Filhos do fogo - Selene

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Dias se passaram. Damen me convidou para cavalgar nas colinas, disse que queria conversar como nos velhos tempos. Claro que concordei. Afinal ele anda tão sumido, mal o vejo.
Meu cavalo é de uma pelagem avermelhada, com uma mancha branca na testa. O de Damen é de um preto profundo, parecido com seu cabelo. Passamos por bosques e árvores de vários tipos, até pararmos numa pequena cachoeira descendo para um lago de águas tão cristalinas que quase vejo o fundo.

- Nunca me canso de admirar esse lugar - falo quebrando o silêncio.

- É mesmo incrível - diz, percebo que sua voz soa distante. Me viro em sua direção assim que desço de cavalo.

- Está tudo bem, Damen? - ele desce do cavalo e vai em direção ao lago, continuo - Você andou sumido por todo esse tempo, aconteceu alguma coisa?

- Sabe, eu sempre soube que magia existisse na minha família, em mim - continua com a voz distante e se vira pra mim - O rei antigo de Adarlan apareceu, Selene.

Fico em choque, eu sei de quem ele fala. O primeiro rei, marido de Elena. Algo está errado, muito errado, e não sei oque é.

- Você deve achar que estou louco e... - não o deixo terminar e o corto.

- Não Damen, você não está, por que a rainha Elena também apareceu para mim - vejo que está surpreso e aliviado por eu acreditar - Disse para " não abrir o portão ", minha mãe falou com ela também.

- Hum, estão isso é mais sério do que pensei - o príncipe faz uma pausa - o rei disse algo parecido, e foi aí que isso aconteceu Selene.

Damen eleva a mão sobre o lago e o congela. A água vira gelo em segundos, fico de boca- aberta. Nós sempre soubemos que o único que tinha poderes era Drystan, não seu irmão. Olho em seus olhos cor de safira.

- Isso é incrível Damen - elogio empolgada, mas logo entendo que isso pode ser - é um sinal ruim, não é?.

- Provável - o príncipe se aproxima e percebo que o lago começa a descongelar - E é por isso que devemos investigar, logo - termina.

- Como? Minha mãe já me ordenou para ficar longe disso, pelo nosso bem - explico, mas o vejo com olhar irritado.

- Aelin não pode te comandar para sempre - acusa - Ela é sua mãe e rainha, mas não precisa fazer tudo oque manda.

O peso de suas palavras recai sobre mim, eu sei oque ele quer dizer. Sobre eu concordar em me casar sem nem pedir por isso. Mas é assim que as coisas são, e outra meu irmão está feliz com seu casamento, porque eu também não posso?

- Damen - começo - Você deve estar chateado por me ver assim, eu sei, mas - ele me corta.

- Não Selene, você não sabe, é esse o problema - Damen se aproxima mais me encarando com um pouco de raiva e determinação no olhar - Eu amo você Selene, sempre amei. E eu a vejo com ele, com seu noivo que você mal conhece, isso me irrita. Por você aceitar isso.

  - Eu... - tento dizer algo, porém fico totalmente imóvel.

Estou chocada com oque disse. Damen me ama, não do jeito afetivo por sermos amigos, mas sim romântico. E eu nunca se quer pensei nisso. Nosso beijo achei que não tivesse significado alguma coisa. Claro que fiquei mexida, porém diferente.

- Eu entendo que você não me veja dessa forma - afirma - Não estou pedindo que isso. Só quero que seja feliz e nós dois sabemos que você odeia ficar presa a alguém ou alguma coisa - e está certo, não sou essa pessoa que querem que eu seja - Você Selene é um espírito livre, e nunca será diferente.

- Nunca - repito baixinho, ergo o olhar determinada - Qual o seu plano? - pergunto sem rodeios. Ele abre um sorriso de canto.

- Vamos atrás desse portão, e logo - diz. Olho em volta avistando as árvores frutíferas.

- Vou me casar daqui a duas semanas, precisa ser antes - digo.

- Vamos amanhã - diz também olhando ao redor - Prepare oque vai levar e espero que esteja com seus treinamentos em dia - termina sorrindo.

- Aonde vamos exatamente? - pergunto e seu sorriso aumenta - Damen? Onde - fico esperando assustada.

- Morath - diz enfim, mas fico confusa o lugar está em quase ruínas, ao me ver continua - Eu sei, mas ao que ouvi de meu pai em uma reunião, abriram um caminho para onde era a tumba de Erawan, e todos que entraram ficaram muito estranhos - concluí - É para lá que vamos.

- Uau - digo impressionada - Então quer dizer que estão investigando a tumba dele, Aelin não me disse nada nem meu pai.

- Meus pais também não, está tudo no sigilo, rigorosamente. Não querem que ninguém mais saiba, só não sei o motivo - diz pensativo e começa a andar de um lado para o outro - Vamos ver nós mesmos e tentar entender todo essa história, oque você acha? - pergunta estendendo a mão.

- Dane- se toda essa merda - digo e aperto sua mão com uma promessa - Vamos incendiar quem quiser nos impedir - o olho com deboche - Ou congelar.

- Com certeza - afirma.

Então depois dessa longa conversa, voltamos ao palácio, e começo a arrumar tudo oque vou precisar. Eu cansei de ser a marionete dessa corte, a vida é minha.  Por mais que tenha começado a gostar de estar com Lyan, não gosto de estar fazendo algo contra minha vontade, não nesse grau. Eu sei que ele vai me entender, se si importa comigo vai.
E claro que não iremos estar fora por muito tempo, voltarei depois de resolver esse mistério que tanto escondem e antes do casamento. Damen disse que me ama, porém não posso dizer o mesmo, estaria mentindo. Não o amo dessa forma, quero que o príncipe seja muito feliz, com outra pessoa, ele merece.

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