X

4.3K 377 309
                                    

                       Point Of View Gabriela

- Você é Gabriela Guimarães. - A mulher na minha frente disse após segundos em silêncio, apenas me encarando com uma expressão indecifrável, tentava entender o que posso ter feito para causar tal reação.

- É, esse é o meu nome. - Ri fraco me aproximando mais da mais velha, tomando suas mãos com as minhas, fazendo um leve carinho ali. Suas mãos estão frias, soltas, diferente de antes, que segurava firme. - Ei, eu fiz alguma coisa?

- Só me escondeu o fato de que é Gabriela. - E então olhei para onde seus olhos apontavam, a parede com foto de todas as fases da minha vida profissional, desde a base, até o agora. Ela finalmente descobriu.

- Ah, isso. - Nunca fui boa de esconder minhas expressões, muito menos quando algo me agrada, como agora. Quase que desesperador ser a louca do café por tanto tempo, quando quero ser um alguém que ela conheça. - Eu não escondi, você quem não lembrou. Agora sente-se, me deixei cuidar do braço antes que piore.

- Eu não entendo. - Sentou, ainda relutante, na poltrona do quarto. - Por que não contou quando perguntei? Não confia em mim?

- O que? Não, claro que não. - Me abaixei ao seu lado, oscilando minha atenção no corte e no seu rosto perdido. Ela deu muito mais importância do que imaginei e se eu soubesse que seria algo importante, teria a digo de imediato. - Você não se lembrou, senti vergonha de contar depois. Não era intenção de ser um segredo, desculpe se pareceu.

- Meu Deus! Olhe o seu rosto, óbvio que é Gabizinha. - Trouxe suas mãos para o meu rosto, segurando como se eu fosse uma criança, meu rosto ruboriza mais a cada segundo que seus olhos me avaliam por inteira. - O seu cabelo está ainda mais lindo agora.

- É, os cachos voltaram na pandemia. - Suas mãos continuam em meu rosto, seu semblante de surpresa começa a aliviar agora, trazendo de volta o seu jeito casto. Delicadamente, tiro suas mãos, na intenção de voltar a cuidar do pequeno corte, não sem antes deixar um beijo na palma da sua mão. - Está tudo bem com isso?

- Sim, só me sinto um pouco tola.

- Por que? - Quando finalizei o cuidado no braço, tomando o cuidado para ter certeza que não vai a incomodar, deixei um beijo ali, quase que caçando motivo para me manter próxima.

- Por não ter percebido que você é Gabi antes. - Riu fraco sem me olhar, mantendo os olhos no curativo, o tom vermelho na sua bochecha a entrega antes que suas palavras.

- Gabriela sai mais bonito da sua boca. - A corrigi, estendendo a mão para que levantasse. Nunca gostei de ser chamada pelo nome, sempre me sinto sendo repreendida, mas agora é diferente. Gabriela pronunciado pela sua voz não causa espanto, não me assusta, ainda que sua voz seja autoritária, apenas olho e sei que virá uma coisa boa depois. Nem que seja apenas ver o seu rosto.

- Estava planejando perguntar sobre as medalhas, mas creio que agora será em vão. - Se afastou para fitar a parede, passando suavemente o dedo por cima de algumas.

- Essa é de futebol. - Avisei ao notar a que estava em suas mãos, parando ao seu lado de novo e me permitindo, pela milésima vez, sentir o seu aroma. - E essa do show de talentos.

- Show de talentos, é? - Sua risada fez questão de contagiar o meu quarto, todos os cantos dele. Nunca mais será o mesmo. - O que você fez?

- Na teoria, eu cantei. - Acompanhei seu riso, já desistindo de olhar para os prêmios, a prata no colar do seu pescoço já me chamava mais atenção que o ouro das centenas de medalhas.

- Canta, joga futebol, é a Gabi. O que mais não sei sobre você? - Indagou, virando para mim também, quase que colada. Seus olhos cor avelã como a força motriz de um universo inteiro dentro de mim, seu sorriso de canto mais belo do que nunca agora que tão perto.

Coffee Break | SHEIBI Onde histórias criam vida. Descubra agora