Atrás da porta se encontrava uma das piores cenas que já vi.
Dani dopado, nu e prestes a ser penetrado por aquele filho da puta que veio conosco. Seu corpo estava meio mole, fraco. Ele parecia lutar para abrir os próprios olhos, tentava empurrar o cara, mas o esforço para levantar os braços era demais e estes caiam pesados de volta ao corpo.
O pior é que com a voz fraca, ele conseguia apenas soltar murmúrios de protesto: "Não", "Por favor, não" e "Para". Mas o cara apenas sorriu mais ao escutá-lo, com um sadismo perverso, e abriu ainda mais as pernas dele, estava prestes... prestes.
Não me orgulho de dizer que por alguns segundos eu congelei.
De repente minha garganta amargou e com uma fincada de dor minha mente voltou a outrora, e quem estava ali já não era só Dani.
A pele branca cor leite estava duas tonalidades mais escura, os cabelos lisos purpúra estavam maiores, cortados em um estilo Chanel, negros como a noite e com um contraste feito por duas mechas coloridas, uma azul e a outra verde. E o rosto, antes imaculado, agora estava salpicado por sardinhas em diferentes tons de marrons.
Já também não havia os pequenos murmúrios de desespero, e sim gritos de socorro e dor. O choro, misturado com as lágrimas e o leve odor a sangue... novamente me senti com medo, fraco e impotente. Um espectador, num filme de terror da vida real. E por um instante, por um microssegundo, encolhi.
E isso me fez voltar a realidade.
Eu já não sou um fraco e Dani... Dani definitivamente não é ela, o que passou não poderia ser mudado, eu estava no presente e... ninguém, absolutamente ninguém, poderia me dobrar de novo.
Jamais.
E com força total, a raiva bateu de novo, albergada pelo nojo da situação e do meu novo ódio por aquele individuo. Nunca antes na minha vida eu tinha ficado tão profundamente irritado, não dessa forma pelo menos. Do fundo do meu âmago, eu queria destruir aquele cara, acabar com a raça dele.
E eu consegui sentir, meu coração acelerando mais rápido, minha respiração aumentando e minha visão se tornando vermelha. Mas dessa vez eu não explodi.
Isso me surpreendeu, e surpreende até hoje.
Com a fúria destilada no coração pelo presente e pelo passado unidos e almiscarados, por um momento eu senti a raiva queimar nas minhas veias, mas não dá forma quente costumeira. Foi frio e tão frio que eu mesmo me surpreendi, sempre que explodia antes era uma confusão de golpes, escarlate e meu sangue quente, mas agora não. Nunca antes estive tão puto e tão... calmo.
Foi a primeira vez que me senti assim.
Terminei de abrir a porta, silenciosamente, e caminhei em passos leves e rápidos na direção da cama. Não sei se foi instinto, ou se a hostilidade em minha aura se tornou quase física, mas o fodido ruivo se deu conta de que eu me aproximava. Surpresa, desagrado e pavor tomaram conta de seu rosto simultaneamente.
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Como Odeio Amar Você
RomanceLivro para maiores de 18 anos. Tem ideia do que é odiar alguém? Desprezar tudo o que vem de alguma pessoa, sua fala, seu modo de agir, sua absoluta e completa existência. Para os fins e para os meios, Maksin Petrov odeia completamente Allysson Gonza...