sinto péssimo por isso, mas é o que eu realmente queria, do fundo do meu coração.

Libero um suspiro pesado e me forço a sair da cama, ando pelos corredores e rumo até a biblioteca. Eu não sou o tipo que gosta de ler desenfreadamente, mas sou apaixonado por alguns autores /escritores específicos.

Passeio com meus dedos por cima dos livros, escolhendo um aleatoriamente "Perdão, Leonard Peacock"  li este livro quando era mais jovem, confesso que na época em que estava lendo, fui alvejado com inúmeros gatilhos contidos no mesmo, tal qual o fato do Leonard querer tirar a própria vida.

Durante os primeiros meses desde a morte da minha mãe, eu pensei muitas vezes nessa possibilidade, a possibilidade de cometer suicídio.

Eu estava me sentindo tão vazio naquela época, tão sozinho que nada parecia valer a pena, nem mesmo minha vida.

Porém, às coisas foram dando certo, tudo foi se encaixando e aquele desejo foi sumindo pouco a pouco.

Abro o livro numa página aleatória e a primeira frase me faz lembrar dele; Kanawut.

  "Houve dias em que Herr Silverman foi a única pessoa a me olhar nos olhos. A única pessoa durante todo o dia. É uma coisa simples, mas coisas simples importam."

Eu sequer lembro qual o contexto desta frase no livro e, muito provavelmente,  não tem nada a ver com o contexto que eu criei agora, ou talvez tenha. O Gulf têm sido a única pessoa a me olhar nos olhos e dizer coisas que muitos dos que me rodeiam jamais falariam diretamente para mim. Ele é completamente sem filtro e eu estou cada vez mais apaixonado por estes pequenos detalhes dele.

Então, com certeza não podemos comparar o meu sentimento, com o do Leonard. Afinal de contas, ele era apenas um adolescente perturbado que queria assassinar alguém pra depois tirar a própria vida.

— Com licença filho, posso entrar? — Ouço a voz do meu pai, ele está parado com a porta entreaberta me observando com esse olhar que eu conheço perfeitamente bem, ele vai me pedir algo.

— Entre.

— Está lendo este livro novamente? Lembro-me que você já leu ele alguns anos atrás — Ele aproximou-se dos livros na biblioteca e analisou cada um, lendo em silêncio os títulos.

— Me surpreende você lembrar disso — Respondi brevemente.

— Você pareceu perturbado durante o tempo em que estava lendo, não tem como não lembrar.

— O que você quer? — Perguntei

— Você sempre pensa tão mal de mim — Sua voz embargou um pouco e ele sentou-se numa poltrona de frente para mim, apoiando os dois braços nos joelhos  e entrelaçando suas duas mãos.

Quem Se Apaixona Primeiro?Onde histórias criam vida. Descubra agora