Ainda era cedo então pensei em levar nós três para passear no shopping da cidade. Kuro parecia bem animado.
Chegamos lá por volta do horário de almoço. Fomos até a praça de alimentação. Comemos comida árabe.
Olhamos as lojas.
Kuro ficou com vergonha quando fui amamentar ela, dessa vez não provoquei.
Comprei um tênis pra ele, ele só usava um chinelo. Observei ele de um dos bancos conversando com algumas pessoas que passavam, beijando algumas meninas que ele chamava.
Ele estava bem feliz. Me contou sobre sua vida corrida fora de Kur e do nosso apartamento. Um pouco da vida dele de criança e sobre como conheceu o As. Do navio que o trouxe até o México. Mas algo muito inesperado estava para acontecer.
Não lembro onde estacionei o carro:
-Kuro lembra onde paramos quando chegamos?
-Não linda.
Estava na hora de fechar, tínhamos ficado o dia todo lá então não notamos que um grupo de três pessoas se aproximavam de nós. Não era algo esperado. Minha filha ali nos braços de Kuro, exposta, enquanto eu procurava meu celular na bolsa. Nunca tinha sentido algo como aquele medo antes, eu fui em Kur e não temi. Enfrentei várias coisas, mas sempre procurei coragem onde não havia. Ali era diferente, era algo mais como um medo furioso, agressivo. Um medo que não deixava de ser medo, mas que me deixava mais furiosa do que amedrontada...
Kuro apertou ela nos braços, olhar serrilhado e respiração fechada. Eu prestava atenção a cada movimento. Avançaram rápido.
Um em cada lado, o da direita veio pra cima de Kuro. Apareci bem antes que acreditasse.
O homem usou a perna direita como pé de apoio para tentar me acertar, abaixei e com a palma aberta ergui punho. Dobrei o outro braço para acerta-lo com meu cotovelo no queixo. Quando disse ao meu marido que na infância fiz balé, As me ensinou a mesclar a dança com luta antes de irmos para Kur. Dizia que era mais efetivo lutar com passos que seu corpo era acostumado.
Ainda que eu segurasse um deles tinham ainda mais dois. Kuro notou a ação de um dos capangas e inacreditavelmente avançou. Detalhe: ele avançou com minha filha em seus braços.
Ao que notei de relance ele inclinou a perna direta até acertar o joelho do rapaz. Consegui ouvir o osso quebrando a quase dois metros de onde ele estava.
Voltei minha atenção ao meu oponente. Ele ainda estava de pé. Acertei no queixo o calcanhar. Por sorte ao acerta-lo ele ficou inconsciente.
Quando me voltei ao terceiro homem ele estava caído no chão, morto com uma bala na cabeça. Quem havia dado o disparo? Disparo que eu nem pude notar?
~*~
Enquanto isso em Kur. O'Connor estava atrás da informação que ganhou do dono do bar.
Foi dito que naquela esquina um dos líderes de Kur apareceria. Era um homem alto e de olhar serrilhado.
Já havia se passado um bom tempo desde que o detetive chegou ao local e nenhuma figura sequer deu as caras. Parou para pensar no que tudo aquilo tinha lhe acarretado:
"Se me dissessem sete meses atrás que eu iria largar mulher e filhos para resolver um problema que meu pai nunca enfrentou em uma cidade no fim do México, eu não acreditaria nem que eu mesmo me dissesse isso."
"Quando eu estava me formando para ser um homem a serviço da lei eu me lembrava das histórias escritas em cartas que meu pai me mandava, depois nos e-mails e agora em uma ligação do superior dele me dizendo que o velho ia perdurar a quepe eu achei que ele iria de uma vez encerrar todo o esquema criminoso local."
"E pensar que ele os protegeria mais uma vez. Colocando eles mais uma vez acima da família, acima de mim e da mamãe."
"Orelhudo idiota."
O'Connor ficou sentimental naquele instante e, quase sem notar devido as lembranças, a maior das ameaças de toda Kur saia de uma das casas para a rua de telefone na orelha conversando com alguém.
O'Connor saiu de traz do beco que ficava do outro lado da rua e deu voz de prisão:
-Mãos pra cima! -Dizia apontando uma arma- Sobre suspeita de crime organizado você será preso. Até o dia do julgamento ficará na delegacia municipal. Se não puder pagar um advogado pagaremos um para você.
E então algemou e levou o homem para a delegacia
~*~
As desligou na minha cara ou a ligação falhou? Não entendi muito bem, porem ainda pude avisar para ele o que tinha acontecido no estacionamento. Acho bom ele resolver essa sujeira logo, minha anjinha pode ainda mal ter nove meses, mas eu quero levar ela para conhecer algumas praias bem bonitas.
Estou pensando em Belize, a ilha Caye Caulker é bem agradável. Ou então uma viajem para Dominica, Rosalie Bay é maravilhosa também, ouvi dizer que o mar é de um tom azul-escuro encantador. Bom para isso preciso esperar o Sr. As... Acho que eu deveria levar o Kuro, estou começando a ter simpatia por ele. Coitado.
Acho que vou arrumar a mesa e colocar as panelas no fogão, As vai chegar tarde e Kuro vai estar com fome. Olhei para a sala e vi ele brincando com minha princesa, parece mais um segundo pai do que uma babá.
Meu deus nem o As fica assim com ela! Coitado. Só o que eles queria era uma família pra ama-lo. Não tendo isso ele passou a amar quem desejava o mesmo que ele.
Tem alguém na porta, As já chegou?
-Pois não?
-Lucy Maledictus se encontra? –Disse um policial.
-Sim, sou eu. Quem quer saber?
-Delegacia municipal. Seu marido foi preso.
Se soltarem ele eu vou mata-lo.
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O meu Demônio
Romance"Não tenho muito que contar, mas o que puder irei dizer. Nunca quis que você passasse por isso. Nunca desejei..." "Não tem com o que se desculpar. Eu te amo e lhe aceito por inteiro. Queira ou não" obs: não consigo editar a historia antiga, repostan...