Filhos do fogo - Lyan

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As ruas principais de Forte da fenda estão cheias, nunca pensei que tantas pessoas fossem vir para nos ver. Passamos por várias lojas, restaurantes e prédios enormes. Novos, claro. Durante a guerra as bruxas destruíram praticamente toda a cidade, sobre as ordens da antiga matriarca Bico Negro. Avó de Manon. Graças aos deuses que morreu.
Selene está meu lado, sempre sorrindo para todos os cidadãos, gosto desse jeito amigável e receptiva dela, é raro. Riu com o pensamento, Selene percebe e me olha de esguelha.

- Esta rindo do que, posso saber? - seus olhos turquesas brilham de curiosidade.

- É só meus pensamentos, Alteza - digo propositalmente e e a raiva é nítida em seu rosto.

- Já disse para não me chamar assim! - e belisca meu braço.

- Ai! - reclamo - Não precisava agredir - brinco.

- Tadinho do meu noivo - fala com voz que a maioria das pessoas se dirige para bebês, ela ri da minha reação - Essa com certeza vou guardar na minha mente - termina rindo ainda mais. Minha espreção de tédio e raiva continua.

- Não tem graça, princesa - mas estou rindo também. Droga, perdi.

- Claro - seu olhar se volta para frente e seu sorriso se alarga mais ainda - Tenho uma idéia, vem - pega na minha mão que entrelaço e me leva num ritmo rápido, passando por pessoas e seguindo a diante até finalmente ela para e sigo seu olhar.

- Um teatro? - pergunto confuso.

- Não é só um teatro - seu olhar encontra o meu - É um teatro musical.

Então vamos até a plateia e poucas pessoas percebem que estamos entre elas. A peça da início. O palco é grande, com paredes de madeira e um teto simples. Homens e mulheres dançam em pares, formando casais ao som de uma melodia alegre. Dançam e rodeiam os vestidos das mulheres são diversos, um é amarelo, rosa, azul e verde. Os homens seguem da mesma cor que suas companheiras.
Uma voz suave começa a cantar. Devo admitir ela tem talento. A canção conta sobre uma garota que queria ser livre, adorava suas aventuras. Um dia foi aprisionada e obrigada a se controlar e seguir ordens de homens, porém seu espírito livre nunca aceitou. A jovem achou um portal que levava para outros mundos, cada um diferente do outro. Ela entrou, indo para sempre para outro mundo. Ficou totalmente perdida, mas estava livre, lá poderia ser quem ela quisesse e jurou para si mesma que ninguém iria a prender novamente.
E em toda a música ao som da melodia de piano e violino, os dançarinos dançavam e mostravam suas emoções e liberdade pela dança.
Quando acaba vejo lágrimas escorrendo pelo rosto de Selene.

- Foi mesmo emocionante, não foi? - e os aplausos ressoa, aplaudo também.

- Foi - responde, seu tom de voz está diferente.

- Tudo bem? - tento dizer no meio dos aplausos e assovios, balança a cabeça.

- Sim, só estou cansada - percebo  que nossas mãos ainda estão entrelaçadas, quando Selene se afasta - Vamos voltar? - pergunta, então noto no seu olhar que alguma coisa na música a incomodou, abaixo a cabeça e tudo se esclarece. Se sente presa. E por mim.

- Certo - olho para os lados e lidero o caminho até o castelo.

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