DÊ SENTIDO A UMA VIDA APARENTEMENTE SEM SENTIDO

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Jovem: O que você está dizendo?

Filósofo: Acho que esta discussão chegou ao momento-chave.A oportunidade foi apresentada. Cabe a você aceitar ou não.

Jovem: Talvez a psicologia adleriana e sua filosofiaestejam me mudando de verdade. Talvez eu esteja tentando abandonar minharesolução de não mudar e escolhendo uma forma de vida nova, um estilo de vidanovo... Mas há uma última coisa que eu gostaria de perguntar.

Filósofo: O que seria?

Jovem: Quando alguém considera a vida uma série de momentose acredita que só existe o aqui e agora, que sentido ela tem? Para que eunasci? Para que estou suportando esta vida de provações até dar meu últimosuspiro? Não consigo compreender o motivo disso tudo.

Filósofo: "Qual o sentido da vida?" "Paraque as pessoas estão vivendo?" Quando alguém fazia essas perguntas a Adler, elerespondia: "A vida em geral não tem sentido."

Jovem: A vida não tem sentido?

Filósofo: O mundo é constantemente abalado por todo tipo detragédias, e vivemos com os estragos da guerra e os desastres naturais à nossavolta. Quando somos confrontados com o fato de que crianças morrem no caos daguerra, não há como falar em um sentido da vida. Em outras palavras, não fazsentido usar generalizações para falar sobre a vida. Mas quando somos confrontadoscom essas tragédias incompreensíveis e não agimos, é como se as apoiássemos.Quaisquer que sejam as circunstâncias, de alguma forma precisamos agir.Precisamos resistir à "inclinação" de Kant.

Jovem: Isso!

Filósofo: Vamos supor que eu vivencie um desastre natural eminha reação seja olhar para o passado de forma etiológica e dizer: "O que podeter causado o desastre?" Que significado tem essa atitude? A adversidade deveser uma oportunidade de olhar em frente e pensar: O que posso fazer daqui para a frente?

Jovem: Concordo plenamente!

Filósofo: Depois de afirmar que "a vida em geral não temsentido", Adler continua: "Qualquer que seja o sentido da vida, deve seratribuído pelo indivíduo."

Jovem: Atribuído pelo indivíduo? O que isso significa?

Filósofo: Durante a guerra, meu avô foi atingido por umabomba incendiária e teve o rosto gravemente queimado. Sob todos os aspectos,foi um acontecimento horrendo e desumano. Com certeza, seria possível que eleadotasse um estilo de vida com a perspectiva de que "o mundo é um lugarhorrível" ou "as pessoas são minhas inimigas". Mas, sempre que meu avô pegava otrem para ir ao hospital, outros passageiros ofereciam o lugar a ele. Eu soubedisso pela minha mãe, por isso não sei como ele se sentia. Mas vou lhe dizer emque acredito: acho que meu avô escolheu um estilo de vida com a perspectiva deque as "pessoas são minhas companheiras, e o mundo é um lugar maravilhoso". Éexatamente sobre isso que Adler fala quando diz que o sentido da vida precisaser atribuído pelo indivíduo. Dessa forma, a vida em geral não tem sentidoalgum, mas você pode atribuir sentido a ela. E só você pode atribuir sentido àsua vida.

Jovem: Então me diga: como posso dar algum sentido a umavida sem sentido? Ainda não tenho autoconfiança suficiente para isso.

Filósofo: Você está perdido na sua vida. E por quê? Vocêestá perdido porque tenta escolher a liberdade. Ou seja, um caminho no qual nãotenha medo de ser detestado e não leve uma vida determinada pelos outros. Umcaminho só seu.

Jovem: Isso! Eu quero escolher a felicidade e a liberdade!

Filósofo: Quando se tenta escolher a liberdade, é naturalficar perdido. Nesse ponto crítico, a psicologia adleriana oferece uma "estrelaguia" que funciona como uma bússola que aponta para uma vida de liberdade.

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