Point Of View Narrador
Em um lado da cidade, tem uma Sheilla Castro alegre sentada em um restaurante classudo, tomando um vinho para aquecer ainda mais o tempo gostoso da tarde, ao lado de suas melhores amigas. Ela ri alto, brinda suas amizades e vez ou outra se pega pensando no que ainda faltava ali para essa sensação se tornar perfeita. Já no outro lado da cidade, havia uma Gabriela Guimarães trocista, fazendo graça com absolutamente todos os detalhes do ambiente e tirando risada da amiga ao seu lado, que se sentia um pouco menos nervosa com o que pretendia fazer no resto do dia. Diferentemente de Sheilla, Gabriela não tinha dúvidas sobre o que lhe faltara para tornar um dia completo, ela tinha em sua cabeça a perfeita imagem da mulher desenhada, completando suas besteiras com besteiras ainda maiores.
6 dias, 8 horas, 25 minutos e 46, 47, 48, constantes segundos desde que se viram pela última - e primeira - vez. Sheilla não conseguia lembrar de nenhum mínimo defeito na mulher e isso a fazia pensar que talvez tivesse sido um sonho, apenas uma miragem. Pessoas perfeitas não existem. Mas Sheilla também ainda sentia sua bochecha esquentar no lugar onde foi presenteada com um beijo, que para o seu descontentamento, foi de despedida e não de cumprimento para mais um dia juntas. Já Gabriela, tinha mais certeza do que nunca de que tudo fora real e fazia questão de recapitular cada segundo, na intenção de não esquecer nenhum mínimo detalhe do que passaram juntas, mantendo intacta suas lembranças.
- Quando pretende resolver sua vida, Sheilla? - A mulher dos cabelos loiros perguntou para a amiga sentada ao seu lado, portando em mãos um pequeno cartão que a mais velha recebera de Nicola: "Sheilla Castro; bicampeã olímpica; +55 031 8865-9678." Que inútil, pensou a mulher.
- Já disse, Thaisa, tudo em seu tempo. - E a mulher respondeu pacientemente, ainda que cansada do mesmo assunto o tempo inteiro.
- Ela está certa, Sheilla, promete que essa vai ser a primeira coisa que fará quando ele voltar de viagem? - E a segunda amiga pressionou também, ansiosa pelo fim do que ela via ser a ruína da mulher.
- Prometo, gente, só não falem mais disso. Sinto que esse vai ser um dia bom, não façam com que essa impressão mude. - E beberica mais um gole do seu vinho, suspirando satisfeita por ter conseguido finalizar o assunto que não lhe traz nada de bom.
- Já que se esforça tanto para fugir de um assunto, podemos ir para outro. - A mulher lhe lança um sorriso travesso, o qual ela nem precisa se esforçar tanto para entender. - Quem é a garota? Não pense que não notei as meninas perguntando pela "tia legal das piadas bobas" e o seu sorriso bobo.
- Achei que eu fosse a tia das piadas bobas. - Gattaz sorriu, quase que magoada, coçando a nuca e tentando descobrir quem ousara roubar sua posição.
- Crianças tem imaginação fértil, Thaisa. - E mesmo sem ter a intenção de mentir, Sheilla não fez questão de colocar as cartas na mesa também. No fundo ela sabe que não conseguiria apenas dizer o nome da garota e explicar como se conheceram, sentiria a necessidade de contar todos as seus mínimos detalhes, mas seria em vão, suas amigas nunca entenderiam.
- Não pode me enganar, você sabe disso. Vamos, me diga quem é a novinha que está pegando. - O rosto da morena ruborizou violentamente, a risada das loiras só a deixou ainda mais constrangida.
- Credo, Thaisa, não fale desse jeito.
- Por que a Thaisa sabe sobre os seus casos e eu não? - Gattaz indagou, reforçando ainda mais o desespero de Sheilla com os dois olhos curiosos tentando te ler.
- Não existe nenhum caso, Carol! Eu ainda sou casada, vocês lembram disso, certo?
- Contra a sua vontade. - Carol completou, recebendo o olhar aprovativo da amiga.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coffee Break | SHEIBI
RomanceGabriela é uma jogadora de vôlei bem sucedida, a melhor da sua posição, mas em decorrência da pandemia teve que sair da Turquia e voltar para o Brasil. Na intenção de não ficar parada e nem sozinha, Gabriela aceitou um emprego em uma cafeteria no Mi...