Capítulo 16 _ Maksin

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As coisas eram tão mais complicadas do que deveriam ser...

Na minha cabeça só se passava Allysson.

Allysson com sua pele brilhante, dourada e aparentemente sedosa, parecendo tão aveludada que as vezes eu me encontrava com os dedos coçando pelo mero desejo de tocá-la. Allysson e aquela maldita boca carnuda e vermelha que se abria somente para soltar asneiras ou palavras afiadas, e em ambos os casos parecia tão extremamente apetitosa, que a melhor forma para calá-la seria com um beijo. E seus cabelos... aqueles malditos cachos definidos que pareciam ser suaves ao toque, e eu queria simplesmente poder pegá-los, acaricia-los e... agarrara-los.

Na verdade, muitas partes de Allysson poderiam ser perfeitamente agarráveis.

Muitas, muitas partes.

Merda. É inevitável não admitir que sinto certa — muita ­— atração física por ele. Porra! A menos que um cara seja cem por cento hétero também sentiria. Ele é bonito e tem aquela aura sexy e fofa que faria qualquer um desejar toma-lo para si, e se afogar nele.

Meu corpo está cem por cento atraído por ele.

Já minha mente não perde sequer um detalhe de todas as merdas que ele fez, algumas cruéis outras sem graça, mas todas de forma errada. Apenas uma maneira de diversão podre para ele e seus amigos.

E então vem as lembranças, de todas as vezes que Allysson mostrou aquele outro lado, sensível, doce e triste. E outra parte de mim, uma que apenas começo a reconhecer, apenas queria ergue-lo e o proteger de qualquer um que o tentasse machucar.

Fôde-lo, amá-lo ou odiá-lo?

Que irônico se tornou o rumo da minha vida.

Um suspiro, deveras cansado e frustrado saí de mim, e não me importo em tentar contê-lo, minha cabeça já tão bagunçada que eu só quero que tudo se exploda... e toda vez que penso no furacão que estão minhas emoções, eu o percebo lá bem no meio de todo o caos, com um sorriso diabólico e uma covinha fofa, as sobrancelhas erguidas como quem diz: Ainda se atreve a me odiar?

Como odeio Gonzales e sua maneira de foder com minha vida.

E o pior de tudo, é que nem o faz de maneira consciente.

Ridículo.

Quando estou perto dele, tudo fica um emaranhado de sentimentos paradoxos e confusos e estou começando a crer que, além do final de semana, o melhor é ficar longe dele durante todos os outros dias também.

É isso.

Uma boa dose longe de Allysson Gonzales, para minha mente voltar a sanidade.

Talvez eu deveria voltar tarde ao dormitório, as vezes dormir com o Daniel, me inscrever em mais um clube. Faço uma anotação mental para passar pela secretaria e ver quais clubes poderiam se encaixar no meu horário, para que isso não se sobreponha de tal forma que seja demasiado cansativo e...

— Perdão! — escuto o grito um pouco antes de que eu seja derrubado no chão.

Consigo amenizar a queda, a minha e a do cara que caiu em cima de mim, absorvendo com meu corpo a maior parte do impacto, sem deixar que minha coluna ou pescoço fossem afetados no processo. Já o sujeito, passivo em todos os longos poucos segundos, acaba desnorteado e numa posição constrangedora ao ficar em cima de mim.

Merda"

A palavra rasga minha garganta sem que eu possa me conter, ao apenas sentir o maldito cheiro de chocolate com morangos, doce e azedo, e delicioso. Praguejo mais algumas maldições antes de abrir os olhos e me permitir encarar aquela nuvem de cachos escuros, com poucas luzes castanhas mel, já que recentemente ele iluminou o cabelo.

Como Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora