Capítulo 18: O homem violento

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Entre golpes e mais golpes trocados pelos desafiantes, eu acabei que fiquei muito interessada em ver um assassinato! Claro, comecei a observar o jeito que eles lidavam com aquilo.

 Enquanto todos torciam e gritavam eu comecei a ver além daquilo que via, nossa falei bonito.


O moço mais jovem, por mais que não demonstrasse, estava com medo, sempre que ia tentar acertar, antes mesmo do irmão de As fazer algo, ele recuava. Ele olhava com atenção para onde estava pisando e onde iria atacar com movimentos rápidos, precisos. Um dois! De novo, um dois! Tudo sem êxito.



Satã não se preocupava em esconder que estava adorando aquilo, podia- se ler em seus lábios: "Eu vou te matar na frente de todos..." 

Ele não tinha nem sequer movido um dedo, estava apenas andando em círculo e desviando com sutileza dos punhos do oponente, como se estivesse cambaleando em cima de morros de areia.


Estava cansativo ver aquilo tudo então me virei para As. Ver o que ele estava achando e estranhamente ele olhava para o irmão como se pudesse dizer a ele o que fazer. 

Como eu sei disso? 

Por cause do seguinte movimento: As abaixou a cabeça e fechou os olhos e como um sinal. No momento seguinte Satã atacou de baixo para cima. Golpeou no queixo e instantaneamente pôs a mão no pescoço no adversário puxando para baixo. O pescoço quebrou.



Já tinha matado o pobre coitado.


As pessoas ali podem não ter notado, mas assim que ele puxou o garoto para baixo antes dele cair no chão ele dobrou o joelho para acertar um pouco abaixo da nuca do rapaz.


Um golpe de garantia. Como o rapaz não reagiu ao impacto no joelho sua vida tinha desaparecido.


Fim da luta. Fim de uma vida para a continuação de outra. Estranho não? Dois corpos não podem coexistir em um mesmo espaço e por mais vasto que seja, um deles estará fadado ao nada. Ao esquecimento, ao vazio.


~*~



-Fim da disputa. –Anunciou Mica.


Me virei para Lucy que estava com um olhar fixo ao nada. O que será que ela estava pensando? Mais tarde conto o que aconteceu... Imagino que ela vai ficar surpresa:


-Lu.


-Hã. O que foi?


-Vamos. A luta acabou.


-A, tá.


-O que foi?


-O que foi o que?


-Está desanimada.


Ela me encarou com um olhar de indignação e surpresa, parecia que ia explodir:


-O que você quer dizer com isso! –Explodiu, viu só! – Uma pessoa morre na sua frente e você se mantém calmo, estável, não tem explicação normal para isso! É morte, fim, sem volta e você... Não! Todos aqui reagem como se fosse "algo bom"! As por favor, não me diga que você é assim, esse não é o pai que eu quero que meu filho tenha. –ela começou a chorar - Por favor, isso não, violência não. Eu imploro se quiser...


Eu assisti ela sentar no chão e cobrir os olhos já cheios de lágrimas e fiquei ali em pé, observando. O que ela quer dizer com "algo bom"?


-O que você quer dizer como "algo bom"? -Nada respondeu- Lucy, eu não sei se notou a diferença em algo bom e algo que não é ruim.


-Isso não tem sentido. Violência...


-Tem sim! Entenda que eles não estão felizes pela morte do moleque. Estão felizes por saberem que ele passou a sua vida toda visando o bem de todos, nós vemos a beleza na tristeza Lucy, algo que as pessoas deviam aprender a ver. Olhe para eles. –Apontei – Eles sabem que não verão mais aquela pessoa e sabem que ela tomou por si só as consequências, mas estão contentes em ter passado bons momentos com ela. Isso é lindo Lu, é lindo a pessoa olhar na cara do perigo, dos problemas e rir com gosto. Isso é a coisa mais bonita da vida Lucy: superação. Conhece? Também dizem como dar a volta por cima. Não deixar as dificuldades te derrubarem, por que atrás daquela parede terá outra, e maior! Eu estou triste por eles, mas feliz por ter você aqui. Você está sendo ingrata e ridícula. Peça desculpas se quiser, mas mesmo assim, não devia. Você não sabe o que eles passaram...


Eu exagerei, mas não me arrependo.


Sai batendo o pé e estranhei que Lucy ficou parada no mesmo lugar. Seu olhar estava frio, sério e perturbado:

-As. P-por favor, faça toda essa loucura parar... –Ela cambaleou e só não caiu por que consegui segura-la - Ninguém precisa se machucar... Isso não é bom. Violência não.

-Lucy o que foi?

-Violência não. Violência não. Violência não.

-Por que está repetindo isso? Já ouvi: Violência não.

Ela estava repetindo aquilo sem parar. Preocupado fui até minha mãe.

Aguente Lucy... 

O meu DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora