A água quente caindo por sua pele rosada fazia Anne suspirar. Era a melhor forma de despertar depois da noite que tivera com Gilbert.
Ela vinha dormindo mais no quarto dele, do que no seu nos últimos dias, mas o banho, gostava de tomar em seu banheiro.
Era um momento de cuidado que podia ter consigo mesma, e gostava da sensação de que estava no controle pelo menos nesse momento.
Ter Gilbert como namorado era como estar envolvida em um tornado que arrasava tudo o que tinha construído para si antes disso. Suas barreiras de proteção eram arrancadas, seu coração virado ao avesso, e suas emoções viviam em um looping que a deixavam permanentemente exausta.
Mas também tinha suas compensações, pois Gilbert era cuidadoso demais com ela e muito carinhoso. Isso valia qualquer esforço ou sacrifício de sua parte, porque saber que quando estivesse naqueles braços, seu namorado faria de tudo para vê-la bem e feliz, era a única recompensa que realmente desejava.
John vinha evitando falar com ela e Anne desconfiava que não era apenas porque Gilbert a assumira como namorada perante a família. Ela descobrira o segredo dele sobre sua mãe, e tinha quase certeza que a expulsão da família dela da fazenda há nove anos tinha algo a ver com aquilo.
Era estranho pensar que um homem como John fosse capaz de amar alguém além de suas terras e a si mesmo. Anne chegava a pensar que ele barganharia qualquer membro da família Blythe se isso mantivesse seu império intacto.
A dureza de John contrastava imensamente com a suavidade de Gilbert, mesmo que por fora as pessoas não pudessem enxergar o que ela podia ver tão bem em seu namorado.
Ele era generoso com quem quer que fosse, estava sempre apto a ajudar e dava o seu melhor para que as pessoas ao seu redor se sentissem acolhidas.
Era por isso que seus empregados, amigos e familiares o estimavam tanto. Gilbert tinha um coração sensível demais dentro daquela alma de cowboy durão e autossuficiente.
Anne estendeu a mão e pegou seu xampu de morango. Ela molhou os cabelos e quando ia começar a lavá-los, Gilbert a fez colar suas costas no tronco dele e disse:
— Deixa que eu faço isso para você.
As mãos dele ensaboaram os fios vermelhos com delicadeza, fazendo Anne suspirar totalmente relaxada conforme sentia Gilbert massagear sua nuca.
Aquilo era uma delícia e tão viciante que Anne se perguntou, porque nunca o deixara fazer aquilo antes.
Os dedos dele eram gentis, e quanto mais Gilbert massageava seu couro cabeludo, mas relaxada Anne ficava e se apoiava nele como se seu corpo pedisse por mais.
O rapaz, por sua vez, estava amando aquele momento. Cuidar de Anne era um prazer que ele se permitia em todos os momentos possíveis. Adorava ver como ela parecia se derreter sob o seu toque e como o coração dela batia mais rápido quando seus corpos estavam próximos.
Não viera ali para provocá-la ou buscar por sexo matinal. Estava ali, porque queria dar carinho a mulher que o fazia feliz a cada minuto do dia.
Nunca sonhara com a parceira perfeita. Na verdade, anos antes, quando pensava em se casar e ter filhos, a única coisa que lhe ocorria era que isso aconteceria bem tarde, depois que ele aproveitasse a vida e ganhasse todos os prêmios de rodeio que desejasse.
O amor sempre fora uma incógnita para ele, um sentimento bonito de ser descrito em poemas, mas senti-lo nunca foi uma preocupação e nem mesmo pensara que aconteceria com ele.
Agora estava ali, totalmente vidrado naquela ruivinha com quem queria passar o resto de sua vida. Só não se casava com ela naquele instante, pois Anne lhe pedira para esperar por dois anos para que chegasse à maioridade e ficasse livre das responsabilidades que o testamento de William colocara em suas costas.

VOCÊ ESTÁ LENDO
The Tutor- Anne with an e
FanficA Fazenda dos Blythe fora o paraíso dourado de Anne até seus dez anos de idade, onde ela desfrutava de uma infância feliz ao lado de sua mãe, de seu padrasto, sua meia irmã Ruby, cinco anos mais nova, e Gilbert Blythe, por quem nutria uma paixonite...