Filhos do fogo - Selene

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Caminho até a porta com a pedra numa mão e a espada na outra. Damen e Lyan vem logo atrás.
Quando pisamos o pé para fora me deparo com várias silhuetas de preto. Muitos. Todos paramos de repente e as silhuetas no meio da névoa se aproximam. Ergo a espada em posição de defesa. Olho para todos os lados, não há para onde correr, estamos cercados por escombros enormes, ao perceber isso também Lyan dá um passo a frente.

- Oque é isso? - grita para os oficiais parecendo que são mortos- vivos, pelas suas expressões vazias e indecifráveis - Se afastem! - não o fazem e meu noivo avança.

- Lyan! Não! - tento impedi- lo, tarde demais, então Damen e eu vamos juntos.

- Isso é suicídio - avisa o príncipe.

Todos corremos em formação de ataque, mas também em defesa, em uma distância suficiente para ganhar tempo.  Isso realmente é suicídio, são mais de 30 soldados. Cada segundo se aproximando mais e mais, fico tensa. Talvez tenha sido uma péssima ideia vir aqui, claro que os oficiais da entrada deixaram que a gente entrasse sem esforço. Era uma armadilha.
Porém a pedra estava lá dentro, e é real, sinto isso.

- Selene - começa Lyan, mas então um vento começa a levar a névoa embora e uma explosão de luz dourada se aproxima. É o poder de meus pais. Mas está longe demais, não vão chegar a tempo. Os soldados já estão a dez metros de distância.

Invoco fogo em minhas mãos e na espada que brilha de tons de vermelho e laranja. Formo um escudo, nos separando do exército. As chamas tão quente que Damen e Lyan precisam se afastar. O exército param numa distância segura do escudo flamejante. Eles tem medo, ótimo.
Só não sei quanto tempo consigo segurar, nunca usei meu tanto poder assim. Damen cria fogo azul e o junta no escudo o reforçando, criando cores azuis e brancas com o mais vivo escarlate e dourado.
Alguns minutos se passam e uma escuridão tenta absorver o escudo flamejante. Invoco mais poder para segura- lo, suor escore pela minha testa.

- Não vamos conseguir, são muitos - aviso.

- Precisamos tentar - Damen diz com a voz rouca pelo esforço, então da um passo a frente - Aguente Selene, você consegue, acredite em seu poder, em si mesma.

Eu consigo.
Eu preciso.

Invoco e conjuro o máximo de poder que consigo. Fogo vívido sai em explosão, sinto até meus olhos queimando. Chamas saem incinerando tudo em sua volta. Mal escuto Lyan gritar meu nome e atrás de mim sinto o ar gélido. Na tentativa de aplacar o ar quente.
O cansasso toma conta de mim e caio de joelhos. Minha visão fica turva, silhuetas correm em minha volta, palavras são proferidas. Está tão longe e distante, penso se consegui os salvar, ou se estão mortos. Todos eles.

- Selene! - volto ao presente - Selene abre os olhos - ouço uma voz de minha mãe e abro os olhos num estampido e a vejo com a expressão preocupada e assustada.

- Mãe - tento dizer.

- Shh, estou aqui minha querida, aguente firme, Ok? - sua mão percorre  minha bochecha acariciando.

Alguém me pega nos braços e começa a andar. Fico sonolenta. Então apago.

                      

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