Filhos do fogo - Selene

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O casamento foi lindo, incrível, maravilhoso. Lembro-me de que até chorei quando meu irmão e Jade fizeram os votos. O jeito que se olhavam, definitivamente se amam e isso é incrível, fico feliz, eles merecem.
Lyan esteve comigo por todo o tempo e o senti me olhando várias vezes durante a cerimônia. Depois do almoço, toda a tarde foi a festa e convidados de todo o continente vieram.
O rei e rainha Eyllwe e seus filhos, minha mãe tinha uma amiga desse reino a princesa que foi assassinada brutalmente, aqui mesmo nesse palácio.  Os imperadores do sul que ajudaram na guerra dos valg vieram, e seus filhos, ainda crianças e muito fofas, me trouxeram flores, lírios, me parabenizando pelo casamento no final do mês. Até onde sei todos que moram longe ficaram hospedados aqui para o meu casamento. O Lorde Chaol está aqui com sua esposa Yrene e filhos.
O Lorde Lorcan Lorchan e Lady Elide vieram também, claro. E vem nos cumprimentar, tento não ficar tensa, mas o sorriso de Elide é acolhedor, sempre foi um amor de pessoa. Já seu parceiro, Lorcan, confesso que me dá um pouco de medo, que logo passa.

- Estou tão feliz por vocês! - começa Elide - Alteza - e inclina de leve a cabeça em reverência.
Está usando um lindo vestido de saia verde oliva e o corpete justo que define sua silhueta, preto com brilhos prateados, para representar sua casa e Terrasen. Abro um sorriso sincero e meigo.

- Eu também estou feliz em rever vocês - digo - Que bom que vieram, estão gostando da festa?

- Sim, está realmente tudo muito bonito - Lorcan intervém olhando de mim para seu filho, ao meu lado - Estão se dando bem?

- Há, deixa eles! Hoje não é dia para isso - corta Elide e rimos.

- Tudo bem, mãe - Lyan finalmente diz alguma coisa - Sim pai, estamos nos dando bem - meu noivo recai seu olhar para mim - Pelo menos não tentou mais fugir.

Eu o cutuco com o cotovelo, e ri da minha cara.

- Filho! Isso são modos - Elide tenta ajudar.

- Lyan gosta de ser o engraçadinho de vez em quando, já estou acostumada - acuso com um sorriso sarcástico e Lyan coloca a mão ao peito com espreção dramática.

- Eu!? - indaga Lyan.

- Sim! - todos dizemos em uníssono.

- Tá bem - diz meu noivo erguendo as mão em rendição.

Os lordes se dependem e vão até minha mãe que está bebericando um vinho tinto com Rowan. Riu ao ver ao longe meus irmãos e outras crianças roubando doces das mesas e pregado peça nos guardas. Lyan segue meu olhar.

- Lembro-me de fazer isso muitas vezes quando criança - diz quebrando o silêncio.

- Sim, eu também - me viro para ele - mas eu era pior, admita.

- Claro - ironiza rindo - me lembro muito bem de eu e os príncipes livrando você de encrencas - reviro os olhos debochando.

-  Tadinho dos rapazes, sempre livrando uma princesinha de problemas, sem nem mesmo conseguirem sair - digo rindo com e mesma expressão debochada. Lyan bufa.

- ah, sei - diz se aproximando e pousa sua mão em minha cintura e se inclina - Quer uma aventura, Alteza? - sussurra em meu ouvido. Me arrepio.

- Que tipo de aventura, Milorde? - pergunto curiosa.

- Que tal roubar alguns doces e bolos da cozinha? - emenda - Como antigamente.

- Só se for agora - digo abrindo um sorriso de orelha a orelha. Seus olhos castanhos parecem brilhar e também abre um sorriso malicioso.

- Seu desejo é uma ordem - pega minha mão e saímos de fininho da festa.

O palácio está quase vazio, com apenas servos passando da cozinha até a festa no jardim. E guardas estão apostos em cada corredor e entrada, por segurança. Passamos por alguns convidados que passeiam pelos corredores de retratos de todos os antigos reis e rainhas de Adarlan e da família atual.
A cozinha não está muito longe agora, quase correndo pelas passagens secretas dos servos até darmos a uma porta vermelha, Lyan abre uma fresta para ver se tem alguém.

- Espere, quando eu disser vamos - sussurra e concordo com a cabeça, poucos minutos se passam - Vamos - e me puxa.
Abrindo a porta dando a uma enorme cozinha sem ninguém, com cheiros de temperos, bolos e pães assando.  Bancadas e mais bancadas de comida, chocolates, doces, salgados e bolos de chocolate.
Pegamos uma cesta e a enchemos de comidas, ouço vozes se aproximando. Corremos até a porta e a fechamos no segundo que os servos entram pela outra porta. Olho para Lyan e levamos a mão a boca para abafar as risadas.

- Essa foi quase - sussurro.

- Foi - diz - Agora vamos, antes que nos peguem aqui.

Seguimos até acharmos uma sala com um sacada com vista aos jardins da festa. Provavelmente deve ser uma ante- sala, de um tamanho razoável, bem detalhado e poltronas com uma mesinha no centro sob um carpete aveludado cor de creme.
Sentamos no carpete ao redor da mesinha, onde colocamos a cesta. Abro imediatamente e começo a tirar os doces, Lyan me ajuda. Solto um suspiro quando provo o bolo de chocolate.

- Acho que valeu a pena essa aventura - digo erguendo o olhar ao dele que está devorando morango com chocolate, já se lambuzando. Solto uma gargalhada.

- Que foi? - Lyan pergunta confuso.

- Seu rosto - tento dizer aos risos e aponto para a boca e o queixo lambuzado - Está sujo de chocolate.

- Ata - diz Lyan um pouco constrangido, me levando e vou ao banheiro atrás de um pano, logo volto e me aproximo dele.

- Deixa que eu limpo, você só se lambuzou mais - digo rindo.

Me aproximo de seu rosto, levo a mão com o pano até seu rosto e começo a limpar seu queixo, bochecha e ao redor dos lábios.
Quando termino, percebo a tensão da proximidade, nossos olham se encontram e ficamos um tempo assim, cada segundo nos aproximando até poucos centímetros de distância. Sinto sua respiração junto a minha.
Sem pensar eu o beijo com intensidade e desejo florescente. E sinto o mesmo vindo de Lyan. Num instante uma de suas mão vai a minha cintura me puxando para perto, com firmeza. O beijo se torna profundo e solto o pano, me aproximo até sem saber, estou montada em seu colo, com uma perna em cada lado de seu quadril.
  Suas mãos passam pelas minhas costas e cintura. Levo minha mão a trás de seu pescoço, roçando em seu cabelo castanho escuro. Sua língua encontra a minha e o desejo está explicito de ambos.

- Tem sorte de eu ser um cavalheiro, se não, você não sairia donzela - sussurra em meu ouvido, solto um gemido, quando mordisca minha orelha.

- Sorte - falo irônica e o beijo

Ficamos assim durante um tempo, depois voltamos a comer as iguarias.

 

 

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