Quarenta e quatro

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Melina Martins

Estou sentindo que a qualquer momento eu fraquejarei e me atirarei nos braços de Deon. Que grande merd@!

Por que fazer isso soa tão errado? Por que cogitar em me reaproximar dele parece tão indevido?

Nosso encontro no museu foi delicioso. Apesar de ter falado sobre uma questão chata, sobre Jonas, o momento entre nós foi muito gostoso.

Ouvi-lo falar sobre suas sugestões de nomes para nosso bebê deu-me uma sensação gostosa no peito. Parecia que eu tinha sido visitada pelo anjinho da felicidade por alguns instantes.

Eu, quando mais novinha, jamais me imaginei engravidando tão cedo. E quando isso acontecesse, meus planos continham o pai ao meu lado, me apoiando e prestando toda assistência para mim e a criança.

Eu não idealizei uma gravidez solitária. Por mais que milhares de mulheres passem por isso tranquilamente, é desejável ter o pai ao lado.

E é isso que sinto agora. A necessidade de tê-lo ao meu lado para sempre. Sei que é meu lado mãe falando alto, mas também tem o lado mulher. Eu sei que ele sabe que ainda o amo muito.

Apesar de ainda estar um caco, eu o amo. Amo muito. Mas não sei quando a mágoa aqui dentro vai sumir ou quando o perdoarei.

É tudo tão difícil quando você olha para dentro de si e nota que está em pedaços. É difícil discernir o que é o quê aqui nessa bagunça toda.

E não é culpa minha.

Na nossa despedida, ele me disse que gostaria de juntar os meus pedaços novamente. E isso me desarmou.

Eu quero ser reconstruída novamente. Não quero ficar fragmentada a minha vida inteira. Por que não se abrir a essa nova chance?

O mais difícil é convencer a minha mente disso. Passei meses me preparando para ser mãe solo, para ser tudo que meu bebê precisa...  E do nada ele reaparece bagunçando as coisas aqui dentro.

Acho que isso é o mais doloroso de toda relação. Você achar que chegou ao fim, começar a forçar um esquecimento e a pessoa voltar querendo você.

E nesse meio ter amor e um bebê.

Complicado, não?

Assim que estou voltando para casa, Cris me liga. Ela sempre fica em contato comigo quando preciso sair.

Aviso que estou perto de casa e ela me diz que vai me esperar. Cristine é a pessoa que mais torce para que eu e Deon voltemos a ser... O que mesmo?

Nós fomos de desconhecidos a casados em dias. Não deu tempo de passar por fase nenhuma que antecede o passo mais importante que se dá em um relacionamento.

Eu não sei a cor favorita dele, nem seu seriado favorito e nem tão pouco o que gosta de fazer nas horas vagas. Não sei nada.

Mas ele sabe bem sobre mim. Sabe muito, afinal. Investigou minha vida inteira.

É possível reiniciar já tendo um divórcio e um bebê nesse meio?

Tenho até vontade de sorrir quando penso nessa situação louca.

Assim que chego em casa, Cristine me encara com olhos marejados e um sorriso imenso nos lábios. Aproximo-me e ela mostra o dorso da mão exibindo um anel belíssimo decorando seu dedo anelar.

Solto um gritinho e puxo seu corpo para um abraço. Ela gargalha em meio a lágrimas.

– Não acredito que vai casar... – Sorrio vendo-a enxugar suas lágrimas. – Parabéns, amiga! Você merece ser feliz. Uma pena que agora é certo que vou perder você.

Fragmentada (DISPONÍVEL POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora