II

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                        Point Of View Sheilla

  - E então, você sempre fica mais preocupada em olhar para outras pessoas do que atender os clientes? - Pergunto para a garota na minha frente que me olha assustada, mal posso enxergar seu rosto por trás da máscara, mas seu olhar entrega seu susto.

  - Nossa, eu sinto muito! - Coçou a cabeça dando um passo para trás me estendendo um mini cardápio, o qual eu neguei por já saber o que iria pedir. - Me distrai um pouco.

  - Pois é, mas não deveria. - Sorri amarelo para a garota. - Duas fatias de torta búlgara e dois cafés semi desnatado sem açúcar.

  - Você pode sentar ali e eu te levo assim que terminar. - Falou sem manter contato visual, evitando olhar nos meus olhos. Algo me diz que essa garota não leva jeito nenhum para trabalhar com isso, mas ao mesmo tempo o pouco do seu rosto que eu consegui ver não me é estranho, mas me sinto atônita demais para conseguir tentar lembrar.

                              flashback on

  - Você precisa entender de uma vez por todas que não tem o direito de controlar a minha vida, não pode mexer no meu celular e responder os meus amigos.- Falei ao meu marido no mesmo tom que ele anteriormente usou comigo, alto e firme.

  - E por que não? Se não está fazendo nada de errado, não tem porquê se preocupar, lindinha. - Respondeu dessa vez em um tom mais baixo, fazendo o meu sangue ferver pela sua cara de pau.

  - Você sabe o que é privacidade, não é?

  - Não existe privacidade em um relacionamento, Sheilla, não seja estúpida. Você aceitou se casar comigo, você aceitou dividir a vida comigo, dividimos tudo então. - Falou como se fosse a coisa mais natural do mundo de se dizer, ele nem se toca do quão doentio isso é.

  - E a cada dia que passa me arrependo mais dessa decisão. - Disse exausta de toda essa situação. Brigas são tão frequentes que basta apenas eu levantar da cama, que nem dividimos mais, para perder todas minhas energias.

  - Você devia pedir o divórcio já que sou tão ruim assim, apenas quero ver quem ficará do seu lado sendo tão problemática assim. - Bufou irritado arrancando a aliança do próprio dedo e jogando em um canto aleatório da casa, me dando as costas e batendo a porta forte o suficiente para eu sentir o chão tremer sob meus pés.

Não consegui conter as lágrimas que invadiram meus olhos, não por ele, mas por ver uma pequena garotinha loira me olhando confusa no final da escada, segurando um urso de pelúcia e com o semblante de quem havia acabado de ser acordada. Liz sempre foi mais sensível ao barulho. Tomo minha filha nos braços e a embalo em um abraço firme, o qual finjo ser para ela, mas sou eu quem realmente precisa. Deixo um beijo no topo da sua cabeça e a peço desculpa por te-la acordado tão cedo, ela apenas sorri fraco.

Não me importo com discussões no relacionamento, não me afeto com ele agir como um estúpido, mas sei que a partir do momento que isso chegou até minhas filhas, é a hora de dar um basta. Já passou da hora de dar um basta.

  - Cadê sua irmã, princesa? Ela não acordou ainda? - Perguntei para minha filha enquanto caminhava em passos lentos até o quarto que elas dividiam, me concentrando em não tropeçar.

  - Ainda não. - Seu tom de voz infantil sempre aquece meu coração, acho que nunca irei me acostumar em como meu corpo sempre reage ao vê-las fazendo qualquer das mais simples coisas. - Você e o papai estavam brigando?

  - Não, filha, é só uma brincadeira que a gente faz. - Menti para minha filha e abri a porta do quarto onde anteriormente ela estava.

  - Quero brincar também, mamãe! - Liz gritou o mais alto que conseguiu e não pude evitar meu salto pelo susto que tomou todo o meu corpo, meu coração acelerou pela sua atitude repentina e observei Ninna acordar também pelo barulho.

Coffee Break | SHEIBI Onde histórias criam vida. Descubra agora