Point Of View Narrador
- Já ouviu aquela frase? - Gabriela perguntou aleatoriamente para Sheilla, que no momento, está a servindo uma taça de vinho.
- Qual?
- Que os vinhos são como as mulheres. - Ao receber um olhar confuso, continuou. - Com o tempo as ruins azedam e as boas apuram.
Em uma gargalhada contida, a mulher precisou parar por um segundo para não derramar todo o conteúdo da garrafa.
- Deus! Espero que eu não esteja azedando. - Fez uma falsa súplica, juntando as mãos como uma oração.
- Não, claro que não. - Explicou. - Se fosse um vinho, seria com certeza Romanée-Conti.
- Também não sou assim tão velha, Gabriela. - Terminou de encher sua taça, bebericando um gole.
Gabriela tenta ao máximo não pensar muito além, mas adora a forma como a voz da mais velha muda quando está bebendo. Mesmo que depois de um só gole, já muda a forma como posiciona o corpo, as mãos se movem trilhando caminhos mais ousados e os beijos não mexe mais só com o coração.
O sorriso de lado abre espaço para um sorriso ferino; o olhar, que antes observa apenas seu rosto, desce e sobe por toda a extensão do seu corpo, a lendo por inteiro.
E ela adora se sentir desejada.
- Não é sobre os anos, Sheilla, os anos não são nada. - Bebeu um gole do seu também. - É sobre o sabor.
- E como pode saber que o sabor é bom?
Sheilla sabe o que causa na mais nova quando abaixa o tom da voz, quando sorri maliciosa e faz questão de fazer isso. Se aproxima ainda mais, apenas para conseguir a olhar nos olhos.
- O do vinho é bom. - Gabriela precisou se concentrar para não gaguejar, não quer parecer uma idiota. - Imagino que o seu também.
Sheilla não esperava por isso, não estava acostumada com a garota respondendo de forma direta, sem disfarçar. Ela nem mesmo lembrava de outra vez que alguém a correspondeu à altura desse jeito, sem desviar e sem fugir. Ela gosta disso.
E seu corpo despertou, a lascívia do cômodo se tornava mais forte a cada segundo, fazendo suas mãos tremeram e a garganta se impedir de formar uma palavra. Em nervosismo, 50% do vinho de Sheilla agora estava na blusa de Gabriela.
- Gostei do novo design. - A mais nova disse rindo, observando sua blusa carimbada de vermelho de cima até embaixo. Riu ainda mais por notar a reação que teve sobre a mulher, principalmente ao ouvir sua sequência incessante de "Desculpa, Gabriela!". - Está tudo bem! Nem mesmo usarei isso uma outra vez.
- Nunca diga nunca. - Semicerrou os olhos para a garota que apenas revirou os olhos.
- Posso tirar ou vai ter uma síncope? - Perguntou travessa, já tirando a blusa de seu corpo.
Sheilla precisou engolir em seco para não praguejar nenhum palavrão em voz alta pela cena, mas sua mente já balbuciou um: "Porra! Como pode ser tão gostosa?". Não se lembra da última vez que se sentiu tão atraída por uma mulher, talvez tivesse sido por Marianne, tempo o suficiente atrás para ela nem mesmo se recordar se era assim tão intenso.
O sutiã de renda preto só cobria uma mínima parte dos seios, quase como um acessório de enfeite, e Sheilla não conseguia parar de olhar, mesmo se culpando por estar a devorando com os olhos.
- Oh, linda a lingerie moldura. - Falou.
Sua voz, a esse ponto, já parece com a de um adolescente na puberdade que viu uma modelo seminua na revista, no entanto, ela está ainda mais fervorosa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coffee Break | SHEIBI
عاطفيةGabriela é uma jogadora de vôlei bem sucedida, a melhor da sua posição, mas em decorrência da pandemia teve que sair da Turquia e voltar para o Brasil. Na intenção de não ficar parada e nem sozinha, Gabriela aceitou um emprego em uma cafeteria no Mi...