Filhos do fogo - Selene

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O palácio todo fica em alarde quando souberam da morte do oficial. Visto um vestido rosa detalhado com flores e rendas finas. Tomo o café da manhã, bolos, frutas e chá, estava tudo muito bom. Como sempre. Assim que termino desço a escadaria de mármore branco e vou atrás de Lyan, temos que ir dar uma volta nas ruas movimentadas de Forte da fenda. Para uma aparição em público, óbvio. Como se já não tivesse tido uma noite mal dormida, agora preciso lidar com isso. Esfrego as temporas. Só de pensar fico com dor de cabeça.
Vou até a sala de treinamento, onde tenho certeza que estão todos treinando a esse horário. Então chego a uma porta vermelha com oficiais ao lado, me aproximo e eles abrem a porta.

- Obrigada.

A sala de treinamento é enorme para falar o mínimo. Há armas penduradas nas paredes e em mesas. Umas 4 arenas de luta corporal, tiro ao alvo com facas e flechas, onde vejo Aelin treinando, acertando todos os alvos precisamente. Rowan luta com espadas junto com Reaghan, Dorian e Drystan, todos treinando. Avisto Damen lutando com Lyan com bastões, e sem camisa. Damen eu já tinha visto seu abdômen musculoso, mas não se compara com Lyan... Caramba e as cicatrizes... Ele me vê o observando e acena com a mão, fala algo para Damen e desce da arena, pega uma toalha e seca o suor, sem tirar os olhos de mim. Caminho em sua direção.

- Veio nos ver treinar? - pergunta pegando a jarra de água e enchendo o copo.

- Não - o observo - Esqueceu? Temos uma caminhada hoje - acrescento -  as 10 horas.

- há, sim, eu sei - termina a água e entrega para Damen.

- Eai Selene! - Drystan chama - Veio nos ver treinar sem camisa - não foi um pergunta, mas ri malicioso. Reaghan o encara feio, com ameaça nos olhos.

- Vai se ferrar Drystan! - Damen o xinga

- Igualmente irmãozinho - retruca rindo.

- Chega garotos - Dorian avisa e todos se calam - e Drystan, mais respeito - o príncipe herdeiro se afasta erguendo as mãos.

Olho para Lyan e o vejo me encarando, parece sério e com raiva.

- Oque foi? - sussurro somente para ele ouvir - Oque foi Lyan?!

- Nada - responde e seu olhar recai sobre meus pais - Venha comigo - não é uma pergunta - Agora

-Lyan... - ele não me deixa terminar e me puxa pelo braço até a saída.

Olho para trás a tempo de ver minha mãe parar de treinar e olhar na minha direção. Quase paro, mas Lyan me puxa mais forte para fora da sala e me leva pelos corredores até chegarmos a uma porta de carvalho escuro e entramos, fechando a porta atrás de nós.

- Mas que merda! - Minha voz sai irritada - Oque foi isso ?

- Você acha certo entrar na sala de treinamento assim? - fala e não entendo oque quer dizer - Falta 1 hora para o passeio, não precisava ir atrás de mim! - fala muito bravo e estremeço recuando um passo.

- Eu sou uma princesa Lyan! Posso ir aonde eu quiser - ele me encara ainda com raiva - Quem é você para me dizer isso! - Mais rápido que consigo acompanhar Lyan me empurra contra a parede sem me ferir.

- Sou seu noivo - acrescenta - E muito em breve serei seu marido Selene - aos poucos sua expressão fica mais calma.

- Eu sei - sussurro - Eu sei, e já odeio isso - olho em seus olhos - Não me fassa odiar você também Lyan - tão rápido quando me empurrou se afasta.

- Desculpa - diz passando a mão pelo cabelo - Eu enlouqueci - então me encara, mas seu olhar é suave de um jeito diferente - Você me deixa louco - concluí.

Não tenho palavras, por isso o encaro de volta. Com toda a agitação não reparei que ainda está sem camisa, olho cada músculo definido e uma cicatriz que marca sua barriga, é espeça e com base nisso o ferimento deve ter sido feio, no mínimo.

- Quem fez isso com você? - pergunto calma. Lyan acompanha meu olhar e percebe do que me refiro.

- Vizinhos mal humorados - continua - Minha infância não foi as melhores.

- Foi quando era criança? - pergunto indignada - Foram os Caninos Brancos? - ele assente ambas as perguntas.

- Sinto muito - falo me aproximando - Posso? - pergunto querendo tocar na cicatriz, assente.

Levo a mão tocando na parte esquerda em baixo onde começa a cicatriz e vou subindo diagonal até chegar ao final, quase chega ao mamilo direito. A espessura da cicatriz é pouco mais que 1 cm. Quem faz isso com uma criança? Indago para mim mesma, porém acho que falei em voz alta.

- Eles fizeram - sussurra Lyan - Mas não sem motivo - ergo meu olhar até o dele.

- Não há justificativa para alguém ferir uma criança - indago.

- Eu fiz algo errado - fala com um olhar sombrio, ergo as sombrancelhas - Eu era amigo do filho do chefe da aldeia. Fomos passear no lago e nadar, então fizemos uma aposta de quem conseguiria atravessar o lago, mas só eu cheguei ao outro lado. O chefe da aldeia ficou sabendo e pegou um chicote de aço e bom... Aqui está a cicatriz - termina apontando para o abdômen.

- Não foi sua culpa - balanço a cabeça - Isso foi um acidente, ele não tinha o direito de fazer isso.

- Um pai de luto perde seu raciocínio - fala - E meu pai ficou muito irritado e o executou por isso - Lyan se afasta.

- Melhor se arrumar então, falta poucos minutos - Lyan assente e vai ao closet e alguns minutos depois sai vestido um lindo terno azul, sem muitos detalhes.

- Oque acha? - pergunta.

- Ficou bem em você - e sou sincera, Lyan fica bem de terno.

- Vamos então? - fala estendendo a mão, aceito e saímos.





 

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