Capítulo 6: Corte Prateada.

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Encaro o rei por alguns segundos, vendo ele me analisar por mais tempo do que eu achava necessário.

-Holly, Holly, Holly. -Repetiu meu nome como se a pronúncia o agradasse, enquanto batucava os dedos no trono. -A emissária, correto?

-Exatamente, majestade. -Confirmei de forma breve e ele abriu um sorriso com o canto dos lábios.

Meus dedos coçaram e eu tive que fechar as mãos em punho, ignorando a raiva que me atingia naquele momento.

-Seja muito bem vinda a Andalor. -Afirmou e então finalmente desviou os olhos de mim. -E esse senhores?

-Callum e Lorck, majestade. Nossos acompanhantes. -Freya esclareceu e Aaron deu um breve aceno com a cabeça.

-Pois bem, as suas coisas já foram levadas aos seus devidos quartos. -Aaron se levantou, alisando o casaco fino e Freya se aproximou de mim sorrateiramente. -Imagino que estejam com fome.

-A viagem foi longa, majestade. -Freya concordou e eu senti vontade de revirar os olhos.

-Certo, Alfie pode acompanhar os senhores aos seus aposentos. -Aaron desceu as escadas que davam para o trono e parou exatamente na nossa frente.

Não o encarei. Não quando minha vontade era matá-lo.

-As senhoritas estão convidadas a almoçarem comigo. -Completou.

-Será uma honra, majestade. -Freya abriu um sorriso e eu apenas engoli em seco.

Isso será um pesadelo. Dos piores possíveis.

-Me acompanhem por favor.

Seguimos Aaron pelos corredores do castelo. Meus olhos estavam nas paredes, vendo os vários quadros e pinturas presentes.

-Posso levá-las para conhecer as cortes mais tarde, se não estiverem cansadas, é claro. -Aaron propôs e Freya me encarou com as sobrancelhas erguidas. -Podemos tratar sobre os negócios, afinal é por isso que estão aqui.

Encarei ele pela primeira vez, vendo sua pose de realeza e a cabeça erguida em sinal de poder.

O seu tom levemente afiado não passou despercebido por mim.

-Na verdade isso seria ótimo. -Concordei. -Não tem porque nós demorarmos em tratar dos negócios.

Freya me lançou um olhar cauteloso.

-Excelente. -Aaron murmurou.

[...]

Girei a faca nos meus dedos. A lâmina parecia afiada o suficiente para matar alguém. Essa era a primeira coisa que eu notava quando pegava uma coisa assim. Sendo facas, adagas ou espadas. As vezes, uma lâmina não precisava estar afiada para matar alguém, você só precisava acerta-la no local certo.

Eu conhecia detalhadamente o corpo de qualquer criatura viva do meu mundo. Eu sabia aonde esfaquear uma pessoa para ela ter uma morte lenta ou muito rápida.

Anos e anos de prática me fizeram ser uma assassina perfeita. Eu estou tão acostumada com lâminas afiadas e sangue, que eles perecem fazer parte de mim.

-A comida está do seu gosto, Holly? -Ouvi a voz de Aaron na ponta da mesa.

Segurei a faca com força, segurando a raiva e o nojo que me atingiu.

-Está.... Perfeita. -Sibilei, ouvindo um suspiro pesado de Freya.

Eles não entendem. Nenhum humano superior entende. Eles não cresceram na lama e no lixo. Eles não viram seu povo ser escravizado enquanto você era carregado em uma carroça até um navio. Ninguém do reino Superior sabe como é morar no mundo inferior quando se é apenas uma criança.

Olhei para o meu prato e notei o meu erro. Eu não havia tocado na comida.

-Perdoe-me. -Falei, tentando concertar. -Estou um pouco ansiosa para conhecer as cortes.

Ergui os olhos cautelosamente até Aaron. Ele estava sentado na ponta da mesa, e eu, a duas cadeiras dele. Freya bem na minha frente, com seu olhar cauteloso.

-Se quiser podemos ir agora mesmo. -Aaron comentou, olhando fixamente para mim.

Percebi seus olhos se demorarem nas minhas roupas. Calças jeans escuro. Uma camisa preta e uma jaqueta velha de couro surrada. Nada chique e sofisticado para se estar na presença de um feérico do porte dele.

Mas eu havia tirado a capa. Um pouco a contragosto, para ser clara. Freya praticamente me obrigou a isso quando chegamos na sala de jantares.

Freya claro, estava sempre vestida como uma verdadeira princesa. Pronta para dar o bote em Aaron e o conquistar. Mas por algum motivo irritante, seus olhos estavam em mim.

-Seria perfeito, majestade. -Afirmei e ele se levantou.

Observei ele passar a mão nos cabelos negros e coçar a orelha pontuda em um ato que eu não sabia identificar o que significava.

-Me acompanhem. -Pediu e eu e Freya nos levantamos.

Seguimos Aaron até a saída do castelo. Por algum motivo, aquele castelo era silêncio demais. Não havia visto ninguém da família dele, ou qualquer amigo íntimo.

Callum e Lorck estavam esperando ao lado de uma carruagem. Haviam duas, uma claramente era para Aaron e outra para nós quatro.

-Alteza? -Ele olhou para Freya e estendeu a mão, em um convite silêncio para que ela fosse com ele.

-Grata, majestade. -Freya abriu seu sorriso encantador e subiu na carruagem.

Aaron olhou uma última vez para mim e subiu na mesma. Engoli o nó que havia se formado na minha garganta e subi na carruagem.

Aaron não sabe o que o espera no futuro.

[...]

Cada corte de Andalor tinha seu ponto alto. Cada uma era diferente da outra.
Nossa primeira parada seria na Corte Prateada. A corte dos Feéricos mais ricos de toda Andalor.

A carruagem parou quando chegamos aos grandes muros de pedra que davam início a Corte Prateada. Desci dela e encarei os grandes portões de ferro sendo abertos, dando a visão do local que exigia lá dentro.

Ela ficava sobre o mar, assim como o castelo de Andalor. Mas suas casas eram feitas de madeira antiga, erguidas sobre torres de pedra. Suas ruas eram decks de madeira perfeitos. E sua maior especialidade, além de serem grandes babacas metidos, era a pesca. Eles eram excelentes nisso.

Olhei para a outra carruagem vendo Aaron ajudar Freya a descer, como se ele fosse o mais educado dos feéricos

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Olhei para a outra carruagem vendo Aaron ajudar Freya a descer, como se ele fosse o mais educado dos feéricos.

-Prontas, senhoritas? -Aaron olhou diretamente para mim.

-Prontíssimas, majestade. -Freya concordou.

Aaron passou por nós e deu um sinal para os feéricos que estavam de guarda sobre os muros.

Então, nós entramos pelos portões, em direção ao inferno...





Continua...

Reino de Fogo e Caos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora