POR QUE VOCÊ NÃO GOSTA DE SI MESMO

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Jovem: Depois da primeira noite, eu me acalmei, me concentrei e refleti sobre a conversa. Mesmo assim devo dizer que continuo não conseguindo concordar com suas teorias.

Filósofo: Ah, é? O que você acha questionável nelas?

Jovem: Bem, por exemplo, no outro dia admiti que não gosto de mim mesmo. Não importa o que eu faça, só encontro defeitos, e não vejo razão para começar a gostar de mim. Mas, claro, ainda quero gostar. Pela sua explicação, tudo está relacionado a metas, mas que tipo de meta eu poderia ter aqui? Quer dizer, que tipo de vantagem eu levo em não gostar de mim? Não consigo enxergar nada a ganhar com isso.

Filósofo: Entendo. Você sente que não tem nenhum ponto forte, apenas defeitos. Não importa o que aconteça, é assim que você se sente. Em outras palavras, sua autoestima é baixíssima. Assim, as questões aqui são: por que você se sente tão infeliz? E por que tem autoestima tão baixa?

Jovem: Porque isto é um fato: realmente, não tenho nenhum ponto forte.

Filósofo: Está enganado. Você só enxerga seus defeitos porque resolveu começar a não gostar de si. Para isso, não enxerga nenhum ponto forte em si e se concentra nos defeitos. Antes de tudo, você precisa entender esse fato.

Jovem: Eu resolvi começar a não gostar de mim?

Filósofo: Exatamente. Para você, não gostar de si é uma virtude.

Jovem: Por quê? Qual é o motivo disso?

Filósofo: Talvez você devesse refletir. Que tipos de defeitos você acha que tem?

Jovem: Tenho certeza de que você já percebeu. Tudo começa com a minha personalidade. Não tenho nenhuma autoconfiança e sou sempre pessimista a respeito de tudo. Além disso, acho que sou envergonhado demais, porque me preocupo com o que as outras pessoas veem em mim, então vivo desconfiado delas. Nunca consigo agir com naturalidade. Tudo o que eu digo ou faço tem um ar meio teatral. E o problema não é só a minha personalidade. Também não gosto nada do meu rosto e do meu corpo.

Filósofo: Quando lista seus defeitos, como você se sente?

Jovem: Nossa, é horrível! Claro que eu me sinto péssimo. Tenho certeza de que ninguém gostaria de se envolver com um cara tão esquisito quanto eu. Se houvesse alguém tão infeliz e incômodo assim na minha vizinhança, eu também manteria distância.

Filósofo: Entendo. Bem, isso resolve o problema.

Jovem: Como assim?

Filósofo: Se eu me basear no seu exemplo, talvez você não compreenda, portanto vou tentar outro. Uso este gabinete para sessões de orientação psicológica simples. Anos atrás, uma estudante entrou e se sentou na mesma cadeira onde você está sentado agora. Ela me relatou o problema: tinha medo de ficar com as bochechas coradas. Me contou que sempre corava quando falava em público e que fazia de tudo para evitar esse constrangimento. Então perguntei: “Bem, se você conseguir curar isso, o que vai querer fazer depois?” Ela me respondeu que gostava de um homem em segredo, mas não estava pronta para se expor.
Caso se curasse do medo de corar, confessaria o desejo de ficar com ele.

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