Capítulo 7- Trégua

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Olá, pessoal. Capítulo novo. Espero que o apreciem e me deixem seus comentários e votos se assim o desejarem. Beijos, Rosana.

ANNE E GILBERT

O dia estava extremamente quente e bastante convidativo para um passeio ao ar livre, mas como todos os outros dias daquela semana, Anne desistira de sair, preferindo ficar em seu quarto em companhia de um livro e o ar condicionado que mantinha o ambiente bastante agradável.

Ela sempre tivera fobia de ficar muito tempo dentro de casa e em Los Angeles, ela encontrava inúmeras atividades para mantê-la ocupada fora do seu ambiente doméstico, mas ali em Terracota, ela tinha um motivo para evitar sair de casa, e esse motivo se chamava Gilbert Blythe.

Anne não o via desde o dia que fora com Diana e Josie para o Taverna, e o que se passara entre os dois do lado de fora do clube a deixava literalmente morrendo de vergonha, ao mesmo tempo em que não conseguia tirar da cabeça o olhar ardente de Gilbert sobre ela.

Ela sabia e não queria desenvolver nenhum tipo de sentimento por ele. Era errado de todas as formas enxergá-lo como homem quando na verdade, ele era o responsável por ela e Ruby, e todas as suas ações referentes ao seu próprio bem-estar pessoal e financeiro deveriam ser aprovadas por ele, o que a aborrecia enormemente. Por isso, já era um inferno estar limitada aos desmandos de seu tutor, e ficar dependente dele também emocionalmente era ainda pior.

Entretanto, como esquecer o brilho daqueles olhos naquela noite? Os lábios macios em sua pele, o corpo dele tão forte contra o seu? Será possível que sua fantasia infantil sobre Gilbert ainda vivia dentro dela? O que não podia esquecer era que aos dez anos, ela não fazia ideia do que era um relacionamento entre um homem e uma mulher, e seus pensamentos em relação ao seu primo por consideração eram todos inocentes, mas aos dezenove, embora não possuísse nenhuma experiência nessa área, ela podia imaginar muito bem o que aconteceria se chegassem a esse tipo de intimidade entre quatro paredes, e eram exatamente esses pensamentos proibidos que a deixavam completamente perturbada.

Por esta razão, evitar qualquer encontro com ele naqueles dias em que estava se sentindo fragilizada e fora do seu normal parecia ser a coisa mais sensata a se fazer. Entretanto, ela tinha consciência de que não poderia fugir de Gilbert para sempre, pois viviam na mesma casa e por mais que a fazenda dos Blythes fosse imensa, teria que conversar com ele em algum momento, e era para isso que estava preparando seu espírito, e tentando pouco a pouco tirar o feitiço daqueles olhos verdes do seu sistema.

Contudo, apesar de sua resolução em se poupar de qualquer encontro indevido com seu tutor, Anne estava se sentindo terrivelmente solitária dentro daquela casa. Ruby começara a ir para a escola naquela semana em período integral, e se viam somente à noite quando sua irmã mais nova vinha até seu quarto lhe contar como fora seu dia na sala de aula.

Para seu alívio, a menina parecia ter se adaptado bem a sua nova rotina estudantil. Com a ajuda de Minie May que estudava na mesma escola, Ruby até já tinha feito novos amigos, e todo o receio que Anne tivera de sua irmã se sentir excluída ou se sentir diferente de suas demais colegas de classe, levando-a a se isolar se mostrara infundado.

Agora a isolada era ela, que até tinha mudado seus horários de refeições para não se esbarrar em Gilbert. Como nem sempre os homens da família podiam se juntar aos demais moradores da casa por conta da inconstância no trabalho da fazenda, as horas das refeições variavam bastante, e Anne sempre dava um jeito de saber quando Gilbert viria para casa, pois ele nunca deixava de avisar aos empregados. Era uma regra criada por John Blythe para que as rotinas domésticas de Terracota não fossem perturbadas devido a problemas relacionados a tarefas externas. Assim, Anne podia fazer suas refeições com mais tranquilidade, e muitas vezes, para diminuir o risco de um encontro inesperado, ela comia na cozinha mesmo, e se algum criado estranhava esse comportamento, nunca diziam nada, talvez por imaginar que a garota da cidade ainda não tivesse sido doutrinada na cartilha rigorosa do Blythe mais novo, e com o tempo acabaria seguindo todas as regras da casa.

The Tutor- Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora