▲──────◇◆◇──────▲Jovem: Pode ser, mas...
Filósofo: Além disso, você tem um complexo de inferioridade em relação a sua instrução e pensa: Minha instrução é deficiente, por isso não vou alcançar o sucesso. Se você inverter a lógica, o raciocínio poderá ser: Se eu fosse bem instruído, poderia alcançar o
sucesso.Jovem: Humm... É verdade.
Filósofo: Esse é o outro aspecto do complexo de inferioridade. Quem manifesta o complexo de inferioridade em palavras ou atitudes, quem diz que “A é a situação, logo a meta B é impossível”, dá a entender que, se não fosse por A, seria capaz e teria valor.
Jovem: Esse é exatamente o meu caso.
Filósofo: Sim. Adler diz que ninguém aguenta ter sentimentos de inferioridade por muito tempo. Todos têm esse sentimento, mas permanecer nessa condição é duro demais para alguém aguentar para sempre.
Jovem: Como assim? Isso está ficando meio confuso.
Filósofo: Vamos por partes. Quando você tem um sentimento de inferioridade, sente que falta alguma coisa em sua situação atual. Então a questão é...
Jovem: Como você preenche a parte que falta, certo?
Filósofo: Exato. Como compensar a parte que está faltando. A maneira mais saudável é tentar compensar pelo esforço e pelo crescimento. Por exemplo, poderia ser aplicando-se nos estudos, participando de treinamentos constantes ou sendo cuidadoso no trabalho. Entretanto, pessoas que não estão equipadas com essa coragem acabam caindo no complexo de inferioridade. De novo, é o pensamento: Minha instrução é deficiente, por isso não posso alcançar o sucesso. E ao mesmo tempo o indivíduo deixa implícita sua capacidade ao dizer: “Se eu fosse bem instruído, poderia alcançar o sucesso.” Também deixa implícito que “o eu real”, que por acaso está obscurecido agora pela questão da instrução, é superior.
Jovem: Não, isso não faz sentido – o segundo ponto que você levantou vai além do sentimento de inferioridade. É mais uma bravata do que qualquer outra coisa, certo?
Filósofo: Certo. O complexo de inferioridade também pode evoluir para outro estado mental.
Jovem: Qual?
Filósofo: Você não deve ter ouvido falar muito dele. É o “complexo de superioridade”.
Jovem: Complexo de superioridade?
Filósofo: Alguém sofre de fortes sentimentos de inferioridade, mas não tem a coragem de compensar isso com modos saudáveis de prosperar e crescer. A pessoa não consegue tolerar o complexo de inferioridade que o faz pensar: A é a situação, logo B não pode ser feito. Não consegue aceitar “seu eu incapaz”. Então compensa de outra maneira e procura uma saída mais fácil.
Jovem: Qual?
Filósofo: Agir como se fosse superior e se entregar a um sentimento de superioridade forjado.
Jovem: Não estou entendendo.
Filósofo: Um exemplo conhecido é o daquela pessoa que vive uma vida de mentira.
Jovem: Explique melhor.
Filósofo: A pessoa espalha aos quatro ventos que é amiga de alguém importante (pode ser qualquer um, do representante de turma na escola a uma celebridade). Com isso, mostra que é especial. Comportamentos como mentir no currículo, só usar roupas de marca ou ostentar riqueza material também são típicos de quem tem complexo de superioridade. Nesse caso, o “eu” não é superior ou especial. Você está apenas fazendo seu “eu” parecer superior associando-o a uma “autoridade”. Em suma, é um sentimento de superioridade forjado.
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A Coragem De Não Agradar
NonfiksiIndicação De Leitura Do Min Yoongi-Suga A Coragem de Não Agradar é uma conversa entre um jovem frustrado e um filósofo inspirado nas ideias de Alfred Adler, figura que é um dos pilares da psicologia. Durante o livro, a conversação vai proporcionando...