🐹CAPÍTULO 5🐹

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JIMIN

— O QUÊ?!!!! — Praticamente grito naquela cafeteria ao receber a notícia de minha demissão.

— Desculpe Jimin, mas a cafeteria vai de mal a pior e já não temos mais o movimento de antes. — Meu chefe dizia cabisbaixo.

— O senhor disse que era só uma fase, que logo tudo voltaria ao normal. — Choraminguei, eu estava fodido.

— Foi o que pensei, mas apenas estava me enganando. Não queria aceitar que algo que tanto lutei para conquistar estava acabando. — Os olhos do meu chefe marejaram.

— Tudo bem, desculpa você deve estar arrasado e eu aqui preocupado comigo. — Digo triste.

— Relaxa Jimin, espero que tudo dê certo para você. — Ele fala na tentativa de me confortar.

Se estava difícil para mim eu imagino para ele, seu meio de vida estava falido e meus questionamentos não iriam fazê-lo recuperar a cafeteria, só me bastou aceitar esse fato. Foi difícil me despedir daquele lugar, apesar de tudo eu vivi bons momentos e um adeus é sempre um adeus, ele é difícil de se dar e na maioria das vezes você só dá o devido valor ao que tem quando está prestes a perder.

Lembrei das vezes em que reclamei da cafeteria, reclamei do meu chefe e do trabalho ali, mas hoje ao perceber que nunca mais pisaria naquele lugar, que não ouviria mais as reclamações dos funcionários e até mesmo os clientes abusados, eu senti tristeza e uma saudade antecipada, bem-feito Jimin, aprenda a agradecer mais e reclamar menos.

Bom, era o fim. Assim como era o meu fim, as férias haviam começado ontem, eu tinha um mês para arranjar alguma coisa e eu aproveitei que não acordaria cedo e pedi ao Namjoon para dançar todos os dias, queria juntar o máximo que podia para quando a faculdade voltasse.

Um semestre consistia em seis meses e apesar de já ter dinheiro suficiente para pagar pelos dois primeiros meses, eu precisava de mais quatro e agora sem o salário da cafeteria isso era impossível de acontecer. Para piorar a minha situação, Hoseok viajou para fora do país, Inglaterra mais precisamente e eu fiquei aqui sozinho e sem ter com quem reclamar, mas estava feliz por ele, ele falava dessa viagem desde o início do ano, quase me enfiou dentro da mala dele hoje pela manhã, na tentativa de me levar junto.

Cheguei em casa e me deitei fitando o teto, pensando no que eu ia fazer, mas nada me vinha à mente. Chequei meus e-mails novamente na esperança de ter recebido alguma resposta de algum lugar para o qual mandei currículo, mas nada. Suspirei alto jogando o celular de lado, levei as mãos ao meu rosto ao notar uma leve dor de cabeça se iniciar.

— Eu estou ferrado. — Resmunguei. — Reaja Park Jimin, você vai conseguir, foi apenas o emprego e você tem um mês ainda não tem como ficar pior.

Já ouviu aquele ditado que diz que, todo pobre quando está na merda sempre consegue chegar ao pré-sal da fossa? Não? Claro que não, porque eu acabei de inventar isso ao escutar barulhos vindo do lado de fora do meu apartamento, o que me fez sair para verificar o que era, e para a minha surpresa o local estava sendo invadido pela polícia.

Todos os moradores tiveram que evacuar e depois de um grande interrogatório aqueles que não sabiam de nada foram liberados, aparentemente ali no andar de cima funcionava um local de venda de drogas, onde o proprietário era o cabeça de tudo. Teríamos uma semana para desocupar o lugar e eu só conseguia lembrar de como o Hoseok pode estar certo a respeito de tudo que envolve a minha vida.

Pensei em mandar mensagem para ele, mas eu não atrapalharia a viagem do meu amigo o preocupando com problemas meus e que eu teria de saber lidar sozinho. Se ele estivesse aqui eu não exitaria, mas quero que ele aproveite e sei que o Hoseok largaria tudo só para voltar e me ajudar e isso ele poderia fazer quando voltasse.

