Capítulo 24: O lugar chamado Boca do Lobo

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Já estava tudo sendo fechado na cidade quando pensei em parar no bar, não sou de beber cerveja nem nada, mas fazia tempo que eu não passava lá, queria ter certeza de que o dono do bar estava vivo.

-Bem-vindo. O que gostaria de beber?

-Me dá um copo d'a água, por favor.

-Certo então, o que o traz aqui?

-Ora essa Mauricio, achei que eu não tivesse mudado tanto assim.

-As?


Como todo bom reencontro, passamos um bom tempo falando dos últimos anos, e como tudo havia acontecido também, contamos boas histórias e alguns boatos que circulavam ali. Até então nada havia me satisfeito:


-Mas ai... Um moço entrou aqui de manhã perguntando sobre certo "alguém"... Sabe? –Que pergunta mais incrédula heim.


-"Alguém" você disse?


-Sim... "Alguém"... –Trocamos olhares suspeitos – As o que vem aprontando?


-Nada, nada desta vez.


-Vai me dizer então  que a presa se tornou o caçador? 


Tentava tirar sarro de mim.


-Hoje o predador, amanhã a presa, não é.


-Devo fazer algo?


Virei o copo de ponta cabeça na mesa em sinal dos velhos tempos e repensei sobre tudo o que eu estive fazendo ou até então o que fazia. Eu estava normal como sempre, mas inquieto, talvez tudo aquilo tivesse me abalado? Será que fosse pela presença de Lucy? Não sei...


Mas eu devia ao menos uma resposta incompleta a ele:


-Sabe... Muitas coisas vêm acontecendo G.P. Mas entenda...


Lancei um olhar petrificante em sua direção pouco antes de sair pela porta


-Alû até então ficou desaparecido, mas voltará para Kur.


-Certo, bom. Vou tratar da recepção.


~*~



Maldito As, por que ele deixaria uma gaveta trancada perto de uma grávida curiosa? Não sabe que ela pode ir para uma gravidez de risco?


Só me resta ligar pra ele:


-As?


-Lucy? Aconteceu alguma coisa?


-Não, está tudo bem, mas As, você teria uma chave pra abrir uma gaveta aqui da sua sala?


-Hum? Sim, eu tenho por que?


-Por nada, mas eu estava aqui limpando a casa e achei um tanto estranho e resolvi te ligar.


-Ah, está bem. Só isso?


-Sim... O que tem nela?


-Hum... Se não me engano alguns documentos, papeis...


-Entendo. Já está vindo pra cá?

-Sim, estou a um quarteirão de casa!

-Por que demorou?

-Estava vendo um velho amigo. Um dono de bar. Boca do Lobo, conhece ele?

-Não, ok então. Vou desligar, vou tomar meu banho.


~*~


Que coisa. Lucy não costumava me ligar por coisas assim antes. Acho que ela quis falar um pouco comigo. Verdade, não tenho dado muita atenção a ela! E se ela ficar triste ou depressiva?! Preciso fazer algo pra que ela sabe que não a esqueci ou a ignoro... Será que pergunto assim numa boa ou não? Algo mais sutil?

Que droga de marido eu sou! Imagino eu como um pai!


 Restaurante? Fliperama... Não elas não gostam dessas coisas nos dias de hoje... Talvez o mais simples presente seja aquele mais inesperado e sincero. Isso me deu uma ideia.

As pessoas passam seu tempo desejando surpreender as outras com coisas grandes e esquecem o real sentido de uma surpresa. Não seria se mostrar, mas sim dar a alguém algo que ela goste sem ela sequer pensar que você estava por traz de tudo isso... "Surpresa! Urrul!"


Uma surpresa boa é quando ambos  ficam contentes e felizes... 


"Uma boa lembrança, é uma lembrança boa..." juro que nunca vou entender o que aquele velho dizia... Mas parecia ter sentido às vezes...


Eu sempre gostava de andar pela praça, e Lucy vem estado muito dentro de casa, confinada, isso faz mal as pessoas. Vou leva-la para andar na praça amanhã.

O meu DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora