HANNA • NARRANDO
— Não confio em você, Arley — sussurro.
— Continue andando e pare de beliscar meu braço, sua unha está grande — ele resmunga.
As pessoas olham curiosas para nós dois que vamos agora em direção ao concelho.
Passou-se uma semana desde o dia em vi e soube que Declan está vivo, pelejei, briguei com Arley para me levar novamente até ele, mas só diz que não tem permissão para fazer isso.
Hoje é o dia em que vai ser oficializado nosso noivado, na primeira vez em que estive presente diante dos membros do clã, estava acompanhada de Declan e sentir medo e vergonha, agora nesse momento sinto raiva por ter tanta gente me olhando, não me importaria de gritar e bater em Arley, infelizmente tenho que manter a aparência pois a vida da minha mãe está em jogo e agora a de Declan.
O lugar é amplo a céu aberto, estranhei não ser num salão reservado. Toda família Davila está presente, a única que não expressa felicidade é nica que me encara com ódio.
— Assim como a senhora Davila, vai aceitar também o filho que está no seu ventre?
Um dos integrantes pergunta para Arley. Davila? Não sou uma Dávila!
— Caso não aceite o filho, ela deverá fazer o aborto — um outro disse.
— Ele aceitando ou não, ninguém vai tirar meu filho — disse exaltada.
Os presentes encararam-me como se tivesse sete cabeças. Alaric veio para meu lado, tocou meus ombros.
— Efeito da gravidez, relevem — ele disse.
— Não tem efeito algum, estou falando a verdade — contradisse.
Arley apertou minha mão repreendendo-me.
— Senhora, se pronuncie somente se permitimos — disse o homem de estatura baixa.
Revirei os olhos. Arley deu sua resposta, claro que vai aceitar meu filho, Declan não está morto e em breve vai retornar. Mais umas perguntas são feitas, minha barriga começava a reclamar de fome, aquilo não parecia um noivado e sim uma causa judicial.
— O casamento acontecerá depois que ela der à luz — decidiram, sem perguntar nada. — Para assim engravidar novamente, queremos que isso aconteça de imediato.
Que velhos mais nojentos, após ditarem suas vontades, saíram, felizmente dando-me a liberdade de me alimentar.
— Fique perto de mim! — disse Arley.
— Quero distância de qualquer um aliado a Alaric — me afastei.
Mas ele me puxou para perto novamente.
— Porque está agindo desse jeito?
— Tenho motivos!
— Levei você até ele — se refere a Declan. — Arrisquei não só sua vida como a minha também. Não sou um traidor, Hanna!
Me solta e somente fica me encarando.
— Você queria que ele tivesse morrido?
— Não, Hanna!
— Porque somente agora vem responder minha pergunta? Estava treinando sua fala?
Ele olha de um lado para o outro, lentamente se aproxima de mim, puxando-me pela nuca. Quase o empurrei se não se explicasse.
— Os olheiros do seu pai estão nos observando, facilmente conseguem ler nossos lábios — sussurra, e me abraça. — Quis naquela noite que Declan morresse — ele suspira próximo ao meu ouvido. — Para que você vivesse, Hanna. Não atirei para matá-lo, mas teria se eles fizessem questão de comprovar que Declan estava morto mesmo. Depois do tiro que dei, todos foram embora . Pensei no momento em acertar na testa dele, mas recuei por você e pela possibilidade do plano dar certo.