A carne estava tão dura que quase quebrei os dentes.
— Como conseguiram estragar carne de primeira? — Arthur questiona embravecido, quando praticamente entra em briga com a carne. Puxa metade com as duas mãos enquanto agarra com os dentes a outra, em uma vã tentativa de arrancar um pedaço. A visão é tão ridícula que os garotos da mesa ao lado começam a rir e a tirar fotos.
Não os julgo, pois não é todos os dias que vemos um homem das cavernas no refeitório e esse é o tipo de fato que merece ser registrado. Mas, ainda assim, é o Arthur sendo "registrado" então os encaro com um pedido de "pare" no olhar, eles me entregam um sorriso de lado, alguns lançam beijos, antes de acatarem.
— Para com isso Thur, está passando o ridículo. — Dani o repreende, seu rosto corado do que eu diria ser vergonha alheia, contudo o ar de divertimento que desprende de seus olhos indica outra coisa.
Abaixo ligeiramente a cabeça e percebo que ele filma o papelão que nosso amigo faz, assim como nossos vizinhos de mesa estavam fazendo. Dou um chute de leve para que pare, o que ele faz a contragosto.
— Que vergonha que nada, meu pai não paga uma quantidade exorbitante nessa droga de escola para que eu possa almoçar e eu desperdice comida.
As palavras saem engasgadas de sua boca, já que ele continua tentando puxar a carne, em dado momento em que ele a estica bastante, seus dedos escorregam e ela volta com tudo na cara dele.
Somente Arthur mesmo. O único ser humano capaz de entrar em uma briga com um boi reduzido a um corte de cinco centímetros e ainda perder.
— A quantidade que terá de pagar se seus dentes quebrarem será duas vezes maior, tenho certeza.
— O que não ocorreria se você fosse lá e demitisse as malditas cozinheiras.
— Arthur, eu já te expliquei, isso não está em poder de nenhum integrante do grêmio. Algo que você sabe bem, já que é o tesoureiro.
— Mas eu sei!
— Então, porque insiste?
— Pelo mesmo motivo em que insistirei em mastigar isso, sou persistente.
— E desde quando persistente virou sinônimo para idiota?
— Idiota? — ele pergunta ofendido, sua boca abre em um ozinho e ele põe a mão no peito em um gesto de incredulidade.
— Como dar murro em ponta de faca, exatamente como o idiota que eu vi no shopping que ficou puxando a porta quando estava claramente escrito empurre.
— E se esse idiota... — ele da ênfase na palavra fazendo aspas com os dedos. —... não souber ler?
— Se eu me recordo bem você aprendeu a ler com quatro anos, assim que não foi este o caso.
Seus olhos passeiam frenéticos pelo meu rosto, vejo mil e um argumentos passarem por sua cabeça até que seu rosto brilha quando escolhe um.
— Era um experimento social! E graças a isso eu tirei dez na aula de sociologia.
— Qual trabalho?
— Como você não se lembra, senhor memória fotogênica? Me ajudou a corrigir os erros gramaticais e ortográficos.
— Isso é vago, eu te ajudo em todos os teus trabalhos.
— O que dizer? Sou bom na língua, mas não de língua.
— Era para soar tão nojento e confuso quanto pareceu?
— Você me entendeu. — ele aponta com o garfo para mim, a boca ainda um pouco cheia quando volta a falar. — Foi no fim de semana posterior a essa ida no shopping, lembra?
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Como Odeio Amar Você
RomanceLivro para maiores de 18 anos. Tem ideia do que é odiar alguém? Desprezar tudo o que vem de alguma pessoa, sua fala, seu modo de agir, sua absoluta e completa existência. Para os fins e para os meios, Maksin Petrov odeia completamente Allysson Gonza...