Os últimos minutos foram um borrão, Lyan me pegou, me jogou nos móveis, a força que ele tinha era muito superior a minha, mal consegui me defender. E ele sorria. Depois amarou meus pulsos na cama e rasgou o que eu ainda tinha de roupas. Tirou as dele e subia por cima de mim, abriu minhas pernas. E eu gritava, me sacudi, mas de nada adiantou. Ele entrou em mim tão fundo e com força que me fez gritar de dor. Sua mão foi ao meu pescoço me enforcando, senti o ar sair de meus pulmões. Tudo estava ficando preto.
Então ouvi um barulho forte, o ar esquentou. Não conseguia ver, mas escutei um grito, ouvi passos se aproximando e arrancando ele de cima de mim. Voltei a respirar, mas estava trêmula, fraca. Ele drenou minhas energias.
Mãos quentes tocam meus pulsos e queimou as cordas. Mãe. Algo me cobriu, mas tudo que vi era vultos.- Filha... - ouvi ela dizer com sua voz triste.
Ela me ergue e me apoia em seu colo, e sinto suas mãos em meus cabelos. Apago logo em seguida.
*
Acordo, olho para a janela e já é noite. Mãos tocam meus cabelos, acariciando. Tento me mexer.
- Shh, sou eu - diz minha mãe - Estou aqui agora.
- Mãe... - minha voz sai rouca e trêmula.
Olho em volta e estou em seu quarto, na sua cama e com a cabeça apoiada em seu colo. Tento me sentar, mas, mal consigo me mexer, estou fraca e dolorida.
- Calma, ainda está muito fraca - explica - Você teve muitos ferimentos - agora sua voz é trêmula.
- Foi tudo um borrão... O Lyan... Não foi ele...
- Eu sei - diz beijando minha testa - Eu sei - lágrimas escorrem de seu rosto e caem em mim.
- Não é culpa sua - tento consolar - Eu também só descobri ontem a noite - tento me mexer, mas solto um gemido de dor.
- É minha culpa sim, não devia ter apressado esse casamento - diz com pesar - devia ter esperado - sussurra - Agora você está aí machucada de várias formas, a minha garotinha - a última frase termina em choro.
Levo uma de minhas mãos ao seu rosto e enxugo as lágrimas e acaricio.
- Não quero que se culpe - digo em voz baixa, mas firme - Ele fez isso comigo, não você - Aelin segura minha mão que está em seu rosto - Temos que salvá- lo.
A rainha me encara sério por um momento, depois ergue seu olhar para a porta, que se abre em seguida. Não vejo quem é.
- Como ela está? - meu pai se aproxima e senta na beirada da cama e me olha - Vou matar ele.
- Não foi Lyan, um príncipe valg assumiu o controle de sua mente - explico com a voz rouca - Agora ele deve estar tão quebrado quanto eu - Ambos me olham - O demônio disse que ele estava assistindo a tudo o que fazia.
Rowan abaixa a cabeça, Aelin volta a acariciar meus cabelos e um silêncio se instala por um tempo.
- Vou tentar libertar ele - diz enfim minha mãe, Rowan a escara sério - Já fiz isso com o Dorian uma vez, e deu certo - explica.
- Era diferente e você sabe - responde Rowan - o pai do Dorian o ajudou de certa forma.
Aelin assente e abaixa seu olhar para mim, passa seus dedos na marca, que deve ter ficado do enforcamento. Seu toque é suave e quente, mas minha mente puxa a cena horrível e do um salto na mesma hora me afastando. Saio rápido da cama e vou me arrastando até a janela. Preciso de ar.
- Selene? Me desculpe - minha mãe se aproximou - Não queria te trazer nenhuma lembrança...
- Não! Não chegue perto - digo rápido - Preciso de ar e espaço.
Ela assente, triste e abraça meu pai. Vou para a sacada, respiro fundo no breu da noite. Tento me acalmar. Isso vai passar, só preciso de tempo.
Olho os jardins iluminados por lamparinas. Me concentro em movimentar o fogo dentro delas, porém ainda estou fraca. As estrelas brilham mais do que nunca, formando constelações. O Cervo, símbolo de Terrasen está apontando para o norte. Dizem que é para o povo nunca se perder e conseguir voltar para casa.
Após alguns minutos, sinto frio e volto para o quarto. Aelin está sentada num sofá perto da lareira já acesa e Rowan reconstado no mesmo sofá.
Vou bem devagar até o sofá de frente para o deles e me sento. Solto um gemido pela dor que sinto em todo o corpo. Percebo que estão me observando.- Tudo bem? - pergunta meu pai - Quer que eu pegue uma manta?
- Acho que vou me limpar antes, mas obrigada - respondo e minha mãe ja se levanta.
- Venha então, eu te ajudo - diz caridosa, começo a balançar a cabeça em negativo - Não, não diga que não precisa - implora - me deixa cuidar de você.
- Tá bom - assinto sem ter mais energias para discutir.
Levanto cuidadosamente e sigo Aelin para o banheiro. Uma criada logo enche uma banheira grande o bastante para duas pessoas. Olho minha mãe.
- Se não quiser eu não entro - diz rapidamente gesticulando com as mãos - Mas gostaria de cuidar de você.
Penso por um momento e aceno em concordância. Aelin fica aliviada, e sussurra um agradecimento. Vou de frente para um espelho de corpo inteiro e olho pra ver o quão ruim está.
A marca em meu pescoço ficou escura, meu labio está cortado. Do lado da minha cabeça tem um corte pequeno. E meus braços estão com algumas marcas roxas.
Tiro a camisola para ver o resto, sem me importar quem vê. Entre minhas coxas está roxo também, vários machucados que vai do meu tronco até meus joelhos. Ouço um suspiro de assombro vindo atrás de mim. Olho e vejo minha mãe com o rosto cheio de lágrimas e olhos em choque no que vê.
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Fogo & Noite
FantasyE se todos os personagens favoritos estivessem em um só mundo, como seria? Será que Prythian está igual? ou Erilea? Norta? Elfhame? Novo mundo, muitas coisas mudam com o passar do tempo. E alguns jovens não seguram suas curiosidades. Despertam o...