24 - Adaptação

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Primeiro dia em Nova York, assim que desci do avião quase congelei. Estava muito frio, e eu escondi as mãos no bolso da blusa, enquanto seguia a minha mãe. Logo em seguida avistei meu avô, que me abraçou bem forte.

- Como você está grande! Ela ficou a sua cara Hinata. - Meu avô comentou enquanto andávamos para o estacionamento.

Eu gostei de ver o meu avô, e aquilo me arrancou um leve sorriso por um tempo, pelo menos até chegarmos na casa da minha avó, que se encontrava em uma cadeira de rodas. Ela estava muito fraca, e era o real motivo da minha mãe decidir mudar.
A casa da minha avó não era muito grande, e só havia dois quartos, que era um dela e do meu avô, e o outro costumava ser o da minha mãe, e agora seria meu também. Ajudei minha mãe a arrumar as nossas coisas, e depois fui descansar, já que eu não tinha conseguido dormir no vôo.

Minha mãe desceu para a cozinha, e eu antes de dormir mandei uma mensagem para Izuku avisando que eu já havia chegado. No dia seguinte, logo de manhã tive que ir ao médico, para garantir que a minha saúde mental estava boa. Para o meu avô depressão era causada pelo celular, e mesmo minha mãe explicando tudo pra ele não resolveu muito. Ele era uma pessoa muito teimosa, apesar de ser uma pessoa divertida e muito legal, as vezes ele exagera nas coisas, ou não aceita, e a depressão pra ele não era uma doença de verdade. Eu tinha remédios para tomar e o médico também pediu pra mim ocupar a cabeça com alguma coisa, e é claro pra mim conversar com pessoas que me fizessem bem.

A primeira semana morando com os meus avós foi até boa, tirando o fato do meu avô ter ficado no meu pé. Eu adorava ele, mas se for pra conviver assim com ele não vai dar certo. A minha mãe iria começar no trabalho na semana seguinte, então no domingo a tarde ela me chamou e foi me mostrar as dois colégios para heróis que ela achou lá perto.

- Olha filha, esses dois ficam próximos daqui. Vou deixar você escolher em qual quer estudar. - Ela falou me entregando um notebook.
- Mãe, eu acho que... - Comecei a falar mas fui interrompida logo em seguida.
- Hinata você está adulando demais a sua filha, se você fosse mais rigorosa ela não estaria assim. Escolhe a que você achar melhor e mandar ela ir estudar, assim ela vai ocupar a mente. - O meu avô falou.
- Papai! Claro que não. Eu já disse para o senhor que a situação dela é delicada, e é por minha culpa...
- Para de agir como se estivesse feito algo de errado. Eu falei pra você vim pra cá pra cuidar da sua mãe porque ela não esta bem, e a sua filha não quer ficar aqui e ainda tá fazendo você de besta! - Ele falou frio encarando a minha mãe.

Nesse momento eu me levantei e sai da sala, eu não conseguia ouvir mais nenhuma palavra. Eu não esperava que o meu avô iria ser assim comigo, e aquilo estava me machucando ainda mais, e a única solução que eu achava para não surtar era chorar. Eu me deitei na cama, e a minha mãe entrou no quarto uns minutos depois, e deitou na cama me abraçando por trás.

- Me desculpa! Você não precisava ter ouvido isso. Não fica chateada com o seu avô, ele é meio cabeça dura, você sabe né? - Ela disse acariciando meu rosto.
- Tá tudo bem, eu não ligo. E me desculpa se eu não pareço me importar com a vovó, eu sei que ela não esta bem e que a senhora precisa esta aqui pra cuidar dela.
- Meu amor, não precisa pedir desculpa, eu sei que você não esta bem! O seu psicológico esta abalado, e eu sei que você esta se esforçando pra ficar bem. Mas não se preocupe, eu vou dar um jeito!

Ver a minha mãe daquele jeito também estava me deixando mal, ela estava preocupada comigo e com a vovó.
No dia seguinte minha mãe estava se arrumando para ir trabalhar, e então eu resolvi conversar com ela, antes que ela saísse do quarto.

