Capítulo 32 - Coração em festa

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O inverno estava no auge e a estação em Terracota podia variar bastante. Alguns dias, o frio era intenso, em outros, a temperatura era bastante amena e para os visitantes naquela parte do estado, que não estavam acostumados com a inconstância do tempo, essas mudanças bruscas podiam trazer surpresas desagradáveis.

Contudo, Gilbert Blythe parecia imune àqueles inconvenientes da estação, por ser um homem do campo e por ter vivido a vida inteira lutando contra todo tipo de contratempo, que um fazendeiro enfrentava naquela parte do estado.

Ele tinha outro motivo para estar desperto às cinco horas da manhã daquele dia extremamente frio. Seu coração também lutava por uma batalha solitária para sobreviver à dor que o abandono de Anne tinha lhe causado.

Um pouco impaciente, o rapaz tirou o chapéu e correu as mãos pelos seus cabelos escuros. Fazia quatro meses que ela tinha ido embora, e Gilbert não conseguia esquecê-la. Tinha tentado de tudo para encontrá-la, mas ainda não tivera sucesso.

Ele tentara ligar várias vezes, mas logo, descobriu descobriu que Anne mudara o número de telefone o que tornava difícil sua comunicação. Então, em um ato de desespero, Gilbert pediu a Ruby, que qualquer informação que ela tivesse sobre a ruivinha, que lhe passasse imediatamente. Mas a menina dissera que também não falara com a irmã naquele tempo, o que o rapaz não acreditou, porque achava impossível que Anne deixasse de falar com a irmã, com que possuía uma ligação muito grande. Contudo, não insistiu, pois a menina não merecia ser pressionada naquelas circunstâncias.

Mas isso não queria dizer que tinha desistido. Ele colocou Cole para fazer uma busca em toda parte de Los Angeles. O rapaz, tinha contatos naquela cidade, além de se valer de sua habilidade no computador para conseguir fazer um rastreio completo.

O que ele descobrira até então, não tinha sido animador, pois a casa onde Anne tinha vivido antes, tinha sido vendida pela própria imposição de Gilbert, quando a trouxera para Terracota.

Naquele tempo, não tinha ideia de como as coisas aconteceriam entre ele e Anne, e sequer tinha imaginado que estaria em uma encruzilhada sem saber que rumo tomar. Agora se maldizia por ter exigido que o antigo lar de Anne fosse vendido, porque seria um bom ponto de partida para procurá-la, e no entanto, não tinha nada em suas mãos naquele momento.

O dia estava começando a amanhecer e os primeiros raios de sol lançavam sobre o horizonte cores de tirar o fôlego. Entretanto, Gilbert não parecia estar interessado naquele espetáculo da natureza. Seu pensamento estava perdido em uma certa ruivinha, que continuava sendo o seu mundo, mesmo que não estivesse ao seu alcance como antes.

Ainda não tinha acreditado que Anne havia partido e lhe deixado um bilhete tão ridículo, ao qual lera inúmeras vezes e acabara por queimá-lo na lareira da sala por puro ódio e desencanto.

Anne não fingira amá-lo, e muito menos tinha se enganado a respeito de seus sentimentos por ele. Gilbert sabia o que tinham vivido juntos e conhecia a ruivinha como ninguém. Ela sempre fora sincera com ele a respeito de tudo e por isso, não tinha motivos para duvidar de qualquer palavra que ela tivesse lhe dito.

Alguma coisa tinha acontecido para fazê-la ir embora da fazenda e desaparecer das vistas dele completamente. Precisava encontrá-la e o faria com ou sem ajuda, pois o amor que sentiam um pelo outro valia a pena qualquer sacrifício.

Ainda com seus pensamentos conturbados, ele abriu a garrafa térmica que trouxera com ele e encheu uma xícara com o líquido escuro. A cafeína vinha sendo sua amiga em todas aquelas semanas em que trabalhava por doze horas ininterruptas. Era seu antídoto para a dor, pois quando chegava cansado em casa à noite, ele apenas tomava banho e se atirava na cama, adormecendo quase que imediatamente.

The Tutor- Anne with an eOnde histórias criam vida. Descubra agora