XII

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Point Of View Gabriela

"Depois das 2 da manhã, apenas vá dormir. As decisões tomadas depois desse horário são decisões erradas." Ted Mosby, How I Met Your Mother.

Sempre tive dúvidas, durante todos os meses que passei assistindo a série, se essa frase teria algum sentido, hoje no entanto, quis mais ainda descobrir a resposta. A madrugada tem a incrível capacidade de tornar todos os sentimentos mais aflorados, mais intensos, nossos sentidos mais desnorteados, confusos.

[02:02] Gabriela Guimarães: Nunca é tarde demais para nada.

Vivi Sheilla por dois dias, e quando ela se foi, passando pela minha porta sem uma justificativa, eu fiquei para trás e morri por quatro. Beijei Sheilla uma vez, por cinco minutos e agora, sinto como se tivesse sido infinitas vezes. Me magoei por minha própria expectativa, mas como não ser esperançosa com alguém que possui um rosto tão lindo? Quando estávamos juntas, sorri por tanto tempo que minha bochecha ficou dolorida e então, quando estávamos separadas, meu corpo virou uma enchente que não parava de transbordar.

Dois dias, três semanas, menos de um mês. E sendo avassalada, constantemente, sem saber se ainda tenho tempo para voltar atrás. O tempo dá um passo, nós damos dois e então, tudo se colide.

- Boa tarde, querida! Está com uma cara péssima. - Minha mãe disse assim que adentrei a cozinha, deixando um beijo em sua testa e encostando-me no balcão para me manter próxima. - Lorenne ainda dorme? A noite deve ter sido agitada.

- É, um pouco. - Menti para a mais velha, nem mesmo me lembro de mais de dois detalhes sobre a madrugada, mas o que lembro, ainda está martelando minhas ideias.

- Preciso cuidar do meu amor. - Sorridente e ainda sem me olhar, deixou de lado o que fazia, caminhando até mim. Sempre tão fraterna, tão zelosa.

- Não precisa, mãe, estou bem. Juro! - Balbuciei para a mulher, que apenas meneou negativamente a cabeça, rindo fraco.

- Não falo sobre você, filha. - E assim, passou por mim novamente, dessa vez com um regador em mãos. - Veja como estão lindas.

- Estão maravilhosas, sim. - Vê aquelas flores, depois de tudo, não é uma tarefa tão simples quanto parece, ainda me sinto tonta ao olhar.

- Me diga, então, por que não as olha? - Indagou, aleatoriamente, nem mesmo entendi.

- Como assim?

- Entra na cozinha olhando para todos os cantos, menos para ela. Se são lindas, me diga, por que as ignora? - Suas perguntas carregavam uma insinuação, que ela já sabe a resposta, mas aguarda uma confirmação.

- Porque nem sempre beleza é tudo. - Sustentei o mesmo tom sugestivo da mesma, que sorriu fraco, assentindo com a cabeça.

- Está certa. - Regou não só a sua favorita, como todas as outras várias espalhadas por ali, mantendo um sorriso pleno no rosto. - E a Sheilla, ela é só beleza?

- O que ela tem a ver com isso? - Perguntei.

- Suponho que ela tenha uma carga de responsabilidade nisso. - Disse simples, me tirando uma risada sem humor. Não é uma resposta assim tão fácil.

- Ela é mais do que isso. - Confidenciei para a mulher, que suspirou satisfeita, quase que como se já soubesse a resposta. Se aproximou de mim e sem hesitar, me abraçou forte, forte como nunca.

- Estou orgulhosa de você.

- Por que? Nem mesmo fiz nada hoje. - O relógio marcava agora 13h e eu mal fiz alguma coisa além de levantar da cama e, provavelmente, não vou fazer pelo resto do dia.

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