- Mãe! Eu não quero mais ser uma heroína. - Falei sentada na cama e de cabeça baixa.
- O que? Mas porque? Filha você não pode desistir! - Ela falou se aproximando de mim.
- Eu não tenho mais vontade de ser heroína. A pessoa que mais me motivava não está aqui, eu não vejo graça em continuar sem vontade. - Falei e deitei logo em seguida. - Por favor mãe, respeita minha decisão.

Ela não queria que eu deixasse de ser uma heroína, mas ela também não quer me obrigar a nada.

- Ta bom meu amor! - Ela falou enquanto deixava um beijo em minha cabeça e saiu do quarto logo em seguida.

Eu apenas me encolhi na cama enquanto falava baixinho: " Me desculpa Izuku! Eu não consigo mais" .

Eu sabia que não era uma boa escolha, mas eu já tinha feito tantas escolhas erradas que mais uma não iria fazer diferença.
Durante o dia ajudei a minha avó em tudo que ela precisava, isso até o horário da minha mãe chegar. Na parte da tarde eu resolvi ficar um pouco do lado de fora da casa pra tomar um ar. Tinha várias crianças brincando na neve, jogando bolinhas umas nas outras, e eu fiquei observando elas por um tempo. Até que o meu celular tocou, e quando olhei era Izuku me ligando.

- Oii, tudo bem? O que tá fazendo acordado essa hora Izuku? - Perguntei um pouco surpresa com a ligação.

- Oi Mei-Chan, eu estou bem e você? Como está se sentindo?

- Eu estou bem.

- Que bom! Eu acordei mais cedo pra treinar, e aproveitei que ainda está de tarde aí pra ligar pra você. E aí, você já escolheu onde vai fazer o curso de herói? - Ele perguntou animado.

- Ja sim!

É, eu menti pra ele. Eu não quero descepcionar o Izuku dizendo que desisti, e outra que não tem como ele descobrir a verdade, pelo menos era isso que eu achava, mas o verdadeiro motivo dele ter ligado foi porque a minha mãe contou pra ele por mensagem.

- Serio? Você já escolheu? - Ele perguntou um pouco confuso.

- É, foi rápido né?

- Mei-Chan, a sua mã... - Ele começou a falar, mas eu senti o meu celular ser puxado.

- Sai desse celular Mei! Por isso você está desse jeito! Chega, eu vou dar um jeito nisso. -Ele falou enquanto desligava a ligação e guardou o meu celular no bolso.
- Vovô o que o senhor está fazendo? - Perguntei assustada.
- Estou confiscando essa porcaria que tá te deixando mal educada! - Ele falou e entrou logo em seguida levando o meu celular.

Eu não tive reação nenhuma aquela hora, apenas fiquei observando tudo quieta. E então eu fiz uma merda. Eu saí sem falar nada com ninguém, sem conhecer as ruas direito, eu não pensei na verdade, naquele momento eu não sabia o que realmente eu estava sentindo, se era tristeza ou ódio, eu apenas segui andando. E por ironia do destino, eu acabei achando uma ponte, com uma leve correnteza. Naquele momento parece que o meu cérebro desligou, eu parei e comecei a olhar pra baixo novamente, igual ao outro dia. A sensação que eu tive aquele dia quando eu estava caindo foi tão boa, eu me senti leve... E logo em seguida veio o medo, que me fez acordar pra vida de novo. De repente eu senti uma mão no meu ombro, que me fez assustar e virar de uma vez pra frente. Um moço estava na minha frente me olhando um pouco assustado.

- Moça você precisa de ajuda? - Ele falou e esticou a mão novamente.

No momento que ele esticou a mão eu tentei me afastar com medo, e então, eu acabei virando de costas e caí da ponte.
A minha mãe que havia chegado do trabalho, estava me procurando, e acabou me vendo cair.
Eu senti tudo em câmera lenta, eu pude ver o moço que estava na minha frente com a mão esticada por tentar me segurar enquanto minha mãe se aproximava e me gritava.
Eu levei a mão em direção a água no intuito de usar a minha individualidade para pode parar igual no outro dia, mas, por um instante eu senti como se a água estivesse me puxando, e eu acabei me entregando aquela sensação, e caí dentro da água, foi como se eu tivesse me juntado a água, e então eu apaguei.

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