Capítulo 26 _ Maksin

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Oiii! Oiii! Oiii!

Como sempre, neste tipo de capítulo, eu gosto de reiterar os gatilhos desta história, assim que se tiver qualquer um deles, por favor não leia.

Bullying. Violência. Violência Doméstica. Suicídio. Auto-mutilação. Estupro. Assédio Sexual. Assédio Verbal. Preconceito.

✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨✨

— Quanta bobagem, morrer por amor? Nesta idade?

Reviro os olhos com tanto drama por tão pouco, contudo a dor que atinge a mim quando sou socado, em revolta, me impede de falar mais.

— Maria! Isso dói! — Reclamo com o braço dolorido.

— Se eu quisesse que não doesse teria acariciado, não acha? — Suas espessas sobrancelhas negras elevam e ela me dá um daqueles sorrisos que só o canto de sua boca repuxa.

— Qual a necessidade da agressão? — Pergunto, desviando o olhar de seu rosto para não perder o fio da meada.

Estávamos deitados contra o tapete felpudo, assistindo a Romeu e Julieta quando soltei o infeliz comentário que fez com que ela me batesse. Já agora, neste momento, ante minha pergunta a reação de Maria é se erguer, curvando a coluna e usando os pés de apoio, num pulo.

Ela dá a volta ficando frente a mim, seus cabelos a acompanham fluidamente, como uma cortina de cetim em negro, verde e azul.

Há algum tempo ela aderiu esse gosto por pintar o cabelo de cores chamativas, além do corte Chanel que se tornou praticamente sua marca. É claro, o que tanto ela quanto eu consideramos criatividade (e de certa forma um escape), para outros é coisa de adolescente fresco, é querer chamar atenção e etc.

Tal como minha mãe que sempre que a vê, a chama de excêntrica. Para, em seguida, acrescentar algo como: "Pobrezinha, depois de tudo que passou, faz sentido, né? " E depois um: "Se você precisar conversar comigo, converse, filho, não faça essas coisas no cabelo. ".

E então meu pai costuma a interromper, falando que eu tenho direito a me expressar da forma que achar melhor, assim que, evitando desavenças, minha progenitora concorda e diz algo do tipo: "Seu pai tem razão, Maks. " O que deveria bastar para encerrar o assunto, mas logo vem algo do tipo: "Porém, é realmente necessário você andar mesmo com ELA? Depois de tudo que vocês passaram... uma separação faria bem aos dois, não? " O que engata em mais uma acalorada discussão com meu pai.

Por isso Maria costuma evitar vir aqui quando minha mãe está, o que não é muito difícil, ela quase nunca está.

— Romeu e Julieta é a representação de um amor trágico, talvez exacerbado? Talvez exagerado? Talvez muito rápido? Sim é tudo isso, mas isso também é a arte e há beleza na sutileza e em suas nuances.

Seus olhos verdes floresta brilham quando ela fala de forma apaixonada sobre o drama, isso sempre foi bem coisa dela, essa paixão pelas artes e principalmente pelo teatro.

Lembro até hoje como quase teve um ataque de pânico quando conheceu meu pai, há pouco mais de sete anos. Surto de fã mesmo, não que tenha melhorado ao longo do tempo, ela continua emocionada igual.

— Ainda acho exagerado. — Contesto e observo como ela revira os olhos, destacados pelo delineador forte.

— Eu acho que é trágico.

— Uma tragédia exagerada.

— Ainda uma tragédia.

— Você não fala coisa com coisa.

Como Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora