VOCÊ ESTÁ BEM DO JEITO QUE ESTÁ?

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Filósofo: Ok, voltando à sua pergunta: você gostaria de ser mais animado, como Y, certo?

Jovem: Mas você acabou de rejeitar essa possibilidade, disse que estava fora de cogitação. Bem, acho que é assim que as coisas são. Na verdade, eu só disse isso para desafiar você... Eu me conheço bem. Jamais conseguiria ser como ele.

Filósofo: Por quê?

Jovem: É óbvio. Porque temos personalidades diferentes, ou, como acho que você diria, “disposições diferentes”.

Filósofo: Humm...

Jovem: Você, por exemplo, vive cercado por todos esses livros. Lê um livro novo e adquire conhecimentos novos. Basicamente, vive acumulando conhecimentos. Quanto mais lê, mais sabe. Você acha que novos conceitos são valiosos e tem a impressão de que eles mudam você. Olhe, sinto muito lhe dizer isto, mas, por mais conhecimentos que adquira, seu temperamento e sua personalidade permanecerão os mesmos. Se sua base for distorcida, tudo o que você aprendeu será inútil. Todos os conhecimentos que adquiriu desmoronarão à sua volta, e você descobrirá que voltou à estaca zero. O mesmo vale para as ideias de Adler. Por mais que eu aprenda sobre elas, minha personalidade continuará igual. Conhecimentos apenas se acumulam como conhecimentos, até serem descartados ou esquecidos, mais cedo ou mais tarde.

Filósofo: Então, deixe-me fazer uma pergunta: por que você acha que quer ser como Y? Suponho que você só queira ser diferente, seja Y ou outra pessoa. Mas qual é o objetivo?

Jovem: Você está falando sobre metas de novo? Como eu já disse, admiro meu amigo e acho que seria mais feliz se fosse como ele.

Filósofo: Você acha que seria mais feliz se fosse como ele. O que significa que não está feliz agora, certo?

Jovem: Quê?

Filósofo: Neste exato momento, você é incapaz de se sentir feliz de verdade. Isso porque não aprendeu a amar a si mesmo. E, para tentar amar a si mesmo, deseja renascer como uma pessoa diferente. Você espera ser como Y e descartar quem você é agora. Certo?

Jovem: Sim, acho que você está certo. Vamos encarar os fatos: eu me odeio! Eu sou alguém que está perdendo tempo com esse discurso filosófico ultrapassado e não consegue deixar de fazer esse tipo de coisa... Sim, eu realmente me odeio.

Filósofo: É normal. Se você perguntasse às pessoas que dizem gostar de si mesmas, dificilmente alguma delas estufaria o peito com orgulho e diria: “Sim, eu realmente gosto de mim.”

Jovem: E você? Gosta de si mesmo?

Filósofo: No mínimo, acho que não gostaria de ser uma pessoa diferente e aceito ser quem sou.

Jovem: Você aceita ser quem é?

Filósofo: Veja bem, por mais que você queira ser Y, não conseguirá renascer como ele. Você não é Y. E não existe mal algum em você ser você. Não estou dizendo que está certo você ser “exatamente do jeito que é”. Se você não consegue se sentir feliz, é claro que as coisas não estão bem do jeito atual. Você precisa dar um passo à frente, depois outro e não parar mais.

Jovem: É uma forma cruel de dizer isso, mas entendi. É claro que não estou bem do jeito que sou. Preciso progredir.

Filósofo: Citando Adler novamente: “O importante não é aquilo com que nascemos, mas o uso que fazemos desse equipamento.” Você quer ser Y ou outra pessoa porque está totalmente concentrado no equipamento com o qual nasceu. Em vez disso, deveria se concentrar no que é capaz de fazer com ele.

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