26 - Aperto

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O dia amanheceu, e lá estava minha mãe se arrumando pra ir trabalhar, enquanto eu a observava. Eu não conseguia parar de pensar na ligação que ela fez pra esse "amigo" lá do Japão. E também lembrei que quase falou o nome dele, ela começou a dizer " Sho" e não terminou porque eu atrapalhei, se eu soubesse que ela fosse dizer o nome dele não teria atrapalhado. Ela saiu para trabalhar e eu fiquei mais alguns minutos na cama, na verdade eu planejava levantar logo, mas acabei pegando no sono, e só acordei quando o meu avô gritou comigo.

- Preguiçosa! 9 horas da manhã e você aí dormindo, vai estudar garota, saí dessa cama. - Ele berrou enquanto abria a janela.
- Me desculpa vovô, eu planejava levantar cedo mas acabei pegando no sono. - Falei enquanto sentava na cama.
- Vai ajudar a sua avó, eu vou no mercado. - Falou e saiu do quarto logo em seguida.

Eu suspirei enquanto observava a janela aberta, as cortinas balançando com o vento fraco e um pouco frio, e por um estante eu viajei em meus pensamentos, voltei para alguns meses atrás, no dia que o Katsuki pediu meu número pela janela, lembrei do dia que a minha toalha quase caiu e ele estava olhando, e acabou que aquilo me fez acordar. Eu levei as duas mãos no rosto, e senti eles ficando quentes, e me levantei logo em seguida para lavar o rosto. Que saco, mesmo longe ele consegue me deixar sem graça.

Fui pra cozinha, tomei o meu café e fui organizar as bagunças. O dia passou como se estivesse sentando em uma tartaruga, acho que nunca fiquei com tanto tédio igual aquele dia. A minha mãe chegou, subiu para o banheiro, e depois veio falar comigo.

- Filha! Olha, uma carta pra você. - Ela falou sorridente.
- Quem mandou? - Perguntei confusa.
- O seu professor, ou melhor, o Aizawa. - Disse com um brilho no olhar.
- O professor Aizawa mandou uma carta pra mim? - Falei enquanto abria a carta.
- Claro! Leia.

Na carta dizia: " Olá Mei, como você está? Espero que esteja bem. Fiquei sabendo que desistiu de ser heroína, bom, eu sei que está confusa no momento e que talvez esteja pensando que não vai mais conseguir ser uma heroína, e sua mãe me falou que você não usou mais a sua individualidade, e isso me deixou preocupado. Você é uma excelente heroína Mei, foi uma das que mais me surpreendeu na questão de evolução, pois conseguiu controlar sua individualidade e fazer um bom uso com ela, e saber que está desistindo me faz pensar que você fez tudo isso atoa, apenas para jogar no lixo depois. Eu não quero te dizer o que você deve fazer, mas quero pedir pra você pensar se é realmente isso que você quer, pensa em todo trabalho que você teve, em todos que te ajudaram, e vê se é isso mesmo que você quer fazer, tá bom? É isso, eu espero que você faça a escolha certa. " .

Quando terminei de ler a carta o meu rosto já estava todo molhado, e eu pude ver duas gotas caindo sobre a carta. Aquilo me quebrou totalmente, eu apenas larguei a carta, que foi ao chão enquanto eu corria em direção ao quarto. As palavras dele me fez voltar a vários momentos que tive com os meus amigos, e aquilo doeu muito. Eu me tranquei no quarto e fiquei sentada no chão perto da porta enquanto soluçava fortemente. Minha mãe bateu na porta várias vezes e me chamou, e eu pude ouvir o meu avô reclamar logo em seguida. Que droga! Parece que só piora as coisas, eu tô fazendo de tudo pra ficar bem, mas tudo me derruba tão facilmente.

Depois de um tempo, o meu avô parou de reclamar e saiu, e eu percebi que a minha mãe não estava mais na porta. Eu abri a porta e me deitei logo em seguida. Quando a minha mãe entrou no quarto eu ainda não havia dormido, mas fingi pra não precisar conversar com ela. Eu senti que eu precisava contar pra ela que eu tinha tentado me matar e que eu estava com medo de usar a minha individualidade, mas eu simplesmente não conseguia, só de pensar nisso eu fico nervosa e com medo da reação da minha mãe.

No outro dia logo cedo quando eu estava tomando o meu café da manhã, o meu avô veio e sentou a minha frente.

- Acha bonito o que está fazendo Mei? - Ele falou sério.
- Por favor vovô, para com isso, eu já falei que nada do que eu faço é de propósito. - Falei com a voz falha já com vontade de chorar.
- Ja vai começar Mei? Não dá pra conversar com você, toda vez é essa palhaçada. Sua mãe está ficando mal por sua culpa, acha que você está doente. - Falou revirando os olhos. - Antes de você entrar na tal da "A.U." você não era assim, mas parece que as influências de lá mudou você em pouco tempo.

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