A irmã que você deixou para trás

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Otávio fechou a porta da sala atrás de si e sorriu ao ver sua mãe sentada no centro da sala com Ana Clara atrás dela passando cuidadosamente a chapinha quente por uma mecha fina de cabelo escuro. Era engraçado como os braços dela pareciam curtos demais para manusear um cumprimento tão longo de cabelo. A fumaça subia do cabelo alisado, Clara encarava seu trabalho com seriedade, não percebeu o advogado no mesmo ambiente bisbilhotando a barriguinha minúscula dela muito bem disfarçada na blusa soltinha.

Uma das primeiras mensagens que Ana Clara e Otávio trocaram foi sobre ela estar fazendo cabelo à domicílio já que ninguém empregaria uma grávida, comentou com sua mãe e não é que ela contratou os serviços de Ana para ir a um noivado!

– Hummm... Alguém está ficando bonita! – murmurou chamando a atenção das moças.

Ana Clara deu uma última passada de chapinha na mecha e sorriu ao ver como Otávio ficava bonito vestido de advogado. Já tinha desfeito boa parte do terno, o paletó e a gravata estavam em sua mão, a camisa branca estava arregaçada até os cotovelos revelando algumas tatuagens pelos braços, os primeiros botões do peito estavam abertos. A camisa social ficava bem em seus ombros largos, o cinto marcava as curvas em seus quadris, ele tinha puxado o corpo bonito da mãe.

– Esse lado ainda é de bruxa – apontou para a parte que Ana Clara ainda não tinha selado com chapinha.

Sua mãe lhe deu um tapa na mã quando ele se aproximou para beijar seu rosto, deu uma risada e pegou Ana Clara de surpresa ao dar um beijo em seu rosto também, ela sorriu sem graça e voltou a se concentrar no cabelo da dona Amália cheia de timidez.

– O que estão aprontando? – perguntou deixando sua bolsa sobre a mesa de centro junto com o paletó e a gravata.

– Vamos fazer um lindo penteado e uma maquiagem para a dona Amália arrumar um namorado hoje – contou Ana Clara.

– Será, mãe? – Otávio indagou.

– Com certeza, meu filho. Eu me recuso a voltar solteira para casa!

– E como está meu afilhado ou afilhada?

Ele se sentou no sofá atrás das garotas, não pôde deixar de olhar a super curva acentuada que o corpo de Ana Clara tinha de costas. É claro que sabia que a namorada de seu amigo é muito bonita, a conhece há tempos, mas nunca tinha estado tão perto. Clara é uma menina pequena, uma moça com cara de criança e corpo de mulherão, ela fazia o tipo de todas as meninas com quem Tales ficava: Branquinha, cabelo liso, olhos claros, completamente dentro do padrão de beleza. Contudo, de todas as namoradas do Taleco, Ana foi a mais bonita. Lembra-se de ter comentado isso com o amigo lá no início do namoro deles.

– Os enjôos cessaram de vez, eu nem vomito mais, faz uma semana que estou conseguindo comer direito.

As meninas levaram muito tempo naquela produção, deu tempo de tomar banho, fazer um lanche, checar uns e-mails e Ana Clara mal tinha acabado de fazer o penteado.

– Está trabalhando bastante? – perguntou presenteando o ambiente com o cheiro da sua loção pós-barba.

Ana Clara olhou para o lado curiosa com o cheiro refrescante de banho tomado que Otávio trazia. Ele já estava vestido em roupas mais informais, o par de óculos continuava em seu rosto, não tirava em momento algum, deveria ter muita dificuldade para enxergar; os cabelos escuros pareciam terem sido lavados e caíam sobre a sua testa de um jeito gracioso.

– Não... Fiz dois cabelos essa semana – respondeu abrindo sua maleta de maquiagens.

– Eu vou te indicar para as minhas amigas, Aninha – garantiu dona Amália.

O que você deixou para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora