Melina Martins
Ver Deon assim, de tão perto e principalmente estando grávida dele, faz com as malditas borboletas no estômago surjam novamente.
Por que eu não consigo odiá-lo com tudo que há em mim?
Seu cheiro, sua voz, seus traços, seus gestos... Tudo nele é tão familiar e bem-vindo. Sinto ódio por isso.
Sinto mais ódio ainda por ouvi-lo falar de mim com tanto amor e devoção. Por que só agora? Por que não declarar seu amor quando minha vida estava de ponta a cabeça e ele era um dos maiores causadores?
Deon poderia ter feito tudo diferente e escolheu fazer o queria naquele momento.
E o que ele queria era compatível com o que mais me machucaria. E ele ainda assim escolheu seguir.
– Você colocará seu sobrenome no bebê, Deon. – Suspiro sentando; cansada já. – Não vou fugir daqui. Te passarei meu número.
– Vou falar com meus advogados sobre a pensão. O certo seria eu estar te ajudando desde o primeiro mês. – Ele me estende o celular e eu pego para digitar meu número. – Não poderei ficar aqui por muito tempo. Você sabe que o Império D precisa de mim. Agora é o patrimônio do nosso filho. Quero cuidar ainda mais do que ele vai herdar.
– Não preciso do seu dinheiro, Deon, mas entendo que queira participar financeiramente da vida do bebê. Não proíbo. Caso queira mandar quantias, vou fazer uma conta para ele. Não mande nada exagerado, por favor. – Massageio a têmpora após ter devolvido o celular dele. – Estou começando a ter dor de cabeça, Deon. Poderia ir embora? Preciso descansar um pouco.
– Tudo bem. – Acompanho ele até o portão. – Ficarei por alguns dias na cidade. Ainda teremos outras conversas, Melina. Se cuida!
Ele assente e fica do lado de fora da casa. Ainda consigo ver quando ele pega o celular provavelmente pra pedir a sua amiga que busque-o.
Assim que estou sozinha, cedo a incontrolável vontade de chorar. Choro por justamente me dar conta de que amo esse homem mais agora do que quando me despedi dele. Como esse amor aumentou?
Meu celular começa a tocar e eu controlo o choro para não preocupar Cristine. Atendo no quinto toque.
– Oi, Cris. Já estou em casa.
– Tudo bem com você, Melina? Já estou sabendo do que houve e não foi por fontes gentis. – Ouço seu suspiro. – As páginas de fofoca dessa cidade minúscula já estão veiculando o encontro do ex-casal Castilho. E a existência do Baby D também está sendo comentada. Você quer sumir de novo? Por que se você...
– Nada disso. Nada de sumir. Você vivia me encorajando para procurar Deon e acabou que o destino já se encarregou de proporcionar esse encontro. – Começo a me despir para tomar uma ducha fria. – E eu jamais te arrastaria comigo se eu resolvesse sumir novamente. Você está recomeçando a sua vida de uma forma tão linda, Cris. Eu não estragaria com isso.
– Não sei quando ficamos tão melosas assim. – Ri e eu acompanho. – Chego bem mais tarde hoje. Descansa. Imagino quão emocionante foi esse dia. Quando chegar conversaremos melhor. Beijos.
Despeço-me e encerro a chamada. Coloco o celular na bancada do banheiro e ligo o chuveiro. A água fria presenteia o meu corpo com um alívio imediato das tensões do dia. Eu amo banho gelado.
Enquanto carinhosamente passo as mãos pelo meu corpo, resolvo parar um pouco na barriga. Meu filho já está enorme e eu ainda não o nomeei.
Será que eu deveria fazer isso junto do pai dele?
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Fragmentada (DISPONÍVEL POR TEMPO LIMITADO)
RomansaSem luxo ou qualquer dinheiro sobrando, Melina Martins leva uma vida simples, morando no campo e cuidando dos pais. Nunca teve maldade em seu coração ou ambição em nada que não fosse seu. Contentava-se com a realidade que vivia; tirando leite da vac...