Capítulo 40

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Jade

Eu pisco algumas vezes, encarando aqueles dois pequenos seres diante de mim e aqueles dois machos.

— Não os conheço. -digo.

Mas as crianças... Uma sensação forte de amor e proteção emanou em meu peito quando as encarei.

Eu encaro Aron.

— Irmão, o que tinha para ser resolvido foi resolvido, a ameaça está eliminada permanentemente. -falo.

— Que bom que está de volta, que voltamos. -ele suspira.

Eu assenti.

— Mas por que você não lembra dos seus filhos? -ele questiona.

— Filhos!? -arregalo os olhos, encarando as duas crianças.

— Sim, estes são Nyx e Selene, seus filhos. -ele diz.

Eu fito as crianças por segundos longos.

— Não recordo. -sacudo a cabeça.

— Nem dos seus parceiros? -ele aponta para os machos.

Eu fito os mesmos e faço careta.

— Eu deveria lembrar? -pergunto.

— Sim! -ele assente.

— Não me lembro. -falo.

Eu me movo, fazendo assim as crianças me largarem e me encararem confusas.

— Ela está brava com a gente? Tio Aron. -pergunta a garotinha, Selene.

— Não, meu anjo, sua mãe só não está muito bem, ela precisa descansar. -ele disse.

Eu o encaro, descansar para quê?

Me sinto perfeitamente bem.

— Tem algum relatório da corte dos pesadelos que preciso ver? -pergunto, caminhando até o escritório.

— Por que ela não lembra de nós? -questiona o macho de olhos violetas.

— A deusa da lua sempre cobra por suas bênçãos, de um jeito bom ou ruim, talvez o preço que Jade teve de pagar sem saber a ela tenha sido a sua memória. -disse meu irmão.

Ouço engasgos.

— Então ela não lembrará de nada!?? -exclama o macho envolto de sombras.

Um suspiro.

— Talvez sim, com toda a certeza. -ele suspira.

— Pela mãe, isso é muito sério, Aron.

— Eu sei, mas se a memória da Jade não vai voltar deva ser porque a deusa da lua achou as memórias muito turbulentas e traumáticas e resolveu pegá-las para si, talvez vocês possam fazer a única coisa a respeito disso. -disse Aron.

— Que seria?

— Construir novas memórias com ela, memórias boas, façam memórias boas e felizes com a minha irmã.

— Mas as cri...

— Crianças, podem ir brincar com o Stiles lá fora?

— Tá bom, tio Aron.

Ouço passos correndo, até não ouvir mais nada.

— Por que a deusa achou as memórias da Jade traumáticas??

Silêncio..

— Ela matou sem querer a melhor amiga dela, ela transou com Rhysand enquanto estava sonâmbula, ela teve que lidar com dois laços de parceira e a rejeição das irmãs. -meu irmão começa a contar nos dedos.

— Mas as crianças..

— Ela não queria ter as crianças e foi obrigada a ter, mesmo que tenha aceitado e as amado, ainda assim foi um trauma que ela passou ao ser forçada a gerar e dar a luz. -ele sussurra muito baixo.

Silêncio.

— Tem razão.

— E o que faremos?

— Construam memórias boas com ela. -disse Aron.

— Começar do zero? -questiona o envolto de sombras.

— O quão bons são em cortejar? Cortejem a minha irmã e criem novas memórias com ela, vocês e as crianças, façam a Jade ter memórias boas. -ele disse.

Eu me sentei diante da mesa de escritório e fitei um ponto da parede, sentia que algo faltava em mim, talvez raiva, caos, mas eu não sentia aquilo.

Aquelas crianças são meus filhos e aqueles machos são os meus parceiros?

O que raios significa ser parceiro? Por que diabos eu não lembro deles?

Eu bato o punho na mesa, frustrada, ouço risadas do lado de fora e me ergo, afasto a cortina da janela e posso ver as duas crianças brincando no jardim com um grande lobo, reconheci, Stiles.

Os observo pelo o que pareceram minutos longos, filhos.

Eu sacudi a cabeça para isso que não tem o menor fundamento, se as crianças não parecessem tanto comigo eu poderia negar até a morte os laços de sangue, mas elas se parecem até demais.

Baguncei meus cabelos e me viro, me deparando com dois pares de íris avelã brilhantes e violetas cheias de estrelas.

— Olá, Jade, querida, sou Rhysand. -o de olhos violetas dizem.

— Sou Azriel, marrenta. -O envolto de sombras se curva levemente.

Eu pisco algumas vezes.

— Pode não lembrar de nós. -diz Rhysand.

— Mas vamos começar do zero, tudo. -diz Azriel.

Eu cruzo os braços.

— Vamos começar? A parceria é uma espécie de laço mágico entre almas gêmeas....

Eu ouço a explicação e devagar eu observo cada um, por mais que tentasse não me lembrava de nenhum e duvidava que algum dia chegasse a lembrar.

Mas quando fito ambos os olhos algo estala em meu peito e sinto um fio de estender para ambos os machos. Um fio azul cobalto que se misturava com o violeta.

Não sabia o que isso queria dizer mas algo em mim dizia que era certo, e que com eles eu poderia não recobrar a memória, mas sim construir uma nova, com eles e aqueles dois pequenos seres que estavam lá fora.

O que parecia estranho continuava a permanecer assim, estranho, mas ele poderia se tornar familiar com o recomeço.

Um recomeço para a alma liberta dos espinhos e rosas.

Um recomeço para o rosto bonito que deixou de ser fera.

A redenção e recomeço para a bela.

Eu encaro a escrivaninha, onde a última pétala da rosa tocou a mesa.

E banhada de sangue e guerra, a maldição havia chegado ao seu fim.

Fim

*Obrigada para quem acompanhou a jornada de patadas, fechos e lacres da nossa grã-senhora e rainha da porra toda, Jade Archeron 🛐 aqui encerramos a jornada da nossa personagem que com esse fim começará o seu recomeço sem pesos nas costas, obrigada por cada voto e comentário, e até a próxima história ☄️*.

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⏰ Última atualização: May 15, 2022 ⏰

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