— Os professores bem que podiam facilitar minha vida e parar de mudar meus horários.
— O sistema dessa escola é uma droga, não sei para onde vão todas as inversões que eles fazem com o dinheiro que nossos pais pagam.
— Comida, alojamento com água, luz, rede de televisão, telefone e internet para mais de quinhentos alunos não é algo necessariamente barato, e se você considerar o salário dos professores e funcionários, os eventos da escola, os gastos dos clubes, a manutenção geral dos prédios...
— Tá, tá entendi, existem diversos insumos, mas não pode refutar que eles precisam de mais logística nesse local, o diretor não tem estratégias financeiras para aplicar corretamente o montante que recebe, o que nos prejudica de várias formas.
— Não diminui o fato de que são demasiados os gastos.
— E ratifica o fato de que é necessária uma intervenção de alguém com as faculdades necessárias para gerir a situação, é a lei da oferta e da procura, se o diretor não consegue fazer seu trabalho corretamente, ele deve achar alguém que o faça ou o mandamos substituir.
— Você fala como se fosse simples, as capacidades necessárias...
— Argh! Chega, que inferno! — Dani nos interrompe. — São as putas sete e quinze da manhã, caralho! Eu tenho aula de matemática e vocês estão conseguindo me dar mais dor de cabeça do que ela. Se vão discutir por um assunto idiota, ao menos façam isso em uma língua que eu entenda!
— Mas se estamos falando português...
— E daí? Precisa ser de forma tão culta? Parece que eu tô andando ao lado de dois velhos... ou melhor, nem os velhos falam assim, parece que eu tô é caminhando com duas redações do ENEM ambulantes.
— Só porque cê não é culto eu tenho que parecer um idiota discutindo?
— Exatamente! Agora vamos lá sabichão, se chegarmos atrasados, o senhor Mendel corta nossos pescoços. — Dani diz, guiando Arthur para a sala mais ao fundo do corredor, ele acena para mim antes de voltar a trocar farpas com nosso amigo.
Ainda acompanhando o teatrinho dos dois com os olhos, entro na sala de aula da senhora Prince, a professora de inglês, e me deparo com uma cena que esfria meu humor.
Parecendo desesperado, ao mesmo tempo que com medo, Erick está aprisionado em seu lugar. O colega detrás dele, pressionou a mesa contra a cadeira do pobre coitado fazendo com ele ficasse impossibilitado de sair, afinal a parte da frente era bloqueada por ele....
Allysson estava sentado em cima da carteira do outro, as pernas uma de cada lado do rosto suado e aflito do garoto duas vezes menor, que se contorce, inutilmente, tentando pegar seu caderno que está erguido no alto pela mão de Allysson.
— Por favor, me devolve meu caderno? — ele pergunta tremendo.
— É só vir pegar.
— Não dá. — Ele fala quase chorando, e não dava mesmo, o que para qualquer um seria de extrema facilidade sair, para o garoto magro e franzino seria impossível. — Não consigo.
— Então a gente faz o seguinte, você me empresta suas anotações da semana passada e assim que eu terminar de copiar eu te devolvo.
— Eu até faria isso, s-sem problema nenhum, mas e s-se a professora descobrir?
— Tem razão, eu sou péssimo copiando as coisas de forma diferente, e se a gente fizer assim, eu te devolvo o caderno, mas em troca tu responde as atividades passadas para mim?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como Odeio Amar Você
RomanceLivro para maiores de 18 anos. Tem ideia do que é odiar alguém? Desprezar tudo o que vem de alguma pessoa, sua fala, seu modo de agir, sua absoluta e completa existência. Para os fins e para os meios, Maksin Petrov odeia completamente Allysson Gonza...