Chateado. Irritado. Confuso.
Principalmente confuso. São tantas emoções e tantas contraditoriedades que se eu pudesse me transformar em uma "reação química" definitivamente daria em uma explosão.
Primeiramente. Eu beijo Allysson e, como tudo relacionado a ele, as sensações ficam marcadas a ferro quente em minha mente.
Tem este, para dizer no mínimo, hediondo desejo de fazer muito mais com ele, de provar ainda mais daqueles malditos lábios... e então a dificuldade de controlar o ímpeto e a curiosidade sobre o que mais aquela boca pode fazer.
Além de, obviamente, me enlouquecer.
E em meios há tantos hormônios, porque sim, isso não passa dos meus hormônios falando mais alto que meu bom senso, vem a razão. Razão. A grandiosíssima e centrada que me faz recordar o som agudo das sirenes da ambulância, do medo ante a possibilidade daquele bebê morrer, do pequeno Hunter nunca ter existido em nossas vidas. Por conseguinte, vem a memória deles escondidos como os covardes que são, depois disso a fuga e por fim vem Allysson e seu ridículo senso de lealdade.
Lealdade há pessoas que são capazes de machucar alguém que passou dos limites, pura e simplesmente por não querer se submeter a meios mais lógicos.
Ainda que não tivesse ocorrido nada com a mãe de meu primo, a professora poderia também ter se machucado seriamente com esse projetinho de vingança.
E Allysson os protegeu.
Porque é como eles.
Dessa conclusão, vem a ânsia. Ânsia e desespero, para com ele e para comigo. Tem esse profundo anseio por tomar de Gonzales mais do que qualquer um já tomou, de tê—lo entre meus braços, ainda que eu sinta raiva por ele ser um idiota covarde e potencialmente perigoso.
Duas emoções perigosas e sempre despertadas quando eu batia meus olhos nele. O ser dono dos meus mais devassos desejos e o gatilho da minha fúria e indignação.
Como eu não poderia não estar desesperado?
Desesperado para beijá-lo. Desesperado para não ceder. Desesperado para não ter vínculo emocional com ele.
Passei a evita-lo.
Uma solução mais fácil do que xingá-lo, ou pior, beijá-lo novamente.
Todavia, eu deveria ter percebido que a vida daria um jeito de ele conseguir foder com minha cabeça de novo, justamente quando eu estabilizei minhas emoções. Aquele Gonzales tinha que dizer as piores palavras a serem ditas:
Eu gosto de você.
Mas eu odeio você.
Foi a primeira frase que veio à minha mente. Seguida do seu crime, de todas as vezes que ele machucou pessoas propositalmente e todas as vezes em que essas pessoas eram importantes para mim. Basicamente, tudo o que me levava a odiar alguém como ele.
— Não importa, porque eu não consigo gostar de alguém como você.
A maior mentira e a maior verdade que já disse a ele em tempos. Ainda que o imbecil do meu coração bata mais forte por ele, ou que meus vulgares hormônios se aflorem. Eu não posso gostar de alguém como ele.
Gostar de Allysson é o mesmo que trair a ela.
E eu me recuso a fazê-lo.
Me recuso a sentir por Allysson.
— Não importa, porque eu nunca poderia gostar de alguém como você.
A frase vem de novo a minha mente. Fecho os olhos. Ainda assim as imagens tão vívidas de seu rosto passam por minha mente, tão nítidas, que é quase como se ele estivesse aqui, em minha frente, com as lágrimas enchendo seus preciosos olhos. Maldição, não são preciosos! A sensação do meu coração ser esmagado naquele instante corroborou a mentira por trás de cada uma daquelas sílabas.
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Como Odeio Amar Você
RomantikLivro para maiores de 18 anos. Tem ideia do que é odiar alguém? Desprezar tudo o que vem de alguma pessoa, sua fala, seu modo de agir, sua absoluta e completa existência. Para os fins e para os meios, Maksin Petrov odeia completamente Allysson Gonza...