Capítulo 12 - Allysson

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— Nós dois teremos uma conversa bem séria, Gonzales.

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Me vi sendo arrastado em direção aos prédios onde ficavam os dormitórios, Maksin parecendo estar irritado e um tanto quanto pensativo ignorou todos e cada um dos meus protestos, ele parecia estar no mundo da lua e apenas seguindo em seu modo robô piloto automático. O problema era que esse modo é um tanto quanto brusco, e a única coisa que pude fazer foi choramingar todo o caminho enquanto o hijo de puta apertava cada vez mais meu pulso. Aposto como ele já está vermelho e inchado.

Tentei novamente falar alguma coisa, mas fui completamente ignorado. 

Maldito Makssin e suas fodidas mudanças de humor.

En serio. Depois EU sou o problemático.

Não demorou muito para chegarmos na frente da porta de nosso dormitório, queria protestar contra entrar lá dentro, todos os meus esporos gritavam " CORRA! ", mas nem tive tempo antes de ele praticamente me lançar quarto adentro.

Tropecei em meus próprios pés, em uma dança desengonçada até quase beijar o chão, o que só não aconteceu pois no último segundo consegui pegar o divino equilíbrio, e estabilizei meu corpo. Aproveitei a chance e também me afastei o mais longe possível do meu colega de quarto.

Nem tive coragem de olhar para ele, sua aura estava fria e assustadora novamente, exatamente como a dele. O breve pensamento, mesmo que curto e simples, me levou a uma onda de lembranças. E novamente estava eu, ali, naquele porão. 

Impotente, sujo, apavorado. Apenas esperando pelo próximo castigo, o que seria? Uma surra? Alguns dias sem comer? Algumas horas de trabalho cansativo e pesado? Ou apenas uma bronca reafirmando que sou um malnacido, bom pra nada, inútil, peso morto, e apenas uma carga para sua vida.

Eu não podia ter certeza, só podia esperar ali com o frio castigando meus ossos, e a fome fazendo meu estômago rugir. Eu só queria sair dali, mas ainda faltava tempo para ele chegar, faltava tanto tempo...

Em um reflexo por causa das lembranças, me encolhi no canto mais oposto da cama, tentando meu esconder dentro do meu próprio corpo. Algo ínutil,  já  que ele não era mais seguro, conseguia sentir a mim mesmo estremecer, o pavor levando gelo ao mais profundo do meu sangue, meu estômago contraindo e  isso me faz sentir ânsias por vomitar. Fecho os olhos, tentando fazer minha respiração regularizar, mas tudo que vejo é seu sorriso antes de decidir minha sentença.

"Chicote ou madeira, hermanito? ".

Abro os olhos de supetão, tento focar em outros sons para que o retumbar suma da minha cabeça. Meu olhar acaba se encontrando com o rosto de Maksin, ele permanecia escorado contra a porta, rosto contraído, punhos cerrados e olhos fechados, como se ele mesmo tentasse se controlar.

Quando finalmente abre os olhos, já não aparentava ser tão assustador. Nada daquela aura de ódio, raiva e frieza. Apenas meu velho colega de quarto indiferente e super genial.

— Gonzales... — ele começa e tenho certeza de que vem bronca por aí. Mas do nada sua expressão se suaviza um pouco. — Você tá bem?

— N-não. — Minha voz saí em um gaguejo e quero muito me bater por isso. — Não vamos por esse caminho.

Algo em minha expressão devia estar gritando: "Por favor, prefiro me lançar do prédio a falar desse assunto", porque ele apenas assente com a cabeça e quando volta a me encarar seus olhos tinham o mesmo brilho severo de sempre.

Como Odeio Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora