Cinquenta e nove

78 9 0
                                    

Deon Castilho

Tirei o restante da manhã para ir removendo minhas coisas da sala da presidência. Na verdade, enfiei tudo que pude no armário direcionado à mim. Logo elas voltariam ao seu lugar de origem. Em pouquíssimo tempo.

Apesar de cheio de coisas a serem resolvidas, o dia estava tranquilo. Não vi Fernando pelos corredores e isso já me poupa dores de cabeça.

Tábata me enviou uma mensagem pedindo para que eu fosse almoçar com ela e Edgar. Aceitei. Antes, devolvi o carro que estava alugado e peguei o meu.

Assim que cheguei na casa dela, a mesma me abraçou forte e beijou meu rosto. Alegou estar com saudades e de cara foi dizendo que eu já estava com cara de papai. Acabei rindo. Edgar entra na onda de Tábata e diz a mesma coisa.

– Parem com isso e me digam logo o que tem para o almoço. – Desconverso, pois já estava ficando sem graça.

– Você sabe que sua irmã agora insistiu que quer cozinhar como forma de terapia. – Ele aponta para Tábata de forma engraçada. – Espero que esteja pronto.

– Você hein? Nem pra me apoiar, Ed... – Ela o estapeia. – Está muito gostoso, Deon. Não cai na pilha desse traíra.

– Se eu tiver dor de barriga você me paga, Tabi. – Debocho. – Lembro de uma vez que você inventou de cozinhar e...

Começo a contar o desastre que um dia foi provar a comida de Tábata. Era horrível. Espero de coração que ela tenha aperfeiçoado sua maneira de cozir os alimentos.

Enquanto ela organizava a mesa e concluía o almoço, eu e Edgar ficamos conversando na sala. Ele começou a falar do seu desejo de casar com minha irmã.

– Estou pensando em pedi-la em casamento. O que você acha?

– Tem minha benção, se é isso que você quer saber. – Assinto. – Vocês dois evoluíram muito e merecem ser felizes. Você conhece Tábata muito bem, sabe o que está fazendo. E ela também.

– E você e Melina? Quero ter o prazer de desenhar o vestido de casamento dela. – Bebe um pouco do whisky que eu servi. – Quando vai trazê-la aqui?

– Ela não quer apressar as coisas demais e ela está certa. Iremos aos poucos. Sexta-feira irei pedi-la em namoro. O resto a gente vai vendo. Vou trazê-la aqui, não se preocupe. – Acabo sorrindo ao pensar nela. – Ela está lindíssima grávida. Vou ser pai de um menino, o Mattew.

– Vai se chamar Mattew? – Tabi aparece. – Eu quero o número dela, Deon. Preciso falar com ela. Você sabe que preciso. Faz parte da minha terapia e da minha vontade de deixar pra trás as coisas que não me acrescentam.

Relutei muito em ceder o número de Melina para minha irmã. Eu não devo saber nem metade de tudo de ruim que ela causou a mãe do meu filho.

Sei que deve ter ficado marcas dentro dela. Mas acabei cedendo. Ela me prometeu só ligar no final da tarde, quando eu for embora.

Almoçamos todos muito bem. A comida estava incrível e acabamos debochando muito de Edgar. Tábata estava feliz. Muito mesmo. Felicidade genuína.

Ela vai ficar muito feliz quando for pedida em casamento. Ela sempre quis casar. Sempre me dizia os detalhes de como queria sua festa, seu vestido... Era uma sonhadora.

Trilhou caminhos escuros por muito tempo, mas agora encontrou luz. Triste ter sido depois de um acontecimento tão marcante. Mas antes tarde do que nunca.

– Nunca imaginei que seria tia. – Comenta. – Pensava que você morreria solteirão.

– Que irmã positiva eu tenho. – Rio. – Também não tinha mais esperanças que realizaria meus sonhos. Nunca contei, mas sempre quis ser pai. Agora esse sonho está se tornando realidade.

Fragmentada (DISPONÍVEL POR TEMPO LIMITADO)Onde histórias criam vida. Descubra agora