ANNE E GILBERT
Era manhã de domingo e Anne acabou acordando antes que todos na fazenda. Assim que o sol se tornou um astro brilhante no céu, ela atirou a coberta de lado e correu para a janela para dar um sorriso de bom dia àquele cenário esplendoroso. Ela ainda não sentia que Terracota era seu lar, mas estava tão feliz que não cabia em si, e os últimos dias ao lado de Gilbert eram responsáveis por isso.
John prolongara sua viagem por mais uma semana, e a casa era apenas de Anne, Gilbert e Ruby, e um bando de empregados que nos fins de semana eram dispensados, e apenas a cozinheira era mantida para fazer as refeições da família. Mas naquele fim de semana, Gilbert lhe dera folga também, por isso a alimentação dos moradores da casa ficou por conta do jovem casal que não se importava de dividir essa tarefa doméstica, desde que pudessem fazê-la juntos.
Para aumentar a animação de Anne, naquele domingo, Ruby também tinha saído. Ela fora passar o fim se semana na fazenda de Diana, assim ela e Gilbert poderiam ficar juntos o tempo todo e não precisariam se esgueirar pelos corredores da casa para trocarem beijos e carícias, e demonstrarem o que sentiam um pelo outro. Pois, uma vez que tinham combinado de manter aquele namoro em segredo por certo tempo, eles não podiam deixar que nem mesmo os empregados desconfiassem que seu relacionamento agora era outro.
De certa forma, para Anne aquilo tudo não deixava de ser excitante. Ela gostava da ideia de não estarem sobre a vigilância ou julgamento de ninguém, de poderem manter seus sentimentos ocultos até quando pudessem estar sozinhos, e deixar que seus corações falassem por eles, tornando cada emoção e sentimento mais intenso pela falta que sentiam um do outro quando tinham que fingir que eram apenas primos por conveniência.
Porém, ela entendia que Gilbert não pensava da mesma maneira. Para ele era penoso ter que esconder o que sentia por ela de todo mundo. O rapaz lhe falara várias vezes que não se sentia confortável diante daquela situação, e que enfrentaria o mundo para que pudessem viver seu sentimento às claras. Ele era honesto demais para mentir, Anne tinha que admitir, e estar disposto a fazer isso, indo contra o que acreditava ser correto, apenas porque ela lhe pedira era para Amne uma prova mais do que concreta de que os sentimentos dele por ela eram fortes e verdadeiros, e ela se sentia da mesma maneira em relação a Gilbert.
Estavam vivendo momentos incríveis. Era maravilhoso sentir que se harmonizavam, apesar de ambos serem teimosos e terem um temperamento forte e baterem de frente muitas vezes, porém no final se entendiam, com beijos e carinhos ternos, eles se perdoaram e se preparavam para o próprio round, porque sempre haveria a próxima vez que discordariam, tentariam mostrar um ao outro quem tinha razão, e no fim acabariam no sofá da sala ou no quarto de ambos no maior amasso, provando a si mesmos que não conseguiam mais ficar longe um do outro.
O que Anne apreciava demais era que não havia monotonia entre eles. Além de lindo de morrer, Gilbert Blythe era extremamente divertido. Ela se espantava com seu bom humor, contrastando imensamente com homem autoritário e carrancudo que ele fora no passado. Quando Anne chamava a atenção dele para esse fato, o rapaz dizia que ela fora a culpada por ele ter vivido no limite da paciência nos últimos meses, porque o deixava tão fora de si que acabava agindo de um jeito que não era o seu. Anne respondera que ele também não contribuia para que ela ficasse tranquila, querendo mandar nela, como se ela fosse uma garotinha sem vontade própria, e assim ambos tentavam provar seu ponto de vista quando em seu íntimo sabiam que tanto um quanto outro estava certo, mas não dariam o braço a torcer pelo simples prazer da provocação.
Anne ficou um bom tempo na janela admirando a vista e pensando nos últimos acontecimentos, se sentia tão viva que seu coração chegava a dar pulos de alegria, e sua mente a deixava um um estado de graça, que era quase como se tivesse asas e pudesse voar o mais alto que almejasse. Estar apaixonada por Gilbert fazia isso com ela, era uma sensação boa de liberdade que lhe fazia muito bem, pois tinha a sensação que antes de descobrir seus reais sentimentos por Gilbert ela nunca fora livre para amar daquela maneira, apenas pensando em si mesma e deixando todo o resto do lado de fora.
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The Tutor- Anne with an e
FanfictionA Fazenda dos Blythe fora o paraíso dourado de Anne até seus dez anos de idade, onde ela desfrutava de uma infância feliz ao lado de sua mãe, de seu padrasto, sua meia irmã Ruby, cinco anos mais nova, e Gilbert Blythe, por quem nutria uma paixonite...