Capítulo 27: O pressagio da noite

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Quase onze horas... Onde será que ele foi? Eu passei uma linda tarde com ele pra que ele sumisse pelo resto do dia?! Mesmo com tudo aquilo que eu ouvi, não consigo julgar uma pessoa sem antes ouvi-la primeiro. 


Chegou.



-As?


-Lucy...


Ele dizia meio desnorteado e cansado, estava sujo também, provavelmente com fome.


Assim que ele voltou do banho ele se sentou no sofá e bufou olhando para o teto da sala:


-As. Tome. –Lhe entreguei um prato com as sobras de terça-feira.


-Você... Fez isso pra mim?


-Fiz, você chegou de um jeito que expressava fome... Gostou?


-Lucy... Obrigado amor. –me abraçou fortemente.


Esperei ele comer para só estão questiona-lo de sua ausência:


-As, o que aconteceu?


-Hum? Lucy, eu sei que você merecer uma justificativa, mas por favor... esta tarde, eu não quero trazer mais dor de cabeça pra cá.


-Está bem então... –Virei o rosto.


-Ta! Mas olha só, quero que você entenda que eu gostaria que você soubesse quando eu estivesse pronto.


Era muito fácil pra ele dizer aquilo. Não foi ele que ficou se roendo de preocupação e muito menos aflita como eu estava.


-Pra você criar um desculpa mais elaborada?


-Quando eu... Certo... Mas Lucy, você quer mesmo saber? Quer mesmo, mesmo saber?


-As eu quero que você confie em mim. –Peguei sua mão e a levei até meu rosto enquanto olhava no fundo de seus olhos castanhos. – Não vou te julgar ou me enfurecer pelo o que você fizer, sei que será sempre em prol do nosso bem estar... De nos três...


-Certo Lu, mas por favor ... Ouça toda história... Eu não estou preparado para lhe contar tudo, mas vou contar o que você precisa saber no momento, eu lhe peço tempo Lu, eu prometo lhe dizer tudo. Mas não agora.


Era melhor do que não me dizer anda. Aceitei sua oferta:


-Claro As, faça o que tiver que fazer, mas diga tudo sem mentir, é só o que te peço.


A medida que As ia me dizendo, eu ia me lembrando das palavras das meninas no clube, como... Os opostos poderiam estar em um mesmo lugar, é contraditório dizer isso, mas... Era irreal, era um conto, o conto de meu marido.


Ele me disse de como isso tudo começou, até o que ele fazia no começo. Me poupou de alguns detalhes e fatos, mas não me zanguei com isso, ele também disse sobre o que tinha acontecido nas fabricas e sobre hoje... Ele é meu esposo, e eu devo apoia-lo, seja ele quem for! Não me importo de parecer com aquelas loucas por homicidas. Serei louca apenas por ele.


Ele suspirou, colocou sua cabeça entre meus seios e começou a chorar enquanto me pedia desculpas. Ele temia pelo bem estar de nos duas, e se lamentava de não ter impedido isso e de que odiaria que uma de nos duas nos feríssemos, ele também quis que eu ficasse longe de certos lugares e de pessoas, informou também sobre alguns guarda-costas que ele tinha contratado. Eu não estou muito segura com isso, mas ele é ele, então... Aceitei.

-As...

-Diga Lu.

-Ta tudo bem, vai ficar tudo bem. 

Enquanto eu ia passando minha mão entre seus cabelos eu podia sentir sua angustia de ver aquilo tudo acontecendo e o consolava da maneira que podia. 

–Você vai dar um jeito nisso.

Eu me olhei no espelho com aquela barriga crescendo e com o bebê chorão do meu marido sendo confortável por uma simples mulher como eu, que nunca enfrentou nada como ele. Foi naquele momento que eu assumi meu papel de esposa e de dar ajuda a minha família. De dar apoio a quem estava ao meu lado.

-Vou Lu. Isso eu lhe prometo.

-Mete eles todos, querido.

-Até suas mães. –Seu humor já havia melhorado, ele começou a ficar empolgado.

-Assim que se fala meu amor... Mas agora As... Você precisa dormir, está cansado, terá um longo dia amanhã e uma longa lista de pessoas para exterminar... Vai descansar. Eu vou depois de trancar as portas.


Depois de trancar a última janela e As já ter ido dormir... Eu então me sentei no chão e comecei a chorar baixinho... Murmurando coisas e mais coisas enquanto acariciava minha barriga:

-Desculpe filha... Mamãe não é forte como seu pai... Mas nada vai te acontecer, eu te prometo meu amor. Vai dar tudo certo, ok! Eu, não queria isso pra você, nem um marido como seu pai, ele tem esses defeitos... Mas é um bom homem, sim ele é, é carinhoso, brincalhão, aposto que vejo que vocês vão brincar muito já que ele é uma criança igual a você... Mas ele é também responsável e decidido. Mamãe e papai te amam, tá. Durma bem ai baixinha.

Me levantei e fui dormir, tinha coisas importantes para planejar amanhã...

O meu DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora