Capítulo 9: Corte Alada e Solstícial.

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Fico observando meus pés se moverem pela rua de pedra da Corte Alada. Nada mais do que uma cidade no meio de uma floresta de cogumelos gigantes e estranhos. As casas são pequenas e feitas de pedras. Tudo aqui é claro e cintilante demais para mim. Nada que me surpreenda.

Os moradores da Corte Alada são conhecidos por sua magia direcionada a luz, muitos são conhecidos por controlarem as mesmas. São fadas da luz, portadores da magia mais pura que existe. E apesar de muitos acharem fadas legais e fofas. Aqui, elas não eram nem um pouco legais, gentis ou amáveis.

As fadas passam por nós, nos encarando e nos analisando ridiculamente

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As fadas passam por nós, nos encarando e nos analisando ridiculamente. Como os feéricos, eles não gostam de humanos e não acham vantajoso nossa visita à corte deles. Suas roupas são chiques e de tecidos finos, e muitos deles escondem suas pequenas asas atrás dos casacos bem alinhados.

-Isso não acaba nunca. -Resmunguei, quando uma fada bateu em mim de propósito e continuou andando como se eu não fosse nada.

-Ainda falta uma corte a se visitar. -Freya lembrou. -Ainda estou surpresa que tenha deixado Aaron sair vivo daquela carruagem.

-Não foi por falta de vontade. -Deixei claro. Freya mal sabia a verdade. Aaron estava jogando com a gente.

Olhei para ele, vendo ele conversar com uma fada que passava. Era um homem de cabelos ruivos e nariz empinado. E pela pose, era uma das fadas que possuía asa. Essa era uma das coisas vinda diretamente do poder da realeza. Apenas fadas de sangue puro e membros da realeza possuíam asas.

Existem várias fadas diferentes pelos mundos, mas a maioria aqui eram fadas da luz. Seres considerados puros. Enquanto o restante pareciam com um humano normal. Mas jamais gostavam de ser comparados a nós.

Aaron dispensou a fada e seus olhos pararam em mim. Ele sorriu e piscou como se tivéssemos um segredo agradável. Cerrei os punhos e revirei os olhos, voltando a atenção para aquela corte estranha e cheia de criaturas maldosas.

-Não sei porque perder tempo aqui. -Resmunguei. -As fadas são as responsáveis pelas plantações e pelos animais. Temos isso de sobra. -Freya me encarou com a cabeça curvada.

-Não podemos negar que as fêmeas são bem bonitas. -Callum comentou e eu encarei ele e Lorck.

-Fala isso pra uma delas. Vou adorar ver a surra que você vai levar das fadas. -Comentei ironicamente e ele deu de ombros.

-Seria interessante tentar. -Lorck concordou com um sorriso travesso.

Freya revirou os olhos e resmungou um "Patético", antes de voltar a andar. Suspirei e olhei para o céu vendo que já estava anoitecendo e estávamos muito perto de voltar para o castelo e muito perto daquele maldito jantar.

[...]

Corte Solstícial. A corte dos elfos metidos e carrancudos. Elas usam vestidos longos de pouco tecido, que praticamente não cobrem nada. E os machos, casacos muito bem desenhados e costurados com os melhores tecidos de Andalor. Essa era a especialidade deles. Tecidos e mais tecidos.

A corte ficava no meio de uma floresta de folhas tom caramelo. Haviam construções altas de pedra e muitas torres e pontes de concreto passando por cima de rios.

Observei a praça em que estávamos, vendo que ela terminava em um imenso penhasco

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Observei a praça em que estávamos, vendo que ela terminava em um imenso penhasco. Os elfos passavam por nós como se fôssemos invisíveis. Parando apenas para fazer uma reverência a Aaron.

Revirei os olhos vendo as elfas que passavam se mostrando para ele, como se tivessem em um desfile particular. Freya estava mais ocupada observando os vestidos finos que elas usavam.

-Talvez se usar algo assim ele olhe para você. -Lorck tocou o ombro de Freya e acenou com a cabeça em direção a Aaron.

-Eu não preciso ficar quase nua pra alguém olhar para mim. -Ela rebateu, quase ofendida e Lorck soltou uma risada.

-Eu não disse isso. Mas sabe, ajuda. -Ele deu de ombros e Freya revirou os olhos.

-Guarde sua opinião para você. Ou apenas quando for extremamente necessário. -Freya virou as costas e saiu andando de cabeça erguida.

Encarei o horizonte depois do penhasco. Andei em direção a ele e deixei todos para trás, mesmo escutamos a voz de Freya me chamando eu continuei. Parei apenas quando cheguei ao parapeito e me segurei a ele, vendo a floresta abaixo de nós e bem no horizonte noturno, a luz de fogueiras e tochas.

Pisquei várias vezes tentando ter certeza que estava vendo certo. Lá era nada menos que as terras humanas. As minhas terras. Sem luz. Sem mordomias. Sem comodidades. Fome era tudo que restava para eles.

-Holly, o que você está olhando? -Freya chegou ao meu lado e olhou na mesma direção que eu. -O que são aquelas luzes?

-Fogueiras. Tochas... -Respirei fundo, como se pudesse ver através da escuridão. Ver o que restou de todo aquele lugar. -São as terras humanas.

Freya ficou em silêncio. Olhei para ela quando senti sua mão tocar a minha. Abri um sorriso fraco e voltei minha atenção para o horizonte. Eu voltaria para lá em breve. E iria procurar pela coisas que fui obrigada a deixar para trás.

-Vamos, senhoritas? -Ouvi a voz suave de Aaron atrás de mim e revirei os olhos. -A vista aí é mais bonita ao amanhecer. Quem sabe outro dia eu não as traga aqui para presenciar o nascer do sol...

-Nem morta. -Eu resmunguei e escutei a risada de Freya.

Voltamos para onde eles estavam e encarei o largo sorriso que Aaron tinha no rosto. Eu sabia o que vinha agora. O maldito jantar que eu teria que ir e aguentá-lo sozinho.

Alguém iria morrer. Se não fosse ele, seria eu. Mas tenho certeza que vamos passar longe de um jantar agradável.

Aaron que me aguarde.

Continua...

Reino de Fogo e Caos / Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora