Capítulo 20 - Sempre fomos nós

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ANNE E GILBERT 

A chuva naquela manhã era intensa, e o barulho ensurdecedor batendo na janela fez Anne despertar. A primeira coisa que notou ao abrir os olhos foi seu corpo dolorido, e a sensibilidade em suas partes mais íntimas, fazendo-a se lembrar imediatamente da noite anterior. 

Um enorme sorriso nasceu em seu rosto ao pensar no que ela e Gilbert tinham feito juntos. Ela esperara tanto por aquilo, e fora absolutamente perfeito. O toque dele ainda estava em sua pele, e o deslizar dos lábios dele por seu corpo ainda era uma terna recordação.  

Anne rolou para o lado, e ficou desapontada ao perceber que Gilbert não estava na cama.  Ela desejara tanto acordar nos braços dele, e se ver sozinha na primeira manhã após ter feito amor com o homem de sua vida não era exatamente o que tinha planejado. No entanto,  não podia ficar zangada com alguém que lhe dera tanto na última noite, que a fizera sentir que tinha encontrado seu lugar novamente, e que não mais sentia aquele vazio dentro de si, como.se estivesse em uma busca eterna por algo que nem sabia exatamente o que era.

Mas então, nos braços de Gilbert ela descobrira o que tanto lhe faltava, o que tanto a fizera caminhar por tantos lugares sem nunca realmente encontrar o que a fazia feliz. Faltava-lhe aquela sensação de se sentir em casa de novo, de ter para onde voltar quando a dureza do mundo se tornava insuportável,  de ter mãos protetoras que acariciariam seus cabelos, e uma voz suave que lhe dissesse que estava tudo bem não ser forte o tempo todo, e olhos verdes que lhe demonstrariam seu amor sem palavras. 

Em Los Angeles sua vida fora boa, mas ela nunca se sentira parte daquela cidade de verdade. Era como se fosse sempre uma estranha em meio a um ambiente que carecia de colinas encantadoras, pastos verdes, e um por de sol memorável. Em Terracota, Anne tinha tudo isso, e ainda tinha o amor do homem mais maravilhoso do mundo. Quem diria que aquele adolescente irritante, seria o único que faria  seu coração bater diferente? Quando pensava em Gilbert naquele tempo  Anne apenas o via como um garoto bonito, que estava sempre por perto, a protegendo de qualquer situação adversa que pudesse colocá-la em perigo. Em sua inocência infantil, nunca imaginara  que se apaixonariam e teria sua primeira vez com ele, e analisando melhor tudo o que vivera com Gilbert nos últimos tempos, não poderia ter sido diferente.

Ela agarrou o travesseiro dele, e o abraçou como se fosse Gilbert que estivesse ali, e como uma boba apaixonada aspirou o restinho do aroma de sua espuma de barbear que permanecia sobre a fronha branca, e se perguntou onde ele poderia estar. O cheiro de café que chegou até ali respondeu sua pergunta, e assim Anne resolveu se juntar a ele na cozinha, mas antes, ela se levantou da cama, trocou os lençóis por outros limpos, e tomou uma ducha rápida,  se vestindo com uma das camisetas compridas de Gilbert, e rumou para onde sabia que ele estava naquele momento.

Gilbert estava no fogão,tão concentrado no que estava fazendo que não percebeu a presença de Anne imediatamente.  Ela se aproximou dele, deixou um beijo em sua nuca, fazendo o rapaz se virar e dizer:

-Não acredito que já se levantou. Eu ia levar o café para você na cama. - a expressão decepcionada do rapaz fez Anne rir, envolvê-lo pelo pescoço e responder:

-Desculpa estragar sua surpresa. Quer que eu  volte para a cama e finja dormir para que você possa realizar sua fantasia? - o rapaz  balançou a cabeça, enquanto a fitava com um sorriso de canto e disse:

-Agora não teria mais graça. Você descobriu o que eu estava planejando. 

-Então, o que teria graça? Me diga para que eu possa te ajudar com sua ideia.- ela insistiu, passando a ponta dos dedos pelos cachinhos dele. Como podia um homem feito como aquele ter fios macios como de um bebê? Gilbert era uma mistura masculina de muitas nuances diferentes que ela estava aprendendo a identificar pouco a pouco. A maior parte do tempo, ele era aquele homem lindo, confiante e irresistível.  Mas às  vezes, ele também tinha um lado adoravelmente infantil quando dividia uma panqueca caramelizada com ela, brigava pela última pipoca no pacote, e emburrava quando ela não deixava que ele assistisse  seu desenho favorito na TV, porque tinham combinado de ver um filme juntos, e precisava de um cafuné suave todas as noites antes de dormir.

The Tutor- Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora