A MAIOR MENTIRA DA VIDA

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Jovem: Viver de forma intensa e consciente?

Filósofo: Vamos supor que um estudante queira entrar para afaculdade, mas nem tente estudar. Com essa atitude, ele não está vivendointensamente o aqui e agora. Claro que o vestibular pode estar distante, talvezele não saiba direito o que precisa estudar e quanto se dedicar, por isso sintadificuldade. Porém, basta ir aos poucos: a cada dia ele pode decorar algumasfórmulas matemáticas e memorizar alguns nomes. Resumindo, ele pode dançar adança. Com isso, tem a sensação que o faz pensar: Foi isso que eu fiz hoje, para isso serviu o dia de hoje. É óbvioque o dia de hoje não é para um exame vestibular no futuro distante. E o mesmovaleria para seu pai: provavelmente ele estava dançando a dança de seu trabalhodiário. Vivia intensamente o aqui e agora, sem um objetivo grandioso ou anecessidade de alcançar o objetivo. E, se isso é verdade, parece que seu paiteve uma vida feliz.

Jovem: Você quer que eu apoie esse estilo de vida? Que euaceite a vida do meu pai, sempre sobrecarregada pelo trabalho...?

Filósofo: Você não precisa apoiar, mas, em vez de ver avida dele como uma linha que ele seguiu até alcançar determinado ponto, presteatenção em como ele a viveu, reflita sobre os momentos da vida dele.

Jovem: Os momentos.

Filósofo: E o mesmo se pode dizer sobre sua vida. Vocêdetermina objetivos para o futuro distante e considera o agora seu períodopreparatório. Você pensa: Eu quero muitofazer isso e vou fazer quando chegar o momento. Este é um estilo de vidaque adia a vida. Enquanto adiamos a vida, nunca conseguimos chegar a lugaralgum, simplesmente passamos dia após dia numa monotonia sem graça, porquepensamos no aqui e agora como um simples período preparatório, em que é precisoter paciência. Mas se você está estudando no presente para um vestibular numfuturo distante, por exemplo, essa é a coisa real.

Jovem: Tudo bem, aceito. E com certeza aceito viverintensamente o aqui e agora, sem forjar uma linha. Mas não tenho sonhos ouobjetivos. Não sei que dança devo dançar. Meu aqui e agora não passa demomentos inúteis.

Filósofo: A falta de objetivos não chega a ser um problema.Viver intensamente o aqui e agora já é uma dança. Não se deve levar tudo tão asério. Por favor, não confunda ser intenso com ser sério demais.

Jovem: Ser intenso, mas não sério demais.

Filósofo: Isso mesmo. A vida é sempre simples, não exigeexcesso de seriedade. Se alguém vive cada momento intensamente, não precisa sersério demais. E tem outra coisa: quando você adota um ponto de vistaenergético, a vida é sempre completa.

Jovem: Como assim?

Filósofo: Se a sua vida, ou a minha, terminasse aqui eagora, ninguém poderia dizer que tivemos vidas infelizes. A vida que acaba aos20 anos e a que acaba aos 90 são ambas completas e felizes.

Jovem: Então, se eu vivo intensamente o aqui e agora, essesmomentos serão sempre completos?

Filósofo: Exato. Eu usei a expressão "mentira da vida"várias vezes nas nossas conversas. Quero finalizar falando sobre a maior detodas as mentiras da vida.

Jovem: Fale.

Filósofo: A maior de todas as mentiras da vida é não vivero aqui e agora. É olhar para o passado e o futuro, lançar uma luz fraca sobretoda a sua vida e acreditar que conseguiu enxergar alguma coisa. Até aqui, vocêse afastou do aqui e agora e lançou uma luz ou inventou passados e futuros.Você contou uma grande mentira para sua vida, para esses momentosinsubstituíveis.

Jovem: Entendi.

Filósofo: Então deixe de lado a mentira da vida e aponte umrefletor forte no aqui e agora, sem medo. Você consegue.

Jovem: Consigo? Você acha que eu tenho a coragem de viver esses momentosintensamente, sem recorrer à mentira da vida?

Filósofo: Como nem o passado nem o futuro existem, vamos conversar sobre o agora. O quedecide tudo não é o ontem nem o amanhã. É o aqui e agora.

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A Coragem De Não Agradar Onde histórias criam vida. Descubra agora