Jade
Medo nunca fora um problema para mim.
A filha mais nova, a mais valente, a mais rebelde, é o que eles dizem.
Falar de mim é muito fácil, difícil mesmo é ser eu.
Então faço questão de calar a boca de todos, seja verbalmente e de forma burocrática, na educação. Mas... Às vezes opto mais por uma boa troca de socos.
O que uma "dama" não deve fazer, segundo Nestha, minha irmã mais velha.
Mas... tudo muda, quando aquela besta horrenda invade nossa cabana.
A porta é brutalmente arrombada, eu que estava fazendo meus desenhos no caderno velho com carvão, arregalo meus olhos de imediato.
Eu encaro, a grande besta com chifres, de movimentos felinos e olhos de cor verde esmeralda.
Que se assemelham aos meus que agora disparavam para todos os lados, em busca de algo para o expulsar de dentro da nossa casa.
Nestha protege Elain, às vezes acho que ela se importa mais com a pureza e a inocência de Elain do que comigo e Feyre, Feyre, a qual encarava a besta agora.
— Assassina! -era o que ele rugia.
Me poupe, se poupe, nos poupe.
Eu me esgueirei até o quarto, devagar, não deixando ele perceber ou farejar o medo, mas a coragem era maior, a adrenalina correndo nas veias.
Eu corri para o quarto, puxando de debaixo da cama uma velha espada, a qual eu havia barganhado na feira para comprar de um velho guerreiro ex combatente.
Eu corri para fora.
— Se afaste dela! -disparei para a fera diante de Feyre.
Ele se virou em minha direção, e no mesmo momento eu cortei o ar, mesmo sem prática alguma, consegui fazer um corte aceitávelmente grande, próximo a coxa da besta.
Ele rugiu, levando a pata até o corte na perna esquerda da frente.
— Criatura ardilosa. -ele ciciou.
Eu apontei a espada para ele, o meu coração trovejando, Feyre estava de olhos arregalados, me encarando e encarando a besta.
— Você não vai levar a minha irmã! -disparei, ficando na frente de Feyre.
— Jade, não. -murmurou Feyre.
— Garota insolente. -ele rosnou.
— Eu não me curvo a um ser de chifres, a nenhum se pensar desafiar. -o encarei firme.
Ele rosnou e Feyre abaixou minha espada, ficando em minha frente.
— Não, eu... Eu vou. -ela disse.
— Como é? -praticamente gritei.
— Jade, por favor. -Feyre sussurrou.
— Isso não tem cabimento! Se o lobo que matou é o motivo disso, o errado é ele, o lobo atravessou a muralha, e até onde sei, isso é proíbido. -encarei a besta.
A mesma piscou, como se eu tivesse acertado um ponto no escuro.
Ah, eu te peguei, não foi?
— Mas humanos não devem derramar nosso sangue. -ele rosnou.
— Nem vocês o nosso, ou nos sequestrar, então, pode ir circulando para fora. -o encarei fria.
— Sua irmã, deve pagar com a própria vida aquela que ela tirou. -ele disse.
— A perda de uma vida não se resolve tirando outra. -rebati.
Nestha segurava Elain atrás de si firmemente, com aquele bracelete de ferro, como se aquilo fosse servir de alguma coisa contra esta besta.
— Você escolhe, ou vem comigo, ou eu mato a todos nesta cabana, começando por esse ser de língua afiada. -ele disse.
Me preparei para lhe mostrar quem era o ser de língua afiada, e como ela poderia cortar a cabeça dele quando Feyre me empurrou para encontro de nosso pai.
— Eu vou.
Eu abri a boca.
— Não discuta, jade. -ela murmurou em minha direção.
Mata, é só matar, por que ela não deixa eu matar ele? Será que ela sabe que eu sei matar?
Feyre deu as instruções a Nestha de como cuidar da carne, eu revirei os olhos.
Se depender de Nestha, estamos mortos, menos ela e Elain.
Eu encarei a besta e apontei a espada para ela.
— Eu ainda mato você, escuta só o que estou te falando. —ciciei— farei pior do que minha irmã fez com o lobo quando minha lâmina cantar em sua garganta.
— Duvido que consiga, humana tola. -ele disse se virando, saindo.
Eu sorri, uma lágrima de ódio caindo.
— Nunca duvide de ninguém, quando estiver a sete Palm embaixo da terra, não reclame aos mortos de que eu não avisei.
Feyre se virou, nos encarando.
Ela apenas olhou para todos, ela não sabia se despedir.
Eu caminhei até o canto da sala.
— Jade..
— Não. -falei, deixando as lágrimas caírem.
Ela veio até mim, e me abraçou.
— Eu te amo, tá? -sussurrou.
— Também te amo.
Ela beijou meu rosto.
— Cuide deles. -sussurrou, deixando uma lágrima cair.
Ela saiu, eu encarei a porta que ela passou, eu larguei a espada e corri para fora, ouvindo Elain gritar por mim.
— Feyre!
Ela se virou, com os olhos vermelhos de lágrimas.
Eu me joguei na mesma, a abraçando fortemente.
— Eu vou tirar você de lá, eu prometo. -murmurei chorosa, a apertando.
— Sempre a mais corajosa de nós quatro. -ela disse.
Ela acariciou meus cabelos.
— Vamos. -a besta grunhiu.
Eu o encarei, nunca senti tanto ódio na minha vida.
— Odeio você. -falei, com tanta raiva que quase saiu como um rosnado.
— Seu ódio não me importa. -ele disse frio.
— Vamos ver. -ciciei baixo.
Eu soltei Feyre, a qual seguiu a besta de cabeça baixa.
Os dias daquela fera estavam contados.
Eu solucei, levando a mão a boca, encarando minha irmã e aquele ser horrendo sumirem na nevasca.
Eu balancei a cabeça, ele me pagaria caro, caro.
Eu caminhei devagar até a cabana, entrando na mesma.
Ninguém parecia estar desesperado por Feyre ter sido levado além de mim.
Elain chorava apenas pelo o susto, nada além dele, e Nestha, nada disse.
Eu balancei a cabeça, família hipócrita.
Mas eu sabia, pressentia, aquilo não acabaria ali.
Não mesmo.
*Até o próximo capítulo ☄️ deixem seu comentário e seu voto pfvr ☄️*.
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Corte De Névoa E Vidro
FantasyJade Archeron, a mais nova dentre as três irmãs Archeron, a sonhadora cheia de vida e alegria, tem sua vida mudada completamente quando sua irmã é levada por uma besta horrenda feérica, sendo praticamente "rejeitada" pelas irmãs ela se vê em busca d...