Se bem que até lá eu moraria embaixo da ponte, mas, pelo menos, seria resgatado pelo meu amigo, então uns dias sendo mendigo não faria mal. Decido resolver os problemas por agora sozinho e caso não tivesse jeito eu pediria ajuda. Primeiro eu precisava achar um novo emprego e um novo lugar para morar, ainda tenho uma semana, então acho que consigo, só preciso fazer tudo com calma e paciência.

— PUTA QUE PARIU!!! Como assim esse dinheiro todo por um kitnet desse tamanho? — Eu estava à beira de um surto.

Fazia horas que eu estava procurando apartamentos para alugar na internet e eu não sei o que aconteceu no mundo, mas como que tudo estava tão caro de repente? Encontrei apartamentos menores que o meu e que custavam mais caros que este, eu precisaria vender meus órgãos para conseguir um lugar para morar.

Quando me dei conta já estava na hora de sair para a boate, corri desesperado, já não bastava a cafeteria, eu não podia perder aquele emprego também, não agora. Que ironia, o trabalho que menos gostava agora era o único que eu tinha para me sustentar e se um dia desejei sair dali, hoje eu não consigo imaginar perder mais esse, tudo bem Jimin deixa de reclamar.

Eu já estava atrasado, então resolvi pegar um uber e saí correndo para o único trabalho que me restou. Tentei desocupar a mente e não pensar nos problemas, ainda bem que o meu número de dança voltou para o horário de sempre, já que quando cheguei as apresentações já haviam começado.

— Está tudo bem Jimin? Você nunca chega atrasado? — Namjoon perguntou assim que eu entrei no camarim.

— Desculpe, eu estava procurando algum apartamento para mim e acabei perdendo a hora, mas eu juro que não vai mais acontecer. — Falei quase suplicando.

— Ah, relaxe, está bem? Sua apresentação não é agora, ainda tem tempo. — Ele falou e sorriu amigavelmente antes de sair, me fazendo suspirar aliviado.

Tudo bem eu reclamo demais, mas de todos os lugares em que trabalhei até hoje o Namjoon de longe é o melhor chefe que já tive, o que estraga tudo isso são os clientes assanhados. Se não fosse esse bando de homem casado, que se acham no direito de fazer o que quiser com a gente, só pelo simples fato de nos ver dançando no palco, a boate seria um trabalho maravilhoso.

Eu me preparei para entrar, os amigos do Namjoon estavam ali de novo, como sempre eles conversavam animados e eu podia jurar que eles eram melhores amigos. Ignorei o olhar dele para mim e fui até o meu ponto e comecei a dançar.

A primeira música começou assim que as luzes se apagaram, fechei meus olhos, me permiti sentir a música e comecei os movimentos ao som de Watch Me Burn. Sempre que dançava, eu esquecia onde estava e apenas dava o melhor de mim, era uma válvula de escape, dos problemas e também uma forma de esquecer que eu estava dançando em uma boate de stripper.

Assim que a música acabou, antes que a segunda música começasse, um barulho de cadeira se arrastando e o burburinho das pessoas me fez parar e abrir os olhos. A música parou e eu vi Namjoon correr em direção às mesas que tinham ali na frente. Arregalei os meus olhos ao constatar o que tinha acontecido, o moreno dos olhos grandes havia se levantado de seu lugar e desferiu um golpe certeiro no rosto do homem que em algumas vezes eu tive o desprazer de vê-lo se masturbar me assistindo dançar.

Era um misto de medo, nervosismo e uma pitada de felicidade em ver aquele senhor caído ao chão, os dois homens que estavam sentados à mesa com o moreno o seguraram, impedindo que ele continuasse a golpear o velho. Namjoon chegou rapidamente e ao ouvir o motivo que levou o seu amigo a fazer tal coisa, motivo esse que eu sei bem qual foi já que a calça do homem estava aberta, só não entendi o porquê da reação do amigo do meu chefe.

Logo os seguranças foram chamados e o velho nojento foi tirado dali e expulso da boate, Namjoon pediu que eu fosse para o camarim me recompor, e continuar a apresentação depois e ainda estático eu o obedeci, sendo seguido por ele. Acho que o dia de hoje resolveu me encher das mais variadas emoções.

Reservado || JIKOOK Onde histórias criam vida. Descubra agora