XV

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                       Point Of View Narrador

[11:47] Gabriela Guimarães: Falo sério!
Olhe para a placa luminosa do Minas.

O primeiro pensamento de Sheilla foi como Gabriela poderia saber que há algo assim por aqui, o coração já saltava em vida própria pela ansiedade de talvez ver a garota. Quase que desesperada, correu os olhos por toda a extensão do ambiente, mas não achou nada. E como uma onda de decepção, percebeu que talvez não passasse mesmo de uma piada, afinal, Gabriela ama brincar. Dessa vez, no entanto, ela não achou tanta graça; a queria mesmo ali. Antes de se dar por vencida, olhou para cima, apenas para pensar que tentou todos os cantos e lá estava a placa. Cintilante demais para olhar de uma só vez, ela precisou acostumar os olho para não se cegar, mas não habituou os suficiente para não perder a visão quando viu a garota ali.

E lá estava ela, mais linda do que Sheilla nunca antes havia visto, mesmo que ela pense isso em todas às vezes que a encontra e em todas as fotos que vê também. Olhava em sua direção sorrindo e mesmo não estando muito perto, Sheilla sabia que ela estava corada, conhece as expressões de Gabi o suficiente para perceber isso. Acaso ou não, coincidência ou ajuda divina, no momento em que se viram, o tempo que antes estava nublado, abriu-se de imediato. A garoa que podia ser vista pela greta, abriu espaço para um raio de sol que invadiu, parcialmente, o salão.

Sheilla agora está iluminada.
Em todos os sentidos.

Passou entre os amigos sem dar muita atenção para as felicitações, murmurando um simples "Valeu!" quando a parabenizam, mesmo não sendo a pessoa que se resume a isso. Deu no máximo um abraço de lado em uma ou duas pessoas e voltou a acelerar os passos. Subiu a escadaria correndo, hora ou outra se atrapalhando nos próprios pés por andar mais rápido do que é aceitável para o local.

No último corredor antes de chegar até Gabriela, ela parou, respirou fundo e voltou a andar em passos humanos, em uma tentativa de disfarçar o quanto estava ansiosa. Ela não sabia que a mais nova acompanhou todos seus movimentos e notou que estava correndo, sua respiração afoita também não era assim tão bom para o disfarce.

- Não acredito que esteja aqui.

Ainda em dúvidas se havia sido uma boa ou uma má ideia, Gabriela analisou todos os traços do rosto da mulher para ter certeza que não estava brava. Mas nada! Apenas se sentiu sendo ainda mais alvejada pelo olhar .40, que a observava de cima a baixo agora tão próxima. O vestido verde, se possível, se torna mais hipnotizante que anteriormente, ela não pode parar de olhá-la. Nem mesmo para falar.

O que é um beijo se podem ter o olhar?

- Mas estou tão feliz que esteja.

E com um abraço apertado enlaçando seu corpo, teve a certeza que estava tudo bem e qualquer protótipo de angústia se dissolveu. Dentro do abraço de Sheilla não há o tic-tac dos relógios, afinal, o tempo para elas é relativo. Se o tempo e o espaço são uma mesma realidade, quando encurtam a distância, somem com as horas. E o amplexo entre as mulheres é inteiramente como o tempo, dura o quanto fazem durar; preferem a provisoriedade completa, do que a permeabilidade vazia.

E o abraço pode ser provisório, mas é completo e deixam-as marcadas para sempre.

- Eu pensei que fosse me achar louca, na verdade. - Gabriela confessou.

- Mas eu já acho. - Sheilla riu, entrelaçando os seus dedos com os da mais nova, sentindo aquela corrente elétrica atravessando todo o seu corpo. Nunca seria capaz de se familiarizar, sempre será como a primeira vez. - Senti sua falta.

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