Filhos do fogo 🔥

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Um dia incrivelmente entediante como todos os outros nesse verão. Mas mesmo assim aparenta ser diferente.
Amanhã é meu 18° aniversário. Para o mundo é uma princesa de um grande reino se tornando adulta, e claro com idade para se casar. Aff, essa gente. Eu só vejo um simples e qualquer aniversário (aliás fasso todos os anos). E é sempre a mesma coisa: os palácio inteiro fica agitado com os preparativos; meus pais, e meus irmãos ficam sempre muito animados; e todo mundo fica no meu pé.
Faz tempo que parei de me importar com essas coisas. Fiquei observando pela sacada, o jardim preferido da minha mãe. Repleto de vários tipos de flores e pequenas árvores de pinheiro ao redor.           Uma grama bem cuidada e um verde vivo do verão. Com certeza é de perto o lugar mais lindo que já vi.  O calor está excessivo hoje, e são apenas 9 da manhã.
Guardas passam rondando perto do jardim, olham e piscam para mim. São bonitinhos até, um tem o cabelo levemente cacheado loiro, apesar de serem curtos algumas mechas raspam sua orelha. Sua pele dourada, um pouco morena, pelo sol, imagino.  Olhos castanhos, mas nada de mais.
O outro é ruivo, que chega quase nós ombros, não parece ser um oficial. Sua roupa é diferente, mais formal e bem arrumada. Provavelmente é um dos convidados. Ele me olha com seus olhos cor de mel. E acena com a cabeça para mim.
Fico ali um tempo, até minha criada me chamar:

- Alteza, suas majestades a Rainha Aelin Ashryver Galathynius e o Rei Rowan Whitethorn Galathynius, requer sua presença para o café da manhã - Fala com uma voz amigável, mas firme.

- Mas são 9 horas da manhã!, Ta bom, diga que já estou indo - falo com um tom entediado.
Oque será que eles querem? Talvez falar sobre amanhã, algum discurso que devo fazer.

- Eles disseram que é urgente, e precisa ser agora ... Alteza - odeio que todo me chamem assim, tenho nome sabiam?!

- Tudo bem - digo educada - Vamos? - pergunto a criada.

Ela acena que sim e descemos as escadas de quartzo brancas e polidas. Passamos pelos corredores e guardas, que  acenando para nós. Viramos o corredor a direita, depois esquerda. Chegamos a uma porta grande, branca com detalhes douradas formando chamas e vento rodopiantes. A ante-sala do quarto de meus pais.
Os guardas imediatamente abrem e entramos, a sala é grande e bela, como me lembro. Com os mesmos detalhes da porta. Toda imobilizada e decorada: a Lareira de pedras, com sofás ao redor; uma grande mesa no centro da sala, de madeira de pinheiro, envernizada com um tom escuro ( está cheia de doces, pães, bolos, chás ); 6 cadeiras, o número exato da família real, estão todos ali, só a minha está vazia.
Meu pai se levanta ao me ver, diz:

- Bom dia querida! Estávamos esperando você chegar - diz com um sorriso alegre, mas percebo que está nervoso - Sente-se, está tudo maravilhoso - diz pegando um pedaço de bolo.

Vou até a mesa e me sento ao lado do meu irmão mais velho, Reaghan. minha mãe parece estar um pouco triste, mas diz:

- Bom dia Selene, esta tudo bem?-
Ela sempre foi educada e amigável com todos, mas nunca fomos muito próximas. Sempre foi meu pai quem contava suas aventuras para mim.
- Bom dia, estou bem - digo - Mas ansiosa por querer saber, o por que me chamaram com urgência - falo curiosa, meus pais se olham, parece até que conversam mentalmente, quando fazem isso.

Meus irmãos mais novos, Reyna e Aiden, estão devorando os doces. Riu da cena, eles me olham com caras feias e mostram a língua. Riu mais ainda, e começam a rir comigo.

- quer bolo? Está delicioso o de chocolate! - diz minha irmã, com bolo me servindo um pedaço, sem nem eu aceitar.
- Obrigada Reyna - Provo um pedaço e ... - Humm, que delícia! - estava muito bom mesmo, minha irmã concorda e me serve outro pedaço, com um sorriso lindo no rosto. Agradeço e me volto para meus pais.

- então? Oque queriam comigo?- pergunto, minha mãe me olha e diz:

- Filh... Selene, recebemos vários convites de pretendentes para se casar com você - Fico imóvel, não acredito no que ouvi. Meu pai percebendo minha reação, fala:

- Eu sei, eu sei querida, mas quem sabe você goste desses rapazes - ele me olha, com seus olhos de esmeralda, preocupado e  continua - Os lordes esperam isso o quanto antes, eu também não gosto da ideia, a odeio na verdade... Mas... - minha mãe o interrompe com a mão.

- Ninguém gosta dessa ideia, muito menos eu - seus olhos turquesas parecem tristes - Estou sem escolha no momento, esses desgraçados querem que você se case - ela para um momento e continua - Até final do ano.

Fico paralisada, sem ter oque dizer sobre isso. Como? Como podem me dizer algo assim. São lordes não soberanos. Então disparo:

- Isso não vai acontecer, jamais!, Eu não vou me casar com qualquer um!, Muito menos esse ano - digo gritando cada palavra - Falta 6 meses! - estamos em Junho, eles não podem estar aceitando isso. A Rainha levanta da mesa rápida, arrastando a cadeira para traz.

- Não grite assim!, Não aja como se essa escolha fosse minha ou do seu pai! - Ela diz com a voz irritada, mas se acalma e continua - Vamos tentar fazer alguma coisa, mas amanhã fará seus 18 anos. Será adulta! E agirá como tal.

Não escuto mais, já estou andando até a porta e saíndo correndo. Sinto que alguém está me seguindo, mas não paro. Atravesso a Salão principal e saio para fora do palácio. Pego um atalho e vou para o estábulo, vejo um já selado e o monto. Fasso-o correr sem olhar para trás, em direção a mata de pinheiro altos.

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