Fragmentada (DISPONÍVEL POR TEMPO LIMITADO)

Cinquenta e seis

Melina Martins

Eu juro que não queria que Deon fosse embora e compreender isso me fez entender que sim, eu o quero perto todos os dias.

Minha amiga em breve vai casar e eu não posso ficar sozinha. Não falo por carência apenas, mas por estar grávida e em breve com um bebê no colo. Ser sozinha não é muito bom nessas situações.

Depois que ele foi embora, fiquei por um bom tempo olhando para onde ele seguiu. Como contém tanto amor aqui dentro por esse homem?

Assim que me fiz essa pergunta nosso filho acabou mexendo. É o meu bom dia favorito. Aliso um pouco meu ventre e depois entro na casa. Estava muito frio e escuro ainda.

Resolvo deitar um pouco para descansar, mas acabo adormecendo novamente.

Assim que desperto, vejo uma mensagem de Deon avisando que chegou e que está tudo bem. Meu coração fica mais aliviado.

Me arrumo e depois desço para comer alguma coisa. Já passava do café da manhã, mas mesmo assim eu iria comer coisas de café da manhã.

A nutricionista que me acompanha já me advertiu várias vezes que não é para pular o café da manhã, mas quem disse que eu obedeço sempre? É mais forte do que eu.

Encontro Cristine tomando suco e rindo que nem uma boba para o celular. Ela só me nota quando abraço seu corpo de forma repentina fazendo-a tomar um susto e quase cospir o líquido da boca.

– O que tanto você olha ai? – Bisbilhoto seu celular. – Coisas de casamento. Não sei como não adivinhei logo.

– Ah, deixa de ser chata, garota. – Ri. – Você está bem? Deon já foi e sei que você deve tá preocupada.

– Ele chegou bem. – Me sirvo de suco também. – Preciso que resolva tudo que sobrar. Vou ficar sem dinheiro.

– O aluguel desse mês já está pago. Você só precisa me dizer para onde vai. Sabe que não vou te deixar né? – Ela levanta e vem até mim. Sorrio fraco.

– Você vai precisar me deixar, Cris. Eu vou para a fazenda e sua vida é aqui, perto do seu noivo. – Coloco umas rosquinhas na boca e mastigo. – Não se preocupe comigo. Lá eu terei o Murilo e o Deon.

– Não entendo o porquê de você não ir morar logo com Deon.

– Tudo no tempo. Eu irei, mas não de cara. Agora me deixa comer que estou com muita fome.

Ficamos conversando um bom tempo enquanto eu comia. Eu sei que parece mais fácil correr para os braços de Deon e ir morar com ele logo, mas eu quero ir aos poucos. Eu quero sentir onde estou pisando e isso é um direito meu. Com calma eu vou resolvendo todas as minhas pendências.

A primeira agora é me ver livre desse dinheiro e ver Deon suspirar aliviado. Ele continuará bem financeiramente e sei que proverá tudo o que o filho dele precisar. Sem contar que irei receber um dinheiro por parte da minha mãe biológica. Não sei quanto será, mas eu invisto e depois abro meu sonhado restaurante.

Tudo pode tornar ao seu devido lugar. Eu só preciso tentar me ver livre de Jonas. Ele não pode viver me assombrando. Não para sempre. Sem dinheiro ele não terá mais nada para exigir de mim.

Cristine teve a ideia de irmos ao shopping aproveitar meus últimos dias de endinheirada. Só ela mesmo para me fazer rir. Enquanto eu me arrumava, recebi um email da minha obstetra relembrando exames que eu tinha deixado marcado para hoje. Dr0ga!

O passeio teria que ser modificado. Fomos ao shopping primeiro e depois ela me deixou na clínica. Preferi não ir de carro, pois Cristine disse que me buscaria. Fiquei mais tranquila.