Capítulo 8 _ Maksin

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Pelo visto não sou o único que pensa que Allysson merece duras palavras para ver se se toca. A senhorita Prince vai pelo mesmo caminho.

— ... É uma falta de vergonha na cara, uma falta de escrúpulos! Então escute bem senhor Gonzales, pois eu estou lhe avisando, se eu te olhar e você estiver fazendo qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, que não se trate de copiar essas matérias atrasadas, você estará muito bem encrencado, me ouviu? — ela parece terminar de falar, já completamente ruborizada pela irritação.

Quando chegamos a professora nos deixou passar sem dar muita ideia, mas assim que terminou de passar a matéria no quadro pediu para olhar os cadernos, pois já começaria a distribuir os pontos. E, para a surpresa de ninguém, mesmo após semanas de aulas, a única coisa que o caderno de Allysson tinha eram rabiscos desenhados nas laterais.

A professora explodiu de raiva, e sem se conter, e tendo bons motivos, iniciou um grande discurso de bronca na frente da sala inteira.

O que é completamente vergonhoso, mas como alguém que nunca aprende a própria lição, é obvio que assim que a professora deu as costas Allysson teve que zombar dela com os colegas do lado.

Nunca vi o rosto da professora brilhar com tanta raiva como agora, seus olhos azuis escureceram alguns tons, e a boca abriu tão grande que eu tinha certeza de que viria um discurso bem doloroso.

— Isso aí, ria, faça piadas e gracinhas, quero ver se quando o final do bimestre chegar você vai conseguir fazer suas palhaçadas para se livrar da recuperação, nos últimos anos você até conseguiu escapar da bomba, graças ao conselho de classe, mas esse ano nenhum professor dessa escola dará a cara a tapa em seu favor. E se o que for necessário é que você repita de ano para poder criar um pouco de vergonha, não teremos problemas de te ajudar senhor Gonzales, assim que se eu fosse você não me arriscaria.

Dessa vez quando a professora dá as costas, Allysson não faz nada. Mesmo assim, durante o restante da aula o único que se digna a fazer é desenhar rabiscos no caderno.


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O internato permite a saída dos alunos durante finais de semana e feriados, colocando para isso algumas condições: se o aluno for menor de idade é absolutamente necessário a permissão dos pais que devem manda-la por escrito ou por e-mail para a escola, e é mais do que obvio que a instituição não é responsável pelo que o fulano faz fora de seus muros, assim que os pais também devem fornecer meios de transporte para a criatura. Já o aluno maior de idade tem o direito de sair sem permissão dos pais, mas tendo em conta a mesma condição acima, a escola não oferecerá meio de transporte e o aluno deve garantir sua chegada antes do início das primeiras aulas.

A residência oficial da minha família não é nesse estado, mas no momento em que me matricularam, meus pais compraram para mim um apartamento próximo para que eu usasse quando quisesse "espairecer", vulgo ficar longe do ambiente escolar e ser um garoto normal.

Nos anos anteriores eu nem fiz muita questão do apartamento, mas desde que comecei a conviver com Allysson passo de segunda a sexta feira sonhando com o sábado seguinte. Ou seja, mal toca o timbre do sinal e eu já estou em um Uber a caminho do centro.

Tão calmo e tão bom.

A tranquilidade de ter todas minhas tarefas já feitas e empilhadas organizadamente por matéria na estante, em um ambiente perfeitamente limpo e arejado, ter minha confortável cama pra deitar quando quiser, a grande televisão na sala programada nos meus programas favoritos e o melhor dos melhores, a estante de livros e o grande e macio pufe onde me encontro nesse exato momento, com uma fumegante xícara de café com leite, e o clássico Romeu e Julieta na mão.

Como Